domingo, 31 de outubro de 2010

Dr. Artur Adriano Arantes um filho dos dois concelhos

No dia 20 de Outubro de 2010, José Guimarães Antunes publicou no jornal “Geresão” o texto “Dr. Artur Adriano Arantes um filho dos dois concelhos”.
Disponibilizamos fotos da casa onde nasceu, da igreja onde casou, de duas homenagens que lhe foram feitas e, ainda, da Quinta das Rosas.

Filho de Sebastião Arantes e de Maria de Jesus Sousa, Artur Adriano Arantes nasceu no dia 5 de Agosto de 1892, em S. Pantaleão, freguesia da Balança, onde viveu até ao dia 14 de Junho de 1924.

Nesta data, contraiu matrimónio com Rosa de Jesus Soares Nogueira, na igreja paroquial de Valbom S. Pedro, concelho de Vila Verde, passando a residir na Quinta das Rosas (num belíssimo palacete) nesta freguesia até à data do seu falecimento, em 13 de Fevereiro de 1975.

O médico dos pobres, como era conhecido, licenciou-se em medicina pela Universidade do Porto, tendo feito, no dia 10 de Março de 1921,o seu acto de doutoramento com uma tese sobre as consequências da tuberculose no estômago. Neste mesmo ano, no dia 14 de Março, começou a exercer medicina. Por deliberação da Comissão Executiva da Câmara Municipal de Terras de Bouro passou a ser, a partir de 1921, médico municipal. Também foi subdelegado e sub-inspector de saúde no concelho de Terras de Bouro.
Ilustre médico, incansável a acorrer aos que necessitavam dos seus serviços, fez do acto médico uma constante acção de doação ao seu semelhante, tendo angariado no seio dos terraboureses (e não só) a maior estima, consideração e apreço.
Exerceu as suas funções até ao dia 14 de Novembro de 1958, data em que se aposentou, mas nuca deixou de consultar e de receber doentes na sua casa.

No dia 12 de Abril de 1959, foi homenageado por amigos terrabourenses.

A título póstumo, foi homenageado pela Câmara de Terras de Bouro em 10 de Junho de 1990, no Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas que reconheceu, publicamente, a sua dedicação à causa pública e ao bem-estar do seu semelhante.

Muitos e muitos doentes e enfermos foram à Quinta das Rosas para serem por si examinados, diagnosticados e medicados. Contudo, para a maior parte dos seus pacientes, uma refeição reconfortante era o suficiente para os curar das suas doenças e maleitas. Era a fome que os entorpecia, adoecia e enfraquecia. Na Quinta das Rosas, a esposa, D. Rosa de Jesus Soares Nogueira, nunca se poupou a esforços e facultava refeições quentes saciando muitos e muitos estômagos famintos. Atrás deste grande homem havia também esta grande mulher, com um coração muito grande, do tamanho do mundo.

O nosso médico do povo, também conhecido como médico dos pobres ou João Semana, praticava o acto médico para curar e não para levar dinheiro aos pacientes e enriquecer. Este médico altruísta costumava dizer que os pobres não tinham dinheiro para lhe pagar e que os ricos eram seus amigos. Além de não cobrar os seus serviços, muitas vezes, dava dinheiro aos pobres para os medicamentos. Foi de facto um homem com um coração nobre, grande e muito humano que calcorreou montes e vales montado no seu cavalo para socorrer os seus enfermos. Enfrentando os rigores do Inverno ou o calor intenso do Verão, o médico dos pobres levou os cuidados de saúde a muitas das freguesias dos concelhos de Terras de Bouro, de Amares e de Vila Verde. Movia-o a nobre missão de levar os cuidados de saúde aos mais desfavorecidos. Sempre montado no seu cavalo o nosso médico do povo percorria grandes distâncias para satisfazer todos aqueles que estavam doentes e que precisavam da sua voluntariosa ajuda. Todas as freguesias das redondezas mesmo as mais longínquas como S. João do Campo, Vilarinho das Furnas, Carvalheira, Cibões, Brufe, Santa Isabel, Caldelas, Sequeiros, Portela, Sampaio de Seramil, tiveram o seu apoio.
Foi feita uma justa homenagem a um médico altruísta que pôs a sua vida ao serviço do povo.
Parabéns aos autarcas por esta iniciativa e um grande bem-haja ao nosso médico dos pobres!
Fonte: Jornal Geresão, em 20-10-2010

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