Os católicos do Vale do Homem e de todo o mundo preparam-se para, no próximo domingo, celebrar um dos momentos mais marcantes do calendário religioso: a Páscoa. Trata-se de uma festa que leva os católicos a relembrarem, nos dias que antecedem a Páscoa, os últimos dias de Cristo, com representações da Via Sacra ao vivo em muitas das localidades do Vale do Homem, e que culmina com a celebração da ressurreição, que provoca um ambiente de convívio alegre entre comunidades, que levam a cruz de Cristo a beijar em todas as casas, numa tradição que se estende à segunda-feira e ao domingo de Pascoela.
A Páscoa – que este ano ameaça ser celebrada sob muita chuva, o que não ajuda nada à missão dos compassos – é, por norma, uma época de inúmeras tradições para a comunidade religiosa. As estórias são diversas e variam de localidade em localidade. Os encontros dos compassos de localidades vizinhas são momentos de reforçam ainda mais o ambiente de festa e convívio.
Segunda-feira de Páscoa em Fiscal
Apesar dos constrangimentos que a crise económica provoca, a freguesia de Fiscal, em Amares, por exemplo, prepara-se para, na segunda-feira de Páscoa, acolher uma das mais peculiares e admiradas festas da região, com o compasso a fazer a travessia do Rio Homem por intermédio de barcos. Uma tradição que traz anualmente milhares de admiradores àquela freguesia amarense e que cativa a atenção mediática.
Este ano, cabe a organização desta tradicional festa a Maria Mano Soares e à sua família, que a promove pela segunda vez em apenas três anos. “Foi uma promessa que fiz, pela saúde de uma prima minha. Deus ouviu-me e agora é a minha parte de cumprir com o prometido. Além disso, a crise afeta a maioria das famílias e já pouca gente tem disponibilidade para ser mordomo”, desvendou a anfitriã deste ano, considerando que esta é uma celebração “bastante dispendiosa e que dá muito trabalho” a quem a organiza. Só para a Banda Filarmónica de Cabreiros são quase seis mil euros. “Eu, o meu marido e os nossos três filhos tratamos de quase tudo. No entanto, para aparelhar os barcos – que emergiram há poucos dias para secar – é preciso o contributo de toda a comunidade”, lembrou esta emigrante radicada na Suíça. No entender de Maria Soares “é um orgulho para qualquer habitante da freguesia poder organizar esta festa católica”.
Este ano, voltam a ser cinco os barcos que farão a travessia do compasso pascal. Em dois deles seguirá a banda filarmónica, num outro atravessará o padre da freguesia com a Cruz de Cristo, enquanto nos outros dois atravessarão o rio os jornalistas e o fogueteiro. A ainda atual travessia do rio, feita de barco, justifica-se pelo “reviver de uma tradição” certamente com vários séculos.
Tal como acontece em anos anteriores, também este ano, ao final da tarde, “entre as 16 e as 17 horas, sensivelmente”, existirá uma reunião dos compassos de Fiscal e de Carrazedo, no lugar do Pilar.
Fonte: Terras do Homem, em 27-03-201
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