Trofa diz-se "refém"; em Terras de Bouro fala-se em "compromisso"
A presidente da Câmara Municipal da Trofa, Joana Lima, lamentou hoje o preço cobrado pela água no concelho, afirmando estar “refém de um contrato [de concessão] que hipoteca o município e os munícipes”.
Trofa está, juntamente com Santo Tirso, em segundo lugar da lista dos concelhos que mais cobram pelo abastecimento de água. À frente está Grândola, mas neste caso apenas na península de Tróia, onde há um subsistema – a Infatróia – para gerir os serviços de água, saneamento e resíduos daquela área de desenvolvimento turístico. Nesta área, dez metros cúbicos mensais de água custam 20,38 euros.
Na Trofa e em Santo Tirso, o valor é de 18,66 euros, segundo dados divulgados pela Entidade Reguladora dos Serviços de Água e Resíduos (ERSAR). “Infelizmente, sinto-me presa, sem meios para poder ajudar os trofenses”, disse, em declarações à Lusa, Joana Lima.
Segundo a autarca, o contrato de concessão da Trofa com a Indáqua – uma empresa privada do sector das águas – é comum a Santo Tirso, remontando a quando o concelho ainda pertencia àquele concelho vizinho.
“A Trofa está refém de um contrato que não fui eu que negociei e com o qual nada tenho a ver”, lamentou.
A presidente afirmou que, face ao grande endividamento da câmara, “não há meios para ajudar” quem mais precisa, através de uma comparticipação no custo da água, por exemplo. “A nossa situação financeira é tão grave que não é possível fazer isso. Estamos reféns de um contrato que foi feito há muitos anos”, reafirmou.
Joana Lima salientou que, além do custo da água “estar muito caro”, os objectivos do contrato celebrado com a Indáqua “não foram atingidos”, o que obrigou a que, em 2012, fossem feitos “reajustamentos às tarifas da água”.
Joana Lima acrescentou que é impossível alterar o contrato de concessão, celebrado em 1999, por um período de 35 anos, destacando, porém, ter já conseguido negociar as taxas de ligação ao saneamento, que agora estão a custo zero.
Segundo a mais recente avaliação da ERSAR a todos os concelhos do território continenal, os custos dos serviços de abastecimento, saneamento e resíduos subiram 8% em 2012. Cerca de dois terços dos concelhos aumentaram os preços, para os aproximar dos custos reais destes serviços.
Terras de Bouro mantém-se como o concelho com a menor factura da água – 2,53 euros no total, incluindo abastecimento, saneamento e tratamento de resíduos. O presidente da câmara municipal, Joaquim Viana, diz que manter a factura naquele nível é um compromisso com os habitantes, que há anos ofereceram captações próprias para o sistema de abastecimento do concelho.
“A população de Terras de Bouro contribuiu para a distribuição da água, por isso, é justo mantermos preços baixos”, disse à agência Lusa.
Fonte. Público, em 3-05-2013
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