Custa a acreditar. De lá para cá encerrámos dezenas de SAP. Fechámos centenas de escolas. Temos hospitais construídos à espera de abrir portas. E fomos construir um estádio de dois milhões na Palestina?
Foi em 2007. Na altura Portugal era um país rico (?). Havia quem saísse à rua de guarda-chuva para não levar com pingos de poços de petróleo que brotavam da terra como géisers descontrolados. Eu tinha um canteiro com notas de 50€, que entretanto secou. E como rico país que era, Portugal agia como tal. E os países endinheirados comportam-se de diferentes formas. Temos os verdadeiramente ricos. Os novos-ricos. Os remediados. Os pobres que gostam de dar uma de rico. Os pobres. E depois temos Portugal. Tirem as vossas ilações.
"Nos arredores de Belém, na Cisjordânia, foi inaugurado o novo Estádio Internacional da cidade de Al-Kahder. A construção foi financiada por Portugal, através do Instituto Português de Cooperação para o Desenvolvimento, e é certificado pela FIFA...uma oferta de Portugal aos desportistas palestinianos cuja construção custou dois milhões de dólares"
Os países "ricos" olham para o seu próprio umbigo. Sempre. Apostam no crescimento e desenvolvimento. Manter infra-estruturas, conservá-las ou substituí-las, dotar regiões necessitadas de meios humanos e materiais que permitam desenvolver áreas carenciadas e suprir falhas.
APENAS DEPOIS, se justificável, olham para o lado na medida das suas possibilidades. Contribuem (apoio financeiro) em infra-estruturas e participam no desenvolvimento do país ou região necessitados, o que normalmente se traduz na construção de creches, estradas, escolas, hospitais, etc. E não estádios, ok? Não se trata de egoísmo, mas inteligência na gestão de recursos escassos. Recursos financeiros que Portugal não tem.
É por isso um bocadinho estranho que Portugal tenha ido "torrar" 2 milhões em Al-Kahder (Cisjordânia) para que possam ir ver a bola enquanto nós por cá encerrávamos SAP por falta de verbas. SAP. Escolas. Etc. Por acaso vamos jogar a final da taça de Portugal à Palestina?
"A Câmara de Vieira do Minho convocou (...) um protesto contra o encerramento do Serviço de Atendimento Permanente (SAP), que serve 17 mil pessoas dos concelhos de Terras de Bouro, Montalegre e Vieira do Minho. Com o encerramento do SAP, os utentes terão de deslocar-se ao hospital de São Marcos, em Braga, a mais de 60 quilómetros daquele centro de saúde."
Será um fetiche por estádios? Nem de propósito, há alguns dias noticiado aqui no Expresso - "Os estádios portugueses têm salvação": "A Associação Portuguesa de Estádios diz ser necessário "agitar consciências" e "potenciar os espaços com boas gestões" para ultrapassar os problemas financeiros inerentes à construção dos estádios no Euro 2004."
Não é fetiche. É mesmo Portugal: irresponsabilidade, incompetência, inaptidão, falta de visão, de estratégia, de inteligência e uma profunda ignorância e incapacidade de gestão de recursos escassos. E muita, mas mesmo muita, bazófia. Milhão a milhão deu no que deu.
Fonte: Expresso, em 4-11-2010
Foi em 2007. Na altura Portugal era um país rico (?). Havia quem saísse à rua de guarda-chuva para não levar com pingos de poços de petróleo que brotavam da terra como géisers descontrolados. Eu tinha um canteiro com notas de 50€, que entretanto secou. E como rico país que era, Portugal agia como tal. E os países endinheirados comportam-se de diferentes formas. Temos os verdadeiramente ricos. Os novos-ricos. Os remediados. Os pobres que gostam de dar uma de rico. Os pobres. E depois temos Portugal. Tirem as vossas ilações.
"Nos arredores de Belém, na Cisjordânia, foi inaugurado o novo Estádio Internacional da cidade de Al-Kahder. A construção foi financiada por Portugal, através do Instituto Português de Cooperação para o Desenvolvimento, e é certificado pela FIFA...uma oferta de Portugal aos desportistas palestinianos cuja construção custou dois milhões de dólares"
Os países "ricos" olham para o seu próprio umbigo. Sempre. Apostam no crescimento e desenvolvimento. Manter infra-estruturas, conservá-las ou substituí-las, dotar regiões necessitadas de meios humanos e materiais que permitam desenvolver áreas carenciadas e suprir falhas.
APENAS DEPOIS, se justificável, olham para o lado na medida das suas possibilidades. Contribuem (apoio financeiro) em infra-estruturas e participam no desenvolvimento do país ou região necessitados, o que normalmente se traduz na construção de creches, estradas, escolas, hospitais, etc. E não estádios, ok? Não se trata de egoísmo, mas inteligência na gestão de recursos escassos. Recursos financeiros que Portugal não tem.
É por isso um bocadinho estranho que Portugal tenha ido "torrar" 2 milhões em Al-Kahder (Cisjordânia) para que possam ir ver a bola enquanto nós por cá encerrávamos SAP por falta de verbas. SAP. Escolas. Etc. Por acaso vamos jogar a final da taça de Portugal à Palestina?
"A Câmara de Vieira do Minho convocou (...) um protesto contra o encerramento do Serviço de Atendimento Permanente (SAP), que serve 17 mil pessoas dos concelhos de Terras de Bouro, Montalegre e Vieira do Minho. Com o encerramento do SAP, os utentes terão de deslocar-se ao hospital de São Marcos, em Braga, a mais de 60 quilómetros daquele centro de saúde."
Será um fetiche por estádios? Nem de propósito, há alguns dias noticiado aqui no Expresso - "Os estádios portugueses têm salvação": "A Associação Portuguesa de Estádios diz ser necessário "agitar consciências" e "potenciar os espaços com boas gestões" para ultrapassar os problemas financeiros inerentes à construção dos estádios no Euro 2004."
Não é fetiche. É mesmo Portugal: irresponsabilidade, incompetência, inaptidão, falta de visão, de estratégia, de inteligência e uma profunda ignorância e incapacidade de gestão de recursos escassos. E muita, mas mesmo muita, bazófia. Milhão a milhão deu no que deu.
Fonte: Expresso, em 4-11-2010
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