Tendo o Jornal “O Geresão”, na edição de 20 de Abril de 2007, publicado um pretenso esclarecimento procedente do Gabinete da Presidência do Município de Terras de Bouro que não informa objectivamente os terrabourenses, venho, ao abrigo da Lei da Imprensa, junto de V. Exa., solicitar a publicação integral desta minha resposta:
1. Estou convicto, tal como Miguel de Cervantes, de que “a verdade alivia mais do que magoa” e estará sempre acima de qualquer falsidade como o azeite sobre a água.
2. “A placa não nos satisfaz” é um artigo de opinião que partiu da realidade verdadeira e objectiva para uma visão crítica sobre o assunto em questão. Por isso, no bom uso das minhas faculdades e da minha liberdade, eu prefiro incomodar com a verdade do que agradar com adulações.
3. “A placa não nos satisfaz”: título para ilustrar a promessa de uma obra que era para ser construída no prazo de 12 meses, mas não o foi. Provas documentais evidentes e irrefutáveis: a própria placa (exposta mais de 16 meses), o Boletim Municipal e toda “a propaganda”…
4. Facto inegável: na edição de 20 de Março de 2007, data da publicação do meu artigo, a placa ainda lá estava altaneira, junto à berma da estrada principal, na entrada da vila de Terras de Bouro, bem à vista de TODOS os terrabourenses e não só.
5. Pela cronologia dos factos prova-se que a placa foi afixada em Setembro de 2005 e que as eleições autárquicas se realizaram em Outubro, no mês seguinte. Poder-se-á negar a demagogia e a subtileza desta placa? Poder-se-á negar o seu aproveitamento político? O óbvio poderá alguma vez ser negado?!
6. Com a publicação do meu artigo, a placa desapareceu misteriosamente. Pura magia do Luís de Matos?! Tal como afirmavam os sapientes romanos, “contra factos não há argumentos”. Mais… Eu ouso afirmar que contra factos há princípios, contra factos há valores… Todos desejam ardentemente ter a verdade do seu lado e muito poucos optam por estar do lado dela.
7. “O Secretário de Estado sempre foi adiando os apoios, bem como a audiência solicitada, com o argumento de falta de verbas”. Uma promessa insustentável, a mesma crendice e os mesmos resultados: um enorme buraco e a desilusão!
8. Ter-se prometido aos terrabourenses uma piscina sem que os contratos-programa estivessem devidamente assegurados teria sido uma atitude prudente, ponderada e responsável?
9. Foram honradas as expectativas geradas nos eleitores terrabourenses? Houve respeito por este compromisso tão intensamente divulgado? Onde está a deferência pelos eleitores? À boca das urnas? Para que serve o Boletim Municipal? Por que razão não foram usados os mesmos “meios de propaganda” para explicar aos terrabourenses este manifesto fracasso?
10. “A piscina municipal será executada durante o actual mandato”. Congratulo-me com mais esta promessa que pelo jeito não está na dependência de contratos-programa, nem sujeita à falta de verbas e aos apoios do Senhor Secretário de Estado. Afinal, como não somos utópicos, sem estes apoios, teremos um grande tanque… semi-olímpico… bem “à nossa altura”! A promessa repetida mil vezes tornar-se-á real?!...
11. Facto absolutamente confirmado: o projecto previsto para as Gordairas que contemplava a construção de uma piscina aquecida, semi-olímpica com tanque de aprendizagem terminou no triturador do cesto dos papéis! Foi para reciclar?!
12. Nas ditaduras, bem pior do que a censura sempre foi a manipulação dos factos e do pensamento. Por isso, as piores ditaduras não foram exímias na censura, mas foram-no na manipulação porque uma meia verdade bem manipulada pode induzir o raciocínio do cidadão. Para um democrata, a manipulação é de uma violência inaceitável e, por isso, nunca se poderá rever nela.
13. Temos obrigação de pugnar por uma informação isenta e independente para que esta se constitua como um dos pilares mais valorosos da nossa democracia. Se tal não se verificar, o cidadão, e em particular o terrabourense, não estará em condições de avaliar e de acompanhar, conscientemente, a administração autárquica do nosso concelho.
14. Finalmente, termino citando Juan Luís Lorda: “A experiência da nossa fraqueza e o reconhecimento de que agimos mal, é algo que humilha. Quando à fraqueza se une o orgulho, o engano pode chegar a extremos patológicos: não se conforma com uma modesta justificação, mas incomoda-se com a verdade, com os que lhe dizem a verdade, ou com os que a vivem”.
Publicado no jornal o "Geresão" em 20 de Maio de 2007.
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