domingo, 3 de janeiro de 2010

Vileos Nature Resorts

Álvaro Almeida nasceu em Guimarães e estudou, em Lausanne, na Suíça, na melhor Universidade de Hotelaria do Mundo. Com apenas 27 anos, este jovem empresário ambiciona implantar um projecto turístico de grande envergadura no nosso concelho. A prová-lo estão os números: um investimento na ordem dos 25 a 30 milhões de euros e a criação de 55 empregos permanentes. Criar-se-ão, ainda, outros empregos porque muita gente da terra trabalhará directa ou indirectamente ligada a este empreendimento turístico. Neste “projecto de vida”, acompanham-no o jovem arquitecto Pedro Balancho e, também, o professor João Madeira, este último sobejamente conhecido de muitos de nós terrabourenses.
Com o projecto “Vileos Nature Resorts”, propõe a edificação de um hotel de cinco estrelas em S. João do Campo, próximo da barragem, na antiga pedreira. Este projecto que foi estudado por uma equipa da Universidade de Lausane, ao longo de um ano, já foi apresentado à Autarquia e ao Parque Nacional Peneda Gerês de quem se espera brevemente luz verde.
Trata-se de um projecto integrado, com potencialidades para se um importante pólo de desenvolvimento concelhio sustentável, com inestimáveis benefícios não apenas para as populações de S. João do Campo, mas para todo o concelho.
É um projecto turístico que pretende ser social, mas que preserve o equilíbrio com a natureza. Álvaro Almeida garante à reportagem de “O Geresão” de que com este hotel se procurou uma relação harmoniosa entre a arquitectura e a natureza. “A arquitectura é feita com os materiais da zona. Todo o projecto passa pelo seu enquadramento no local porque a nossa janela é a Serra Amarela.” Não tem impacte ambiental porque todo o hotel é alimentado por energias renováveis e todos os veículos serão eléctricos. “Faremos o tratamento das águas, dos resíduos e, também, a reciclagem.”
Álvaro Almeida quer apostar, também, na preservação e implementação da agricultura biológica. Por isso, o hotel terá uma quinta biológica e procurará auto-sustentar-se. “Produziremos os nossos próprios alimentos e promoveremos os produtos locais. No concelho de Terras de Bouro, temos, certamente, entre outros, o melhor mel e a melhor carne barrosã e o melhor cabrito. Por isso, colaboraremos com os produtores de chás, de mel e outros promovendo, também, os produtos naturais desta região. Gostávamos que este hotel fosse uma montra do Parque Nacional servindo, também, como um espaço de educação ambiental. Este projecto só faz sentido com o desenvolvimento da consciência ecológica e ambiental.” Sublinha Álvaro Almeida que S. João do Campo é um espaço único e, por isso, não pretende fazer um turismo semelhante ao do Gerês.
Este projecto também foi construído de modo a pensar num projecto comunitário. Por isso, propõe-se transpor a aldeia comunitária de Vilarinho para o hotel de cinco estrelas. “Pretende-se documentar, principalmente, a vida de Vilarinho da Furna, nas suas semelhanças e diferenças com a dos outros povos da região. Os nossos potenciais turistas querem visitar Vilarinho, aprender com a população a cultivar a terra, querem levar daqui uma aprendizagem. O nosso turista aprenderá com a recriação da vida comunitária de Vilarinho da Furna que queremos oferecer neste hotel.”
Tal como Miguel Torga “a beleza disto é preservar o que está!” Por isso, “teremos um turismo com uma paisagem excelente. Do nosso hotel não se verá uma única casa e a lagoa de Vilarinho manter-se-á sem barcos.”
Para este jovem empresário, que já tem parcerias com a Universidade de Aveiro e com a Universidade Nova de Lisboa, a Furna é um parceiro fundamental neste processo de valorização etnográfica. “Nós preservaremos o local e respeitaremos a forma como os de Vilarinho viviam, exemplarmente, em harmonia com a natureza.”
Tem consciência de que sozinho não conseguirá levar a bom porto este projecto. Sabe que a Autarquia quer qualidade, o Parque Nacional quer a preservação da natureza e a população local tem os seus direitos.
Quem visitar Terras de Bouro e, em particular a área do Campo do Gerês, virá conhecer parte da história de uma comunidade, virá ver a natureza e virá aprender a viver com ela. Por isso, “é necessário o envolvimento da população e de todas as instituições para o sucesso do nosso hotel. Juntos teremos todos a ganhar.”
Mas esta unidade hoteleira só será possível com a parceria da Autarquia, do Parque Nacional Peneda Gerês, da Junta de Freguesia e com outras entidades privadas, nomeadamente com o Parque de Campismo das Cerdeiras. Sem o apoio, principalmente do Parque, da Autarquia e da população local terá muitas dificuldades em implantar-se no concelho.
Álvaro Almeida garante que é possível fazer turismo todo o ano. Para tal, criará estratégias de organização. “Queremos, por exemplo, trazer empresas que venham fazer formação ao nosso espaço.”
Este jovem empresário tem consciência de que sem qualidade não conseguirá rivalizar com os Pirenéus, com as montanhas da Escócia e com outros destinos turísticos. “Se queremos vender um produto é porque ele tem riqueza e qualidade. Nós seremos, apenas, mediadores para que os turistas o possam usufruir”.
Já fez estudos de mercado e o turismo que querem oferecer está direccionado para o mercado nacional e, em particular, para o de Lisboa. A procura também virá do mercado nórdico.
Todos estão de acordo. Tanto Álvaro Almeida, como a Autarquia, como o Parque Nacional pretendem um turismo de qualidade, mas que não atente contra a natureza. Assim, o hotel que vier a ser implantado não poderá ferir a paisagem nem poderá causar impacto no ambiente.
Entretanto, há uma conjugação de esforços. A Câmara tem um espaço disponível e já decidiu concessioná-lo. Por isso, espero que o projecto “Vileos Nature Resorts” frutifique rapidamente e traga “o renascimento de uma nova comunidade”. Se assim for, virão, certamente, muitos turistas e muitos postos de trabalho para o nosso concelho.
Publicado no jornal o "Geresão" em 20 de Setembro de 2009.

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