terça-feira, 10 de agosto de 2010

Combate às chamas no Gerês, noite e dia, sem descanso

"Estou cansado, mas não posso sair daqui". São quatro da manhã e estamos a 1400 metros de altitude no Parque Nacional Peneda-Gerês. Alexandre Vieira, comandante dos Bombeiros de Ponte da Barca, não dorme há vários dias.
O incêndio de Vilarinho da Furna que continua a lavrar em plena serra Amarela, em solo de Ponte da Barca, não lhe dá o descanso que tenta para os companheiros. "Vai descansar para a jipe que eu fico a ver a evolução do fogo", dizia para um dos seus bombeiros. Enquanto o sol raiava por entre o denso fundo, Alexandre Vieira controlava as operações e não se fez rogado em pegar na mangueira do autotanque para enfrentar uma situação de perigo. "Não podemos deixar passar o fogo aí em cima, senão a Mata de Cabril vai ao ar", atira enquanto pega na mangueira. "Cabril não vai arder", diz ao Comando Operacional do Distrito de Viana do Castelo, enquanto passava a liderança das operações para as mãos do António Antunes, da protecção civil de Viana do Castelo. O relógio marcava uma da tarde.

Na mesma altura, o JN encontrou por entre o denso fumo da frente do Emissor do Muro José Machado. "Vim aqui para levar o meu gado para Vilarinho, mas está impossível de atravessar", dizia o pastor, temendo pelas mais de 20 cabeças de gado que de Abril a Setembro vão até ao prados acima dos 1000 metros da serra Amarela. "Vamos ver se conseguem sobreviver", diz em jeito de acto de fé, pedindo ao mesmo tempo chuva o habitante de Carvalheira.
No terreno, à hora de fecho desta edição, do lado de Terras de Bouro, o comando operacional de Braga dava o incêndio por controlado. Já do lado de Ponte da Barca, a noite das freguesias de Lindoso, Germil e Ermida prometia ser longa e em sobressalto. O fogo ainda estava longe de ser controlado.
Fonte: “Jornal de Notícias”, em 10-08-2010

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