A Vila do Gerês assiste, às 10.00 horas de domingo, à IX subida da Vezeira, tradição que leva o gado até à serra, onde fica nas brandas, durante os meses de bom tempo. Esta prática comunitária secular perdura desde 1802, graças à persistência dos vezeiros de Rio Caldo, com o apoio da Associação Lírio do Gerês, apoio do Município de Terras de Bouro, da Associação Gerês Viver Turismo e os hoteleiros locais.
Pela manhã, os pastores das freguesias de Rio Caldo e Vilar da Veiga procedem à transumância do gado bovino, para as melhores pastagens no alto da Serra do Gerês. Já este sábado, no auditório do Centro de Animação Termal terá lugar a exibição de uma mostra fotográfica sobre a vezeira que culminará com um passeio pedestre pelos currais que servem de pastagem e guarida ao gado. Pelas 22.00 horas, no centro da vila do Gerês, haverá animação com concertinas e música ao vivo, promovidos pela Associação de Tocadores Entre Pontes de Rio Caldo.
Após a passagem do gado pelo centro da vila terá lugar uma mostra gastronómica, promovida por diversos restaurantes de Vilar da Veiga, acompanhada por uma exposição de produtos locais. Durante a tarde, o programa será composto pela atuação dos melhores cantadores ao desafio da região e às 16.00 horas terá lugar a tradicional Chega de Bois.
A Vezeira de Vilar da Veiga nasceu em 1802, fruto da necessidade de guardar o gado "à vez", demonstrando a entreajuda da população, de manutenção do gado bovino na época do verão, período no qual a atividade agrícola se intensifica. De acordo com o número de animais de cada um, o pastor é responsável por subir para guardar todos os animais na proporção de 2:1, ou seja, por cada duas cabeças de gado o proprietário tem de guardar o gado de toda a comunidade durante um dia, passando a vez ao seu vizinho, e assim a ordem de guardar o gado percorre todos os sócios da vezeira.
São propriedade desta organização um conjunto de prados (currais), situados em diferentes altitudes e por onde o gado vai passando, assim como o boi de cobrição.
A Vezeira tem escritura pública datada de 1962 e estatutos próprios. A direção é constituída por um juiz, um secretário, um tesoureiro, um procurador e três louvados.
Estes cargos, anuais, são definidos por nomeação direta com a exceção do Juiz, que é promovido automaticamente do cargo de procurador. Estes cargos são definidos em reuniões periódicas denominadas "Chamados", nos quais são debatidos todos os assuntos relativos ao bom funcionamento desta organização.
Existem dois "Chamados" anuais obrigatórios e que não carecem de aviso prévio, um antes da subida do gado, e outro depois da manada descer. A não comparência a qualquer destas reuniões é sempre punida com uma "condena" de 50 euros.
Fonte: Jornal de Notícias, em 11-05-2013
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