É uma paleta diversa nas cores e nas espécies, nas paisagens e nas gentes, nas serras e nos vales cavados. O Parque Nacional da Peneda-Gerês, delimitado numa área montanhosa do Noroeste de Portugal, é um vasto anfiteatro que se estende do planalto de Castro Laboreiro ao da Mourela, abrangendo as serras da Peneda, do Soajo, Amarela e do Gerês.
Na diversidade que a natureza acolheu encontram-se matos, carvalhais e pinhais, bosques de bétula ou vidoeiro, abundante vegetação ladeando os cursos de água, campos de cultivo e pastagens. É muito raro encontrar no restante território nacional paisagens como as matas do Ramiscal, de Albergaria, do Cabril, o vale superior do rio Homem e a própria serra do Gerês.
O parque é dominado por um relevo muito acidentado e pronunciados declives, bem como inúmeras zonas rochosas, essencialmente graníticas, embora também haja xistos. O ponto mais alto é em Nervosa, na serra do Gerês (1.545 metros).
Além da exuberante flora, com 627 espécies identificadas (em 1989), foram também recenseadas 235 espécies de vertebrados,o que ilustra bem a diversidade faunística deste grupo. Nos rios foram inventariadas quatro espécies de peixes e, relativamente à avifauna, estão identificadas 147 espécies.
Mas pelo parque vagueiam muitos outros exemplares, como 15 espécies de morcegos, o corço – símbolo da área protegida −, o lobo, a águia-real e a toupeira-de-água. O garrano, cavalo luso-galiziano que vive em liberdade pelas serras do parque e chegou a encontrar-se em perigo de extinção, é outra das espécies reconhecidas.
Os castelos de Castro Laboreiro e do Lindoso, monumentos e vestígios megalíticos, célticos e dos tempos da ocupação romana e medieval, em sintonia com actuais e curiosos povoados, a arquitectura dos socalcos, paradas de espigueiros e a frescura dos prados de lima, enquadram um mundo onde a ruralidade ainda está bem presente, conjugando todos os aspectos que proporcionam inúmeras actividades turísticas, em franco desenvolvimento.
Há pelo menos cinco mil anos que a área actualmente protegida serve povos e abriga comunidades agro-pastoris, construtoras de grandes monumentos funerários como as antas – como as necrópoles do planalto de Castro Laboreiro, na portela do Mezio, nas chãs da serra Amarela ou nos altos frios da Mourela, em Montalegre. Os vestígios da arte dessas gentes remotas podem observar-se ainda no santuário rupestre de Gião ou o Penedo do Encanto da Bouça do Colado, em Parada.
Habitats mais característicos do parque
O carvalhal é uma floresta mista de árvores de folha caduca e de folha persistente, onde podemos encontrar espécies emblemáticas da flora, como o azevinho e a orquídea e da fauna, como o corço, a víbora-de-seoane ou a víbora-cornuda.
Os bosques que ladeiam os rios, com a presença do teixo, do amieiro, do freixo e do feto-do-gerês, mas também da lontra, do lagarto-de-água, da salamandra-lusitânica ou do sapo-parteiro.
As turfeiras e os matos húmidos, habitats raros e vulneráveis que se desenvolvem em solos encharcados saõ propícios à existência das bolas-de-algodão, da orvalhinha e da pinguícula, ao nível da flora, e da narceja, do pato-real, da salamandra-de-pintas-amarelas ou do tritão-de-ventre-laranja, ao nível da fauna;
Os matos de substituição, piornais, urzais, carquejais, tojais e giestais ocupam antigas áreas de carvalhal, onde podemos encontrar o alho-bravo, a arméria, o lírio-do-gerês, ou o narciso, mas também o lobo-ibérico, a águia-real, o bufo-real ou a cabra-montesa.
Fonte: vejaportugal.pt em 21-03-2013
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