domingo, 9 de junho de 2013

Já não temos desculpas para entrarmos às cegas no Parque Nacional do Gerês

Porta do Mezio, em Arcos de Valdevez, concluiu projecto das cinco portas da área protegida. "É a melhor forma de controlar o turismo de massas", dizem os responsáveis
Não há desculpas para continuar a cometer erros na área do Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG). O projecto das portas do parque está praticamente concluído e os visitantes têm agora ao seu dispor cinco estruturas onde podem recolher informação sobre a fauna e a flora daquela área protegida. E conhecer as regras de funcionamento do único parque nacional do país. No próximo mês, é inaugurada a última entrada, no Mezio, em Arcos de Valdevez.
A ideia da criação de cinco portas do PNPG - tantas quantos os municípios abrangidos pela área protegida - tem cerca 40 anos e foi defendida pelo primeiro director do parque, Lagrifa Mendes. A criação de um ponto de recepção aos visitantes tinha como objectivo dar a conhecer a quem chega ao Gerês um pouco do que pode ver nas serras.
Esta é "a melhor forma de controlar o turismo de massas" na área protegida, defende Luís Macedo, que dirigiu o único parque nacional do país entre 2003 e 2006 e é hoje responsável pela área do PNPG no município de Arcos de Valdevez. Ao chegar à Peneda-Gerês, o visitante dirige-se à porta mais próxima e tem um primeiro contacto com as características naturais da área protegida. "Orientamos o visitante e evita-se que as pessoas entrem sem qualquer informação nas zonas mais sensíveis", explica o mesmo responsável.
A porta do Mezio é a última a ser inaugurada e fica precisamente no concelho de Luís Macedo. A área de recepção está equipada de forma a responder às solicitações dos visitantes que procuram a Peneda-Gerês como espaço de lazer. Há uma pequena piscina, área para piqueniques e até um muro de grelhadores homologado para trabalhar no Verão. Quem vem para passar um dia em família, pode ficar por aqui. E os amantes da Natureza podem explorar as áreas mais profundas do parque, dentro das regras fixadas.
A ideia das portas do parque nacional não é apenas controlar os fluxos mais maciços de visitantes, mas dar informações a quem chega. Por isso, cada uma das estruturas tem um tema de base. No caso do Mezio é a Biodiversidade, que dá o mote a uma área de cinco hectares com vários equipamentos. O espaço central, que corresponde a um antigo viveiro florestal, tem hortos com as principais espécies vegetais do PNPG e esculturas de dez das espécies animais que vivem na área.
O investimento da Câmara de Arcos de Valdevez - que ascende a dois milhões de euros - criou também estruturas destinadas a acolher a delegação da direcção do PNPG, mas que continua vazia e sem indicações de quando possa vir a ter uso. Junto à porta funciona também um núcleo museológico dedicado ao megalítico, que está perto do complexo de mamoas e gravuras rupestres existente na mesma área de entrada do parque nacional.
A porta do Mezio já está a funcionar desde 2009, mas só agora o projecto está totalmente concluído. Mesmo sem estar a funcionar a 100%, a estrutura tem aumentado o número de visitantes de ano para ano e já recebeu 46.459 pessoas. No próximo dia 11 de Julho, a inauguração oficial do equipamento fecha praticamente o ciclo das portas do PNPG. O único revés no projecto tem a ver com a porta de Paradela, em Montalegre. Inaugurada em 2010, não está a funcionar, pelo que a recepção aos visitantes no único concelho do distrito de Vila Real que faz parte do PNPG é feita no Ecomuseu do Barroso.
Apesar de ter quatro décadas, a ideia só começou a avançar já neste século. A primeira porta a abrir ao público foi a de Lamas de Mouro (Melgaço), onde, desde 2004, já passaram 18 mil pessoas. Dois anos depois, abriu ao público a de Campo do Gerês, em Terras de Bouro, uma das mais procuradas. O facto de acolher também o Museu Etnográfico de Vilarinho da Furna (aldeia submersa pela albufeira da barragem homónima) tem valido especial atenção dos utilizadores. Mais de 80 mil pessoas passaram ali desde a sua abertura.
A mais recente das entradas do parque começou a funcionar em 2008, no concelho de Ponte da Barca. A estrutura está instalada no Castelo de Lindoso, a três quilómetros da fronteira espanhola, e é a única porta transfronteiriça do PNPG, permitindo a ligação entre a área protegida portuguesa e o Parque Natural Baixa Limia/Serra do Xurés, criado em 1992.
A fortificação beneficiou de obras, o que permitiu criar um núcleo museológico militar, lembrando o tempo em que aquele castelo foi um importante reduto de defesa da fronteira. No interior da muralha existirá um núcleo explicativo das características de fauna e flora do parque, bem como do património histórico do concelho. Do lado de fora, junto do maior conjunto de espigueiros de Portugal, estará a porta do parque, com uma loja de produtos locais, um pequeno auditório e o espaço de recepção dos visitantes do PNPG.
Fonte: Público, em 9-06-2013

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