O Conselho de Ministros aprovou o alargamento da classificação como Monumento Nacional a toda a antiga Geira romana, estrada que ligava Braga a Astorga, através de um decreto ontem publicado em Diário da República.
Até aqui, apenas estavam classificados como monumento nacional, desde 1910, 35 marcos miliários daquela via romana, considerada «uma das mais relevantes do Noroeste Peninsular». Para o Governo, aquela situação era «manifestamente insuficiente, face à importância do conjunto». Agora, a classificação de monumento nacional foi alargada à totalidade da via e a todas as estruturas arqueológicas a ela associadas, como as ruínas das pontes sobre a ribeira do Forno e a ribeira da Macieira e os arranques da ponte de São Miguel, esta sobre o rio Homem.
Aquela classificação passa ainda a abranger diversas pedreiras e as ruínas arqueológicas do Adro de São João, no concelho de Terras de Bouro.
Contactado pelo Diário do Minho, o presidente da Câmara de Terras de Bouro mostrou-se bastante satisfeito com a notícia. «A classificação do nosso património histórico é sempre ótimo. Agora, temos é que ter algum cuidado com as responsabilidades que tudo isto acarreta», disse Joaquim Cracel.
O autarca confessou ainda não ter lido na totalidade o decreto do Conselho de Ministros, uma vez que ontem foi um dia muito preenchido para o presidente da Câmara de Terras de Bouro, que teve de receber os munícipes durante a manhã e, à tarde, para além de compromissos, teve ainda uma reunião da Comunidade Intermunicipal do Cávado em Braga. Mesmo assim, Joaquim Cracel não deixou de se mostrar satisfeito com a decisão saída da reunião do Conselho de Ministros, realçando que esta classificação como Monumento Nacional «é sempre um valor acrescentado ao património histórico do concelho de Terras de Bouro.
No entanto, sublinhou, esta classificação acarreta também uma maior responsabilidade para o município. «Isto obriga-nos a estar cada vez mais atentos a este nosso património, à sua preservação, como é necessário», salientou o presidente da autarquia terrabourense.
Entretanto, Joaquim Cracel aproveitou este momento importante para a história do património concelhio para revelar que será durante este mês de maio que deverá abrir ao público o Museu da Geira, nomeadamente o núcleo de Campo do Gerês.
Recorde-se que esta é uma estrutura onde estão previstos três polos, ou seja, estruturas no antigo Posto Transfronteiriço da Portela do Homem, um edifício construído de raiz na freguesia de Campo do Gerês, e a chamada Casa do Latim, na freguesia de Covide. Segundo vincou o autarca, «está tudo pronto para abrir».
Outra questão colocada foi a da limpeza da Geira. Ora, Joaquim Cracel garantiu que os trabalhos para limpar a antiga via romana são realizados «com alguma regularidade». No entanto, sublinhou, este trabalho e o de manutenção não pode ficar exclusivamente reservado ao município. Na sua opinião, terá de haver comparticipações financeiras, realçando que, neste momento, a «equipa da Geira está operacional».
Por fim, ficou ainda um reparo sobre à sinalética colocada ao longo da Geira romana, que tem sido alvo de atos de vandalismo. Há painéis em vidro que estão partidos. «São pessoas que se divertem à pedrada e aos tiros», disse.
Recorde-se que a Geira romana foi aberta sob a dinastia dos Flávios, na segunda metade do século I depois de Cristo, «como passo importante no processo de romanização do território». «Surgiu como rota estratégica de circulação de bens e de defesa, num período de expansão e crescimento global da economia do Império, ao qual a riqueza aurífera da região galaica não seria estranha», lê-se no decreto do Conselho de Ministros.
Fonte: Diário do Minho, em 7-05-2013
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