Há muito que se constata que promessas eleitorais não são para cumprir mas para ganhar eleições. Há muito tempo que, infelizmente, “a música é a mesma” e os políticos fazem promessas, especialmente em vésperas de se ir a votos. Em Terras de Bouro, também não se foge à regra. A Autarquia anunciou a construção das piscinas municipais tendo para tal mandado colocar uma placa, na entrada da Vila, no mês de Setembro de 2005 e, no Boletim Municipal, logo na primeira página, foi dada a notícia da construção das piscinas municipais. Recordemos o título e o texto de então: “Câmara Municipal constrói piscinas: A Câmara Municipal acaba de adjudicar a obra para construção das Piscinas Municipais, pelo valor de 1.327.523,98 + IVA, à firma Arlindo Correia e Filhos, S.A. Este projecto contempla a construção de uma piscina aquecida, semi-olímpica e tanque de aprendizagem”.
Na placa colocada na entrada da Vila de Terras de Bouro, pode claramente ler-se “que a obra se realizará no espaço de 365 dias”. Volvidos mais de 500 dias e as piscinas municipais nem vê-las! Contudo a placa foi “plantada” a tempo do Zé Povinho, poder ler, acreditar e depois votar. Votou-se em consciência?!
Foi um acto responsável prometer-se a construção de uma obra que afinal não se construiu? “Afinal para que serve uma piscina aquecida, semi-olímpica e com tanque de aprendizagem?! Nós sempre passámos sem ela!” Esta pura argumentação já foi dirimida por alguns dos retrógrados desta nossa praça! Na Nossa Terra, pelo jeito, realizamo-nos quando contemplamos uma placa. Lerdos ou parvos? Não. Talvez pacientes e resignados: uma simples placa já nos satisfaz!
Na vida, a falta de palavra não traduzirá um comportamento deplorável? E aqueles que hoje dizem sim e amanhã afirmam “sopas” serão uns modelos a seguir? Será possível contemporizar com gente que, para fazer valer os seus interesses imediatos, tudo promete e, na primeira ocasião, se lhe der jeito, dá o dito por não dito, merecendo, por tal, o desprestigiante rótulo de, como se diz na Nossa Terra, de “era e não era”?!
Em Outubro de 2005, em plena campanha eleitoral, muitos terrabouresnses dogmáticos afirmavam: “Daqui a um ano teremos piscinas!” E já se faziam planos para combater o colesterol, imaginando-se gastar inúmeras calorias nas águas aquecidas do “tanque semi-olímpico”. Mas em lugar do tanque apenas vislumbramos uma desilusão: um enorme buraco! Pronto! Temos aquilo que merecemos: “uma cratera” e uma placa!
Todos sabemos que as grandes obras merecem grandes promessas e grandes placas! Não serão estas piscinas mais um projecto condenado a terminar, inevitavelmente, no triturador do cesto dos papéis?
Calígula na peça de Camus queria a lua no meio do seu quintal. Eu não quero a lua no meio do meu quintal, quero ter, tal como todos aqueles que vivem em todos os concelhos deste distrito, uma piscina na sede do concelho que me viu crescer e onde decidi viver.
É tempo de se retirar a placa e explicar aos terrabourenses por que razão as piscinas que nós todos ansiamos não passaram de mais um devaneio. Será que estarei a pedir muito!...
Publicado no jornal o "Geresão" em 20 de Março de 2007.
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