sábado, 2 de janeiro de 2010

Encerramento do Lar da Imaculada Conceição

O crescente envelhecimento da população no nosso concelho, aliado às transformações que a nossa sociedade sofreu nos últimos anos, fez com que houvesse a necessidade de criar, na Vila de Terras de Bouro, dois lares para idosos: o Lar da Cruz Vermelha e o Lar da Imaculada Conceição, tendo este último aberto portas há quase duas décadas. Esta infra-estrutura surgiu como uma resposta válida à necessidade de fazer a velhice a muitos dos nossos idosos e tem apresentando uma filosofia que assentou sempre na promoção do bem-estar nas suas diversas vertentes. Para além do apoio ao idoso pela prestação dos cuidados básicos, sempre se procurou, nesta instituição, combater a solidão favorecendo-se um bem-estar físico e psicológico a todos os nossos “velhinhos” que por ali foram passando os seus últimos dias.
Este lar, onde os idosos têm vivido com a máxima qualidade de vida, encerrará, fatidicamente, as suas portas em meados do corrente mês.
Pelo que a reportagem do jornal “o Geresão” apurou o encerramento parece ser irreversível e foi imposto pela Segurança Social que alegou falta de condições estruturais. Todavia, manter-se-á em funcionamento o apoio domiciliário ao idoso: serviço de higiene, comida, roupas, limpeza das casas e outros apoios.
O Lar da Imaculada Conceição, que chegou a contar com vinte idosos e com sete funcionárias, graças ao dinamismo do Senhor Padre Bento, sempre foi uma mais valia nesta nossa terra onde tudo parece estar condenado a morrer.
Alguns dos idosos já foram distribuídos por outros lares nos concelhos circunvizinhos e outros poderão ser encaminhados para famílias de acolhimento. Nos últimos dias a angústia instalou-se neste lar. Dramático e pavoroso é que muitos dos filhos destes idosos permitam que os seus pais terminem os últimos dias noutras paragens e noutras terras, privando-os do afecto, do carinho e da beleza reconfortante da nossa paisagem. Poderão viver em paz estes filhos!?
Entretanto o “Zé da Esterinha”, utente deste lar, também está de partida e contra sua vontade terá de viver numa terra desconhecida. Este “degredado”deixar-nos-á muitas saudades. Todos sentiremos amargamente a sua falta. O Zé não nos dará mais os bons dias! O Zé não distribuirá mais os jornais! O Zé não estará mais disponível para fazer recados!... O Zé não palmilhará mais as ruas da nossa vila!
O Zé que não é idoso será de todos os utentes deste lar aquele que mais sofrerá com este encerramento.
Publicado no jornal o "Geresão" em 20 de Junho de 2007.

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