Publicamos o Prefácio feito pelo Dr. José Araújo à sua obra “Terras de Bouro – Cem Anos de Adversidades”. Lembramos que esta obra foi publicada, pela Câmara Municipal de Terras de Bouro, no dia 20 de Outubro.
São belíssimas as palavras que o Dr. José Araújo dirige aos seus netos.
Aos meus netos Nuno Miguel e Luís António que se habituaram a gostar da terra dos antepassados, peço que, um dia, dêem também o seu contributo e honrem esta gente simples.
São belíssimas as palavras que o Dr. José Araújo dirige aos seus netos.
Aos meus netos Nuno Miguel e Luís António que se habituaram a gostar da terra dos antepassados, peço que, um dia, dêem também o seu contributo e honrem esta gente simples.
Prefácio
Ao tentar escrever um pouco da história do nosso concelho, para além de muitas outras dificuldades e da falta de jeito, esbarrei, logo de entrada, com o título a atribuir ao trabalho que me propunha executar.
É que a minha intenção não era falar das majestosas e imponentes maravilhas desta região e das suas potencialidades, mas de algumas das vicissitudes que este concelho teve de enfrentar no último século.
E sobre este tema, à medida que ia tropeçando nas repetidas agruras impostas à nossa gente, as expressões que, repetidamente, me iam martelando o pensamento e impondo ao vocabulário eram, entre as mais brandas, as de vilania, perfídia, velhacaria, embuste, etc.
É que, de facto, este pobre concelho viveu excessivos momentos de imerecida angústia e foi muito maltratado por pessoas que não tinham o mais pequeno motivo para o fazer.
E isto porque este pobre e velho Município, encurralado nas montanhas, parece que, em circunstância alguma, hostilizou, prejudicou ou ofendeu qualquer dos seus vizinhos ou o governo do país.
De qualquer maneira, procurei, na medida do possível (e só nesses limites) seguir a ponderação, o bom senso e as notoriamente sofridas atitudes dos nossos antepassados.
Esses, sim, foram verdadeiros heróis. Sofreram a sobranceria, a injustiça, a humilhação e a hostilidade imerecida e injustificada de alguns dos que por cá andaram, de alguns vizinhos e até daqueles que, sendo detentores do poder, apenas lhes era permitido ajudar, respeitar e enaltecer quem sempre os respeitou e honrou.
Em homenagem a esse exemplo de dignidade sofrida por esses conterrâneos, que não encontro termos para qualificar, fui contendo a revolta e limando com eufemismos a linguagem até chegar à sensaboria deste título, «Terras de Bouro - cem anos de adversidades».
De qualquer maneira, aí são narrados (e documentados) os momentos mais relevantes das agressões sofridas por Terras de Bouro nestes últimos cem anos e pico.
Os heróis foram, na major parte das vezes, o povo anónimo mas, de entre esses, houve figuras que seria injusto esquecer e dai algumas referências cujo objectivo é não permitir que sejam esquecidas porque honraram a nossa terra e marcaram épocas vividas por muitos de nós e pelos antepassados.
Como estivemos sempre longe dos grandes centros, no decurso dos séculos, os historiadores não chegaram a estas paragens e a poeira do tempo cobriu o que de mais belo fizeram os nossos maiores.
Porém, nestas montanhas fez-se história e hoje, com esta nova geração que nos orgulha e com os meios de que dispõe, temos a possibilidade de saber o que fomos e o que de bom e de mau fizemos.
Com este modestíssimo contributo, pretendo apenas prestar justa homenagem aos que nos precederam e dizer à nova geração que depomos nela fundada esperança.
Dr. José Araújo
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