domingo, 7 de abril de 2013

«Homicídio da Professora Maria da Luz»: «Ex» do arguido justificou divórcio

Mónica Durão, a ex-mulher do arguido acusado de ter assassinado a professora Maria da Luz, em Maio de 2012, num apartamento em Maximinos, revelou em audiência de julgamento que Filipe Amorim ameaçou suicidar-se quando ela o informou que se ia embora por ter deixado de gostar dele.
A revelação foi feita no decurso do julgamento colectivo com jurados, quinta-feira à tarde, quando ele teve de responder às questões postas pela procuradora do Ministério Público sobre o ambiente de casal no período em que Mónica Durão esteve casada com o arguido Filipe Amorim.
O casal divorciou-se em 2009, dois meses depois da separação e dessa relação há um filho com seis anos de idade que vive com a mãe.
Arrolada pela defesa de Filipe Amorim, de 35 anos, actualmente em prisão preventiva, Mónica Durão iniciou o seu depoimento respondendo às perguntas feitas pelo advogado Pedro Miguel Branco, mandatário judicial do seu ex-marido.
A relação entre Filipe Amorim e o seu filho João Pedro “é muito boa” e durante os 12 anos do matrimónio nunca se registaram problemas financeiros, tendo sido poucas as discussões entre marido e mulher — disse a testemunha de Leça do Balio.
“Filipe não era gastador, tendo deixado de fumar antes do filho nascer”, acrescentou a testemunha de defesa ao colectivo presidido pela juíza Luísa Alvoeiro. Mónica e o pequeno João Pedro costumam visitar Filipe Amorim no estabelecimento prisional em que se encontra a aguardar o desfecho do seu julgamento.
As declarações de Mónica sobre a ausência de problemas financeiros foram corroboradas por outras das testemunhas que a defesa apresentou nesta audiência de julgamento na Vara Mista, nomeadamente amigos de infância e um ex-colega com quem trabalhou durante nove anos numa conhecida empresa de tintas a que o arguido se encontra ainda ligado.
Tais depoimentos contrariam, assim, a versão segundo a qual um dos motivos que reforçava o apego de Filipe Amorim à Maria da Luz seria o dinheiro, por esta ser professora, filha de emigrantes em França, uma vez que ele era gastador, com dificuldades em pagar a pensão de alimentos ao filho João Pedro.
Mónica disse ter ficado surpreendida com a informação que lhe chegou, segundo a qual o ex--marido matara a sua nova companheira, Maria da Luz, à facada.
Respondendo ao advogado da família da vítima, Luís Alberto Domingues, Mónica Durão revelou ter sido ela quem tomou a iniciativa de deixar Filipe Amorim, explicando à procuradora Graça Braga os motivos que sustentaram a separação e o consequente divórcio do casal.
“Eu disse-lhe que já não gostava dele”
Graça Braga decidiu então voltar ao passado de Mónica-Filipe, pedindo à testemunha para explicar o que levara, numa certa noite, a irmã do arguido a pedir a intervenção da polícia.
“Naquela altura eu disse que já não gostava dele”, respondeu Mónica à magistrada, recordando ter explicando ao seu ex-marido haver uma outra pessoa na sua vida. Como o agora arguido a ameaçou suicidar-se se ela se fosse embora, Mónica chamou então a sua cunhada, irmã de Filipe, para ele ficar acompanhado.
“Ele tinha ciúmes porque eu trabalhava com homens”, explicou Mónica à procuradora. Com homens no sector da gestão de stocks.
“Eu não queria que ele acabasse com a vida dele por mim”, acrescentou Mónica, explicando em seguida ao juiz -‘asa’ João Coelho que, nessa noite, Filipe Amorim ficou de tal maneira alterado que teve de ser levado ao hospital.
Em todo o caso, a procuradora requereu certidão com o relato da autoridade policial sobre os factos ocorridos nessa referida noite. Mais um pormenor: Mónica revelou também que o pequeno João Pedro gostava da Maria da Luz.
No encerramento desta sessão, mulheres vindas de Monção gritaram, no átrio da sala de audiências, repetidamente, a palavra “assassino” quando o arguido abandonou a sala, de regresso escoltado à cadeia. O julgamento prossegue na manhã do próximo dia 22 deste mês.
Fonte: Correio do Minho, em 7-04-2013

Sem comentários: