Traçando um “balanço muito positivo” da gestão autárquica do executivo por si liderado, nos últimos quatro anos, o presidente da Câmara de Terras de Bouro e recandidato ao cargo pelo PS, Joaquim Cracel lembra que assumiu funções “no momento mais difícil do nosso país, no período da democracia”. Garante que, graças ao apoio e preocupação social do município, “muitas famílias carenciadas estão a conseguir enfrentar a atual crise”. Para os próximos quatro anos, quer privilegiar áreas como a ação social, o emprego, o turismo, a agricultura, a educação, a cultura, a qualidade de vida, a coesão entre as freguesias e o equilíbrio financeiro do município.
Terras do Homem: Ao fim de quatro anos no comando dos destinos de Terras de Bouro, quais as prioridades de atuação para o próximo mandato, caso venha a ser novamente eleito presidente do município?
Joaquim Cracel: A nossa atuação no próximo mandato autárquico assentará nos princípios e nas linhas orientadores que apresentámos nas últimas eleições autárquicas, mas agora com mais objetividade e eficácia, graças à nossa experiência política. As nossas propostas centrar-se-ão na ação social, no emprego, no turismo, na agricultura, na educação, na cultura, na qualidade de vida, na coesão entre as freguesias e no equilíbrio financeiro do município. Vamos manter o rumo que traçamos em 2009, que tem dados bons resultados, mas sempre atentos às novas circunstâncias e realidades. Já demos provas da nossa capacidade para gerirmos bem o nosso concelho.
TH: Pode concretizar com algumas medidas específicas que pretenda tomar no próximo mandato?
JC: Continuaremos a colocar as pessoas em primeiro lugar. Para isso, apostaremos na ação social, alargando as respostas do Centro Municipal de Valências de Apoio à Comunidade. Continuaremos a prestar o apoio no âmbito da habitação, educação e combate contra a pobreza. Promoveremos e participaremos em projetos sociais para idosos. Apoiaremos, como até aqui, todas as instituições do concelho que prestam apoio social.
Continuaremos empenhados na promoção e criação de emprego que é o principal problema social. Neste sentido, insistiremos nos incentivos à instalação de estruturas económicas em Terras de Bouro que criem postos de trabalho, fomentaremos o emprego através de Contratos Emprego/Inserção e estágios profissionais. Graças ao nosso apoio e preocupação social, muitas famílias carenciadas estão a conseguir enfrentar a atual crise.
O turismo surge como uma oportunidade estratégica para o desenvolvimento económico e a criação de emprego. Terras de Bouro, por si só e também devido à projeção do nome Gerês, é um território de turismo único, onde se conjugam a diversidade paisagística, cultural e patrimonial com o termalismo e o bem-estar, a hotelaria, a restauração e o lazer. Continuaremos a dinamizar os Postos de Turismo e o Núcleo Museológico. Promoveremos atividades culturais, desportivas e recreativas, os trilhos pedestres, as festas, feiras de gastronomia e das tradições do mundo rural e exposições. Participaremos em eventos de divulgação do concelho, como a Bolsa de Turismo de Lisboa e a Feira de Nanterre, em Paris. Aprofundaremos a dinâmica do Conselho Municipal de Turismo que tem colaborado no planeamento e nas linhas orientadoras para o futuro da atividade turística no concelho.
Continuaremos a assumir o setor agrícola como um vetor fundamental de emprego e de economia familiar. Temos no nosso concelho muitas famílias que vivem dos rendimentos do trabalho na agricultura, pecuária e silvicultura. Para podermos apoiar eficazmente o setor agrícola, manteremos a dinâmica do Gabinete de Apoio ao Agricultor que tem sido um êxito e que oferece aos agricultores vários serviços de forma gratuita: candidaturas a apoios financeiros, candidaturas de projetos agrícolas, programas de formação e informação, apoio jurídico, organização de eventos.
Ao longo dos últimos quatro anos, este Gabinete elaborou cerca de três mil candidaturas para ajudas ao rendimento, ajudas animais, apoio ao pastoreio extensivo, medidas agro e silvo-ambientais e manutenção da atividade agrícola em zonas desfavorecidas. Deste modo, entraram no concelho muitas centenas de milhares de euros.
Continuaremos a apostar na qualidade de vida, alargando a rede de saneamento básico, concretizando mais pavimentações e melhorando as condições de vida de todos os munícipes.
TH: Olhando também para o passado, como avalia os últimos quatro anos de gestão autárquica em Terras de Bouro?
JC: Faço um balanço muito positivo, apesar de termos assumido funções no momento mais difícil do nosso país no período da Democracia. Neste momento de enormes dificuldades económicas, o mais importante é ajudar as pessoas e as instituições. Se não fosse o nosso apoio e dedicação, muitas pessoas e instituições estariam a viver momentos ainda mais difíceis.
Orgulhamo-nos do nosso empenho e dos resultados na ação social, no apoio a todas as instituições sociais, culturais e desportivas do concelho. Assumimos o turismo e a agricultura como oportunidades estratégicas para o desenvolvimento económico e criação de emprego. Para melhorarmos a qualidade de vida dos munícipes, apostámos na melhoria das acessibilidades (requalificámos e pavimentámos cerca de cinquenta estradas e ruas) e no alargamento das redes de água e de saneamento. Procedemos à requalificação de vários espaços públicos. Concluímos e pagámos 1.084.000 euros da piscina municipal. Concluímos e pagámos 480.000 euros do pavilhão municipal, requalificámos recintos desportivos (Parque Desportivo do Gerês), construímos o Balcão Único de Atendimento, requalificámos o edifício antigo dos Paços do Concelho, construímos casas mortuárias, etc.
Assumimos a gestão financeira do nosso município com rigor, assentando as nossas decisões em dois pilares fundamentais: os fundos financeiros disponíveis e a seleção criteriosa das obras mais úteis ou necessárias. O nosso município é dos poucos que não precisa de qualquer saneamento financeiro. Estamos entre os dez melhores municípios portugueses no cumprimento das obrigações financeiras. Sentimos orgulho nisso.
TH: Que outros projetos estão em andamento e não queria ver interrompidos?
JC: Elaborámos o projeto e apresentámos candidatura aos fundos comunitários para a requalificação da Vila Termal do Gerês, em setembro de 2011. Só em abril de 2013, esse projeto foi aprovado. Estamos a preparar a sua concretização até maio de 2014. Quanto ao Parque da Vila na sede do concelho, em 2010 reformulámos esse projeto e solicitámos a sua aprovação pelo ON.2 – Autoridade de Gestão dos Fundos Comunitários no Norte do país. Infelizmente, esse projeto foi incluído na “operação limpeza” do QREN, levada a cabo pelo governo. Aguardamos a sua aprovação definitiva para darmos início à sua execução. Temos ainda outros projetos, como a construção de um açude no Rio Homem, a construção da variante em Covide, a construção da ecovia Rio Caldo-Gerês, a construção da praia fluvial no Alqueirão – Vilar da Veiga, o alargamento da rede de saneamento básico, etc.
TH: A desertificação é um dos grandes flagelos do concelho. Como pode uma autarquia travar essa realidade crescente e contrariar os efeitos da crise?
JC: Para combater a perda de população do concelho, promovemos o emprego, os incentivos à fixação de jovens e o apoio à natalidade. Já referi atrás que insistiremos nos incentivos à instalação de estruturas económicas em Terras de Bouro que criem postos de trabalho. Fomentaremos o emprego através de Contratos Emprego/Inserção e de estágios profissionais.
A criação de emprego depende sobretudo da evolução da economia a nível nacional. As autarquias podem atenuar a falta de emprego, mas não podem resolver definitivamente o flagelo social que é o desemprego.
TH: Recentemente têm surgido críticas à gestão que este executivo fez dos equipamentos municipais e à quebra da receita advinda dos mesmos, entrando, alegadamente, essa gestão numa situação de prejuízo. Como explicar esse decréscimo de receitas?
JC: São críticas injustas porque infundadas. Quanto aos prejuízos verificados em alguns equipamentos da Câmara Municipal, devo referir o seguinte: há erros nos relatórios de contas desses equipamentos dos anos anteriores (por exemplo, as despesas com os combustíveis não eram consideradas) e hoje a contabilidade do Município é muito mais eficaz. Mas é natural que em momentos de crise económica as estruturas e equipamentos turísticos vejam diminuídas as suas receitas. Refira-se que o executivo atual, atento à situação de crise económica que afeta os comerciantes arrendatários de alguns equipamentos municipais, reduziu em 30% as rendas mensais, o que se traduziu numa significativa diminuição das receitas, mas com essa medida ajudou muitos comerciantes que estavam em vias de fechar as portas dos estabelecimentos comerciais.
Parte da solução no Centro de Saúde
TH: E em relação às obras do Centro de Saúde de Moimenta. Muitos acham que o município tem-se remetido ao silêncio. Como tem acompanhado o processo?
JC: O Município tem acompanhado as obras do Centro de Saúde de Terras de Bouro com preocupação, pois tem-se verificado um grande atraso na sua concretização. As obras estão em curso, mas muito lentamente. Como sabe, as obras são da responsabilidade da ARS Norte e devemos estar gratos pelas mesmas. Há muitos anos que essas obras eram necessárias. Como presidente da Câmara, conheço os problemas que se prendem sobretudo com a empresa adjudicatária. Fazer comunicados de protesto sobre o atraso das obras não resolve o problema. Nós queremos e temos sido parte da solução e não da agitação.
A marca «Gerês»
TH: Qual o ponto forte de um concelho como o de Terras de Bouro?
JC: O nosso património natural, cultural, histórico, termal e religioso. Sendo já uma referência no turismo nacional, sobretudo pela marca «Gerês», Terras de Bouro tem condições para ser um destino turístico por excelência a nível internacional. É esse um grande desafio que se coloca aos autarcas e às entidades privadas.
Mas Terras de Bouro não é só natureza. O nosso património cultural e histórico (a via romana da Geira, museus, etc.), as termas da vila do Gerês e de Moimenta, o Santuário do São Bento da Porta Aberta e outros locais religiosos, como o Bom Jesus das Mós e a Senhora do Livramento, enriquecem este concelho. O nosso povo também é um “ponto forte”: um povo lutador, honrado e resistente, orgulhoso do passado e com os olhos no futuro.
Empenho e disponibilidade para todos
TH: Sensivelmente a meio deste mandato, surgiu a dúvida se deveria recandidatar-se ao cargo de presidente do município, nestas eleições. Por momentos, ainda ponderou uma não recandidatura. O que o fez mudar de ideias?
JC: Era minha intenção não me recandidatar ao cargo de presidente da Câmara. Cheguei mesmo a divulgar publicamente essa intenção. Mas é verdade que muitas pessoas me abordaram para que eu reconsiderasse essa intenção e apresentaram-me fortes argumentos. Senti o apoio e o apelo de muita gente e de muitos dirigentes distritais e nacionais do PS para me recandidatar. Não podia desiludir todos aqueles que sempre estiveram do nosso lado e que nos incentivaram ao longo deste mandato autárquico. Sei, sobretudo, que há um projeto e um trabalho que merecem ser continuados a favor do nosso concelho.
Toda a gente sabe e compreende que na nossa vida há momentos de abatimento. O importante é reagir às adversidades, enfrentar as dificuldades e lutar por projetos que engrandeçam o nosso concelho e melhorem a qualidade de vida das pessoas.
TH: Qual o maior trunfo que considera ter para vencer estas eleições?
JC: Ao longo deste meu primeiro mandato autárquico, demonstrei empenho, disponibilidade para todos os munícipes, preocupação social e competência na gestão do Município. Preocupei-me sobretudo com as pessoas e os seus problemas. Concretizámos obras e fomos rigorosos na gestão financeira do Município. São os nossos trunfos.
Perfil
Nome: Joaquim José Cracel Viana
Idade: 51 anos
Estado civil: Casado
Filhos: dois rapazes
Habilitações literárias: Mestrado em Línguas e Literaturas Clássicas
Passatempos: Caça, pesca, futebol
Destino de férias de sonho: Não tenho
Prato e bebida preferidos: Cabrito assado e vinho verde branco
Leituras: Romances de escritores portugueses e estrangeiros
Fonte: Terras do Homem, em 12-09-2013
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