terça-feira, 10 de agosto de 2010

T-shirts com os Megadeth, tractores e provas de gado

As ruas da vila de Terras de Bouro, com montanhas ao fundo, assemelham-se a um centro comercial de produtos rurais locais em concorrência com a mais vulgar globalização. Feira franca, concurso pecuário e corrida de cavalos marcaram ontem o último dia das festas em honra de São Brás.
Mohammad Palash, que veio do Bangla Desh como empregado numa tenda onde se vendiam óculos de sol e t-shirts com estampagens dos Mettalica, dos Megadeth e de Bob Marley, garante que o negócio durante a romaria esteve fraco.
“As pessoas perguntam o preço, perguntam o preço, mas não compram nada” — acrescenta, explicando que a seguir vai montar tenda para outra romaria, mas ainda não sabe onde — “nós somos só empregados: o patrão é que vai dizer para onde vamos”. O centro estava encerrado ao trânsito e as artérias envolventes aos Paços do Concelho completamente preenchidas .
A meio da manhã, estacionar só mesmo na periferia da vila. Há tendas onde se vendem frutas pesadas em velhas balanças mecânicas, de dois pratos com recurso a pesos-padrão para aferir a mercadoria.

Comércio de tractores: feiras valem pelo contacto
Também há alfaias agrícolas das mais simples até tractores de design mais ou menos sofisticado. O jovem Pedro Monteiro, que participa neste tipo de feiras vai para cinco anos, num stand de tractores, revela que não vendeu nenhum.
Mas admite ter desenvolvido um contacto com expectativas de concretização em ne gócio. “Isto vale não tanto pelo que se vende aqui mas pelos contactos que estabelecemos”, diz-nos ainda este filho do dono de uma empresa bracarense de comércio de tractores que optou por este posicionamento de proximidade —: “a partir da próxima semana vamos estar em feiras no Alto Minho, vamos para Monção e para Viana do Castelo”.

Concurso de gado: 75 euros para os melhores
Mesmo que não se faça negócio no decorrer das feiras, fica o contacto e à vezes é no ano seguinte que negócio se faz, explica ainda Pedro Monteiro, lembrando exemplos de casos que aconteceram com emigrantes que regressam agora às origens para as festas e no ano seguinte, já estabelecido o contacto, é que recorrem à empresa para comprar um tractor. 'Se não estivéssemos aqui na feira, não nos conheciam de lado nenhum', considera.
Adiante, amanhã ia a meio e o centro da vila era ocupado por touros, vacas e cabras para os concursos de gado.
Um produtor aparentemente mal informado desabafa: deixou de participar no concurso porque obrigavam a tirar sangue aos animais. “Já lhes tinha tirado sangue em Março, não ia tirar agora outra vez”, acentua.
Mas outro produtor esclarece: só precisa de lhe tirar sangue se o quiser vender”.
Os concursos fizeram-se com prémios de 75,50 e 25 euros para os três primeiros de cada categoria de bovinos — touros e vacas com e sem desfecho, de raça minhota e barrosã e também de caprinos.
Fonte: “Correio do Minho”, em 10-08-2010

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