O Museu da Imagem promove amanhã uma conferência sobre a albufeira de Vilarinho das Furnas “enquanto motivo de reflexão sobre a capacidade que a tecnologia possui para apagar uma ordem anterior e instituir outra cujo motivo é invariavelmente ‘o progresso’”.
A iniciativa acontece no âmbito da exposição ‘Vilarinho das Furnas’, da autoria do ‘Grupo Ideia e Forma’, concretamente os fotógrafos António Drumond, Henrique Araújo, João Paulo Sotto Mayor e Manuel Magalhães, patente ao público naquele espaço municipal dedicado à memória fotográfica.
A conferência, que começa às 21.30 horas, tem confirmada a participação activa de Albertino Gonçalves, Miguel Bandeira e Moisés Martins, do Centro de Estudos Comunicação e Sociedade da Universidade do Minho, e de Álvaro Domingues, da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto.
De acordo com Álvaro Domingues, esta mostra é “um belíssimo trabalho” daqueles fotógrafos e, precisamente, “um documento perturbador” sobre essa “capacidade que a tecnologia possui de apagar uma ordem anterior e instituir outra cujo motivo é invariavelmente, o progresso”.
Álvaro Domingues cita mesmo Jorge Dias (‘Vilarinho da Furna - Uma Aldeia Comunitária& rsquo;, 1948) para dizer que “a poética das fotografias de Vilarinho da Furna é avassalador também porque a própria aldeia tinha sido já instituída como um ‘alto lugar’ de uma certa identidade portuguesa mergulhada num passado profundo de comunidades presas às suas terras e aos seus costumes de organização comunitária”.
Cita igualmente Orlando Ribeiro, aludindo ainda à mesma obra de Jorge Dias, para afirmar que a terra de Vilarinho das Furnas “é uma espécie de ‘requiem’ pelos pobres camponeses, pastores, moleiros e homens de outros ofícios humildes, que não inspiram aos prestigiosos construtores de barragens outro sentimento que não seja de profundo desprezo”.
O professor da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto considera que este ‘desabafo’ não podia ser mais actual: “hoje, como antes, lamenta-se a perda de um certo Portugal profundo e levantam-se semelhantes polémicas fracturantes: de um lado a tecnologia, as necessidades energéticas e o progresso, do outro a memória e a visão patrimonial da paisagem; parece que os almoços nunca são de graça e alguma coisa se aprenderá de Vilarinho da Furna, que é a arqueologia submersa do progresso de então”.
Todos os interessados podem participar na conferência de amanhã.
Fonte: Jornal “Correio do Minho” em 8-07-2010
A iniciativa acontece no âmbito da exposição ‘Vilarinho das Furnas’, da autoria do ‘Grupo Ideia e Forma’, concretamente os fotógrafos António Drumond, Henrique Araújo, João Paulo Sotto Mayor e Manuel Magalhães, patente ao público naquele espaço municipal dedicado à memória fotográfica.
A conferência, que começa às 21.30 horas, tem confirmada a participação activa de Albertino Gonçalves, Miguel Bandeira e Moisés Martins, do Centro de Estudos Comunicação e Sociedade da Universidade do Minho, e de Álvaro Domingues, da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto.
De acordo com Álvaro Domingues, esta mostra é “um belíssimo trabalho” daqueles fotógrafos e, precisamente, “um documento perturbador” sobre essa “capacidade que a tecnologia possui de apagar uma ordem anterior e instituir outra cujo motivo é invariavelmente, o progresso”.
Álvaro Domingues cita mesmo Jorge Dias (‘Vilarinho da Furna - Uma Aldeia Comunitária& rsquo;, 1948) para dizer que “a poética das fotografias de Vilarinho da Furna é avassalador também porque a própria aldeia tinha sido já instituída como um ‘alto lugar’ de uma certa identidade portuguesa mergulhada num passado profundo de comunidades presas às suas terras e aos seus costumes de organização comunitária”.
Cita igualmente Orlando Ribeiro, aludindo ainda à mesma obra de Jorge Dias, para afirmar que a terra de Vilarinho das Furnas “é uma espécie de ‘requiem’ pelos pobres camponeses, pastores, moleiros e homens de outros ofícios humildes, que não inspiram aos prestigiosos construtores de barragens outro sentimento que não seja de profundo desprezo”.
O professor da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto considera que este ‘desabafo’ não podia ser mais actual: “hoje, como antes, lamenta-se a perda de um certo Portugal profundo e levantam-se semelhantes polémicas fracturantes: de um lado a tecnologia, as necessidades energéticas e o progresso, do outro a memória e a visão patrimonial da paisagem; parece que os almoços nunca são de graça e alguma coisa se aprenderá de Vilarinho da Furna, que é a arqueologia submersa do progresso de então”.
Todos os interessados podem participar na conferência de amanhã.
Fonte: Jornal “Correio do Minho” em 8-07-2010
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