Quando se recorre pela primeira vez à urgência de um hospital, espera-se que o médico (que nós reverenciamos e a quem chamamos doutor) seja um elemento indiscutivelmente fundamental no atendimento ao paciente. Infelizmente, isso não acontece porque uma “doença” típica dos nossos hospitais e centros de saúde é o trabalho que, muitas vezes, é feito num corre-corre. Então, sentimos na “pele” que o relacionamento com o pessoal da Saúde nem sempre é o melhor e, inúmeras vezes, até chega a ser desumanizante. A verificação desta realidade passa pela linguagem vulgarmente utilizada, pela falta de tempo para ouvir e compreender o doente e, acima de tudo, pela frieza e indiferença perante situações que deveriam ser tratadas de um modo afectivo.
Não é o medico-técnico que importa, este tem de aliar-se, indissoluvelmente, ao homem médico. Para isso, deverá saber ouvir e falar, pois perante si está um ser humano que merece todo o respeito. Diagnosticar com responsabilidade, deve ser, também, uma exigência constante, para que o mau profissionalismo não possa causar males irreparáveis ou provocar situações que ponham em causa a integridade física de todo aquele que tem pleno direito à Saúde.
É na consideração pelos valores humanos que deve fundamentar-se toda a conduta médica. Dedicação ao seu doente, ultrapassando sempre atitudes formais ou técnicas, obviamente necessárias à qualidade de médico, deve ser, não uma excepção, mas um modelo a seguir por todos.
Parece haver falta de formação cívica e ética no seio da classe. A deontologia profissional exigida pela Ordem dos Médicos a todos os seus elementos tem sido praticamente desprezada e o resultado está à vista!...
São muitas as queixas daqueles que recorrem ao serviço público de Saúde. As notícias de negligência médica sucedem-se, mas em Portugal, para não variar, nunca são encontrados e responsabilizados os culpados!
O estado em que se encontra a nossa Saúde é deplorável. É necessário reflectir e encontrar medidas adequadas à sua dignificação. Todos sabemos que melhorando é que podemos erradicar “os males” da nossa Saúde.
Publicado no jornal o "Geresão" em 20 de Abril de 2006.
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