O decréscimo do número de nascimentos no distrito de Braga em 2010 pode ter ficado a dever-se a questões ligadas à actual crise, afirmou à agência Lusa um investigador do Instituto de Ciência Sociais da Universidade do Minho.
Paulo Nossa explicou que “os condicionamentos socioeconómicos” actuais podem levar as “mulheres a adiar por um ou dois anos o nascimento do primeiro filho”.
Um adiamento que é possível porque as mulheres do distrito ainda “não entraram na idade crítica para terem filhos tendo assim margem para poder adiar os nascimentos”, esclareceu.
Portugal registou um aumento de 1.900 nascimentos em 2010, em relação ao ano anterior, com subidas mais significativas nos distritos de Lisboa, Porto, Coimbra, Leiria e Setúbal, e descidas acentuadas nos distritos de Braga, Aveiro e Viana do Castelo.
Na opinião do professor Paulo Nossa “os efeitos do sentimento de crise ao nível dos nascimentos [só] vão ser sentidos em 2011”.
Para explicar o aumento da natalidade em 2010, disse que “a perceção da crise apareceu do meio de 2010 para a frente, quando as decisões sobre a gravidez já estavam tomadas”.
Sobre Braga, o professor universitário esclareceu que “sendo o distrito, um dos com maior percentagem de jovens do país”, o decréscimo nos nascimentos “pode querer d izer alguma coisa em relação à confiança para o futuro”.
Paulo Nossa levanta a possibilidade de se estar perante um “fenómeno cumulativo”.
Por um lado há a questão do calendário biológico, que permite adiar os nascimentos “porque a população é estruturalmente mais jovem”, e por outro, a taxa de frequência do ensino superior que pode “contribuir para agravar este adiamento”, já que os distritos com uma maior frequência do ensino superior “tendem a adiar os nascimentos por comparação com outros onde a população tem menos formação”.
No Distrito de Braga, pelo menos dois concelhos têm em curso programas de incentivo à natalidade - Terras de Bouro e Vieira do Minho.
Em Terras de Bouro, desde Janeiro de 2009 que existem incentivos municipais à natalidade. A autarquia paga aos pais 600 euros pelo primeiro filho, 900 pelo segundo e 1200 pelo terceiro, para quem resida no concelho há mais de um ano.
“Apesar da crise, o programa continua em 2011”, destacou o presidente da Câmara.
Joaquim Viana reconhece que “os resultados ainda não são muito visíveis até porque não é muito dinheiro, mas é o que a câmara pode dispensar”.Em Vieira do Minho existe, desde Janeiro de 2010, o programa de incentivo à natalidade 'Vieira Nascer' que já atribuiu apoios pelo nascimento de 76 crianças, num total de 70.500 euros.
Os incentivos financeiros são aqui de 1000 euros para o primeiro e segundo filho e de 500 euros a partir do terceiro.
Fonte: Correio do Minho, em 1-01-2011
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