Na “nossa” “funciolândia”, verifica-se a existência da “principelândia”, da “gastolândia”, da “chefolândia”, da “porreilândia”, da “grosselândia” e da “promiscuilândia”…
Fim à “gastolândia” porque é tempo de limitarmos os poderes dos “príncipes” que nas diversas repartições e serviços contribuem, por má gestão e laxismo, para o despesismo desmesurado da nossa “máquina” do Estado. Os gastos excessivos aliados a alguma corrupção são um cancro que mina a “saúde” da nossa sociedade e que vai corroendo, cada vez mais, a confiança dos cidadãos nas instituições. Cabe a todos nós, especialmente aos que assumem posições de responsabilidade, combater este flagelo de forma determinada… Acabe-se com esta moléstia para que a “funciolândia” não “coma” metade daquilo que o país produz! Tal como as ervas daninhas, “mama-se” o dinheiro dos nossos impostos, que depois, certamente, não chegará para pagar reformas condignas! Como os impostos não são elásticos, resta-nos confiar no crescimento económico e na redução da despesa pública prometida por Sócrates. Esperemos para ver…
“Chefolândia” porque temos a mania dos chefes, dos subchefes, dos chefes dos chefes e de outros chefes que, às vezes, não têm ninguém para chefiar. Para chefiar não será preciso perfil?… Não. “Tu passas a chefe!” Faz-se uma chancela e empoleira-se mais um chefe! Pura mentalidade tribal! Não. É a meritocracia cíclica: “chegou a minha vez”. Resultado: o chefão não exige o respeito pelas hierarquias e, às vezes, a empregada de limpeza manda mais do que ele próprio!
“Porreilândia” quando meia dúzia de estarolas pedem uma carrinha e vão à Golegã a uma feira de cavalos. “Nós metemos o gasóleo!”… Graças à ferradura, de facto, não houve qualquer problema! Quantos quilómetros custou esta extravagância? Que observação mais patética!...
“Grosselândia” sempre que o utente, o munícipe, o cidadão ouve com desdém e arrogância: “Já lhe disse para vir noutro dia!... Não sabe ler?! Quem manda aqui dentro não é você, sou eu!... Não estou para o aturar”… Mas que deferência! Na “funciolândia” formação precisa-se!
“Promiscuilândia” quando nos computadores de algum serviço público estão pastas e ficheiros, por exemplo, duma Junta de Freguesia… Quando chegará o asseio aos computadores?
“Italianização” e “omnissacaria” por favores e jeitos duvidosos. Para quando atitudes severas e rigorosas. Operações “Sacas Limpas” precisam-se?...
Com uma máquina calculadora e com a ajuda da Matemática poderemos verificar a “gastolândia” que vai sendo apanágio de alguns dos “boys” desta "sociedade democrática". Os exemplos seriam muitos para ilustrar o esbanjamento de dinheiro: a luxuosa frota automóvel com os respectivos custos de manutenção, os telemóveis, as despesas de representação e por aí fora… Benesses e mais benesses… Para se conhecer a soma desta “gastolândia” seria necessário fazer-se uma adição com muitas parcelas. Resultado: uma soma astronómica!
Tal como Eça de Queiroz afirmou em “Uma Campanha Alegre “a certeza deste rebaixamento invadiu todas as consciências. Diz-se por toda a parte: o País está perdido. Ninguém se iluda. Diz-se nos Conselhos de Ministros e nas estalagens. E que se faz? Atesta-se, conversando e jogando o voltarete, que de norte a sul, no Estado, na economia, na moral, o País está desorganizado – e pede-se conhaque!Assim, todas as consciências certificam a podridão; mas todos os temperamentos se dão bem na podridão”.
Em que deferimos da época de Eça de Queiroz?
Hoje, para além dos quadros excedentários na “funciolândia”, só temos a mais, seguramente, o correio electrónico, a Internet e as ajudas da Europa.
Para resolver muitos dos problemas, principalmente, o espírito corporativista que teima em encobrir, por exemplo, o amontoar de serviço, devemos debater com frontalidade o que se tem de mudar na “funciolândia”, como se vai mudar e quem vai pagar a mudança, para que Portugal não seja corroído pela “gastolândia” exagerada e descontrolada em que foi caindo. Gastar continuamente não nos é mais possível!
É tempo de reformarmos o modelo profissional da “funciolândia” que tem muitos anos e que não serve os interesses do Estado. Para isso, queremos “mão pesada” para todos aqueles “funciolândios”que de profissionais não têm nada e que teimam na prestação de um mau serviço público.
Acredito que na Função Pública o reconhecimento do mérito comece a fazer parte integrante das diversas carreiras. Por um lado, promover-se-á a comunicação eficaz entre as hierarquias e, por outro lado, fomentar-se-á o desenvolvimento profissional dos recursos humanos. Hoje, em alguns sectores, já se vai exigindo, entre outras, o estrito cumprimento das regras da assiduidade e de pontualidade.
Entretanto, o “sapatinho” dos funcionários públicos vai ficando cada mais pequenino e, infelizmente, adivinham-se dias bem piores.
Publicado no jornal o "Geresão" em 20 de Janeiro de 2007.
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