quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Crise trava nascimentos no Minho

O número de nascimentos no distrito de Braga desceu em 2010. Foi mesmo a região onde mais diminuíram os nascimentos, num ano em que Portugal se registaram mais 1.900 bebés. O decréscimo em Braga pode ter ficado a dever-se a questões ligadas à actual crise, segundo indica um investigador do Instituto de Ciência Sociais da Universidade do Minho.
O decréscimo de nascimentos no distrito de Braga foi superior a 200, com a agravante de Viana do Castelo ter também decaído. O Minho vai assim contribuir ainda mais para a tendência de envelhecimento da população portuguesa.
Segundo os números do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), Portugal até registou um aumento de 1.900 nascimentos em 2010, em relação ao ano anterior, com subidas mais significativas nos distritos de Lisboa, Porto, Coimbra, Leiria e Setúbal, em contraponto às descidas acentuadas nos distritos de Braga, Aveiro e Viana do Castelo.

Avaliando a situação nacional, o professor Paulo Nossa frisou que “os efeitos do sentimento de crise ao nível dos nascimentos [só] vão ser sentidos em 2011”. E acrescentou que “a percepção da crise apareceu do meio de 2010 para a frente, quando as decisões sobre a gravidez já estavam tomadas”.
Já no que toca ao distrito de Braga, o professor universitário esclareceu que, “sendo o distrito um dos com maior percentagem de jovens do país”, o decréscimo nos nascimentos “pode querer dizer alguma coisa em relação à confiança para o futuro”.
Paulo Nossa levanta a possibilidade de se estar perante um “fenómeno cumulativo”. Por um lado há a questão do calendário biológico, que permite adiar os nascimentos “porque a população é estruturalmente mais jovem”, e por outro, a taxa de frequência do ensino superior que pode “contribuir para agravar este adiamento”, já que os distritos com uma maior frequência do ensino superior “tendem a adiar os nascimentos por comparação com outros onde a população tem menos formação”.

Incentivos à natalidade em Terras de Bouro
Para tentar combater baixa natalidade e a desertificação, o concelho de Terras de Bouro beneficia de incentivos municipais à natalidade. Desde Janeiro de 2009, a Câmara Municipal paga aos pais 600 euros pelo primeiro filho, 900 pelo segundo e 1200 pelo terceiro. Incentivos destinam-se a quem resida no concelho há mais de um ano.
O presidente da Câmara, Joaquim Cracel garante que o programa de incentivos à natalidade vai prosseguir, “apesar da crise”. O autarca reconhece que “os resultados ainda não são muito visíveis, até porque não é muito dinheiro, mas é o que a Câmara pode dispensar”.
Também em Vieira do Minho existe, desde Janeiro de 2010, o programa de incentivo à natalidade "Vieira Nascer" que já atribuiu apoios pelo nascimento de 76 crianças, num total de 70.500 euros. Os incentivos financeiros são aqui de 1000 euros para o primeiro e segundo filho e de 500 euros a partir do terceiro.

Testes do pezinho
De acordo com Laura Vilarinho, responsável da unidade de rastreio neo-natal do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), em 2010 foram realizados 101.800 “testes do pezinho”, correspondentes ao mesmo número de nascimentos.
Sobre os resultados dos testes ao pezinho – através dos quais são rastreadas 25 doenças, entre as quais o hipotiroidismo congénito, que em Portugal tem uma prevalência de um caso em cada 3.200 nascidos – Laura Vilarinho revelou que estes são semelhantes aos anos anteriores.
Em cada 1.320 crianças rastreadas, uma revelou ter uma das 25 doenças rastreadas. A patologia mais frequente é a fenilcetonúria (uma doença hereditária do metabolismo do aminoácido fenilalanina).
A cobertura deste rastreio é na ordem dos 100 por cento. Criado em 1979, o Programa Nacional de Diagnóstico Precoce começou por incluir inicialmente apenas o rastreio da fenilcetonúria.
Este rastreio é realizado mediante recolha de sangue, através de uma picada no pé do bebé, que deve ser recolhido entre o terceiro e o quinto dia de vida.
Fonte: Terras do Homem, em 20-01-2011

Sem comentários: