O Santuário de Santo António em Mixões da Serra voltou ontem a receber a presença de muitas pessoas que ali se deslocaram para pedir a bênção para os seus animais. É assim desde 1680. Todos os anos, faça sol ou chuva, no domingo antes do dia de Santo António, os lavradores de Terras de Bouro, Vila Verde, Ponte da Barca, Arcos de Valdevez, Amares e Ponte de Lima sobem até Mixões da Serra para pedir a Santo António uma proteção para os animais de que tanto precisam para as suas actividades agrícolas.
Assim, bem cedo, cada um vai chegando ao recinto do santuário, trazendo os seus exemplares de gado bovino, caprino ou cavalar. Há quem aproveite para trazer os seus animais domésticos, cães e gatos, para que também recebam a bênção.
Tal como acontece todos os anos, o momento mais alto das festividades começou com a celebração da Eucaristia às 11h00, tendo-se realizado depois a tão esperada bênção. Antes do almoço decorreu ainda a tradicional procissão, com a integração de todos os animais neste cortejo litúrgico.
Ao Diário do Minho, o pároco de Valdreu sublinhou a particularidade da bênção dos animais em Mixões da Serra que, ao contrário do que acontece noutras zonas do país, aqui ela feita animal a animal.
«É isso que distingue esta bênção e faz dela única em Portugal. Nós fazemos a bênção a cada animal para ser mais personalizada. E não é só para o animal, mas também para com os donos», realçou o padre António Marques.
Segundo o sacerdote, que é pároco de Valdreu há 40 anos, garante que tem notado diferenças todos os anos. «Os animais são menos. Não há pastores que os dirijam na montanha e, por isso, há menos vacas e menos bois», nota. Por outro lado, salienta ainda o padre António Marques, mesmo aqueles que são possuidores deste tipo de gado acabam por não encontrar quem que se predisponha a conduzir os animais até Mixões da Serra neste dia. «Mesmo a pagar, eles não têm nem encontram quem conduza os seus animais», realçou.
Contudo, acrescenta, verifica-se que, em contrapartida tem-se registado um aumento no número de cavalos e de cavaleiros. O que ninguém pode negar, salienta, é que esta ainda é uma festa genuína e muito bonita.
Fonte: Diário do Minho, em 10-06-2013
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