quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Braval investe 9 milhões de euros para valorizar resíduos indiferenciados

A Braval, empresa de valorização e tratamento de resíduos sólidos do Vale do Cávado, vai iniciar as obras de construção da Central de Valorização Orgânica (CVO) já no início do ano de 2011. Trata-se de um investimento de perto de 9 milhões de euros que vai permitir tratar e valorizar os resíduos sólidos urbanos (RSU) provenientes da recolha indiferenciada dos municípios da área de influência da Braval: os concelhos de Amares, Vila Verde e Terras de Bouro, Braga. Vieira do Minho e Póvoa de Lanhoso
Na nova unidade vai ser instalado um tratamento mecânico e biológico (TMB), com capacidade para triar 50 mil toneladas de RSU indiferenciados, associado à CVO, com capacidade de processamento de 10 mil toneladas de resíduos orgânicos, já a partir de Outubro de 2011.
O director-executivo da Braval, Pedro Machado, revela que a Central de Valorização Orgânica, “quando estiver completa, vai ser um projecto de âmbito regional, pois prevê que sejam incluídos também os resíduos orgânicos selectivos da Resulima e da Valorminho”.

Pedro Machado sublinha que esta será a primeira unidade do género em toda a região, à semelhança de outros projectos em que a Braval “foi pioneira”, como a recolha e reciclagem de óleos alimentares usados para transformação em biodiesel e posterior utilização em viaturas municipais.
“A recolha é feita exclusivamente porta-a-porta e, actualmente, recebemos 10 mil litros de óleo por mês oriundos das habitações dos nossos seis concelhos, mas queremos chegar ao milhão e 700 mil litros por ano”, contabiliza o responsável da Braval.
A Braval tem ainda um ecoparque onde faz a gestão energética do biogás, valorizando 1046 metros cúbicos de biogás por hora, uma unidade de resíduos de equipamentos eléctricos e electrónicos (REEE), um ecocentro para resíduos industriais e uma unidade de tratamento de resíduos hospitalares por auto-clavagem, em parceria com a Ambimed.
Eocentro industrial licenciado
A Braval acaba de ver reconhecido o licenciamento do ecocentro industrial, após um longo período de indefinição e intensa batalha, face à ameaça do Ministério do Ambiente em não validar a licença e concentrar o serviço numa empresa privada. Pedro Machado por diversas vezes manifestou a sua revolta perante as intenções da Administração Central que acabou por recuar.

Em causa estão resíduos que passam à classificação de industriais banais apenas pela dimensão quantitativa (mais de 1.100 litros/dia), e não qualitativa, além de que não se destinam a ser depositados em aterros, mas tratados e reutilizados.
A situação de bloqueio do licenciamento do ecocentro industrial da Braval levou mesmo a uma tomada de posição do eurodeputado José Manuel Fernandes, membro da comissão do Ambiente no Parlamento Europeu, que sublinhava “não se perceber como é que pretende proibir num local devidamente preparado e equipado, para obrigar a levar os mesmos resíduos exclusivamente para uma unidade privada”. E alertava para os custos directos a nível económico e ambiental por causa de uma opção política que seriam pagos pelos habitantes desta região.
Para além do problema dos custos ambientais e económicos do transporte dos Resíduos Industriais Banais (RIB’s) para uma unidade mais afastada, estava em causa a tarifa do lixo. “A Braval orgulha-se de ostentar a mais baixa tarifa do País, o que poderia ser alterado com o eventual afastamento dos RIB’s”, como explicou Pedro Machado, que enaltece a colaboração da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N) no processo que permitiu assegurar o licenciamento.
Fonte: Terras do Homem, em 6-01-2011

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