A agricultura moderna ou de mercado tem por principais objectivos a produção em grandes quantidades e a venda dos produtos no mercado para a obtenção do máximo de lucro. As práticas agrícolas deste tipo de agricultura provocam, frequentemente, a poluição dos solos e das águas, gerando desequilíbrios ecológicos e, por vezes, chegam a pôr em causa a própria Saúde Pública.
Como reacção a este tipo de agricultura surgiu, recentemente, em muitos países desenvolvidos a agricultura biológica. Trata-se de uma agricultura ecológica que, embora apoiada na investigação científica, recusa a aplicação de técnicas industriais, bem como a utilização de produtos químicos. A fertilização dos solos é obtida pela rotação de culturas e pela utilização de adubos naturais. A prevenção das doenças e das pragas é conseguida por intermédio de outros seres vivos, tanto de origem animal como vegetal.
No concelho de Terras de Bouro, felizmente, a agricultura praticada nunca ameaçou a poluição dos solos e das nossas águas. A aposta na produção de produtos biológicos não surgiu por uma necessidade ecológica, mas, principalmente, como uma alternativa que permita encontrar novas fontes de rendimento potenciando a fixação da população no nosso concelho.
As “Jornadas e Feira-Mostra de Produtos Biológicos” dinamizadas, nos dias 19, 20 e 21 de Maio, pela Câmara Municipal de Terras de Bouro foram mais uma contribuição para divulgar o nome da nossa Terra e mostram, da parte do Executivo Camarário, algum inconformismo na luta sem fim contra o isolamento e o êxodo.
Mobilizar os nossos agricultores para que adiram à produção de produtos biológicos, exige a sua formação sólida e a sua organização numa cooperativa que os represente e garanta o escoamento dos produtos biológicos produzidos. Sem uma cooperativa que represente os interesses dos futuros produtores biológicos, dificilmente se conseguirá uma revolução que opere uma intervenção profunda na agricultura do nosso concelho.
Espero que a produção biológica, não seja mais uma forma de “esbanjarmos” dinheiros da União Europeia que, ao serem mal utilizados não criarão, obviamente, a riqueza e o desenvolvimento desejado.
Gostava de ter fé e acreditar que a agricultura biológica contribuirá para o desenvolvimento do nosso concelho, criando uma nova dinâmica que permita aos agricultores uma nova possibilidade de obtenção de rendimentos realmente dignos.
Publicado no jornal o "Geresão" em 20 de Junho de 2006.
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