O governo quer criar um condições para favorecer o cultivo e comercialização de produtos dos pequenos produtores locais. A revelação foi feita pelo secretário de Estado das Florestas e do Desenvolvimento Rural, Daniel Campelo, que no sábado interveio no seminário ‘Pequenos Frutos - Uma alternativa para a região’, uma iniciativa promovida pela Associação de Desenvolvimento das Terras Altas do Homem, Cávado e Ave (ATAHCA) e que teve lugar no auditório da Escola Profissional Amar Terra Verde.
De acordo com Daniel Campelo, estarão a ser estudadas propostas que permitam, no futuro, comercializar, por exemplo, o frango que se cria, ou as compotas e licores que produzem em casa. O governante apelou aos jovens para que continuem a produzir e a cultivar as terras, de forma a tornar o país autossustentável.
No decurso da sua intervenção, Campelo abordou ainda temas como a dependência portuguesa de bens alimentares, face ao exterior e a necessidade da aposta no associativismo, como forma, por exemplo, de voltar a ser rentável uma atividade profissional centrada na agricultura, que permita, a longo prazo, um repovoamento das zonas rurais.
Mirtilo e outros: uma saída para a crise
A produção de pequenos frutos, com destaque para o mirtilo, é uma atividade em crescimento no Minho, sendo “abraçada” inclusive por jovens licenciados, que nela veem uma “excelente” saída profissional face à crescente procura dos mercados internacionais.
“Nos países nórdicos, por exemplo, o consumo do mirtilo e de outros pequenos frutos aumentou em 300 por cento. Portugal tem condições de solo e de clima para pôr no mercado produtos de excelente qualidade e para se assumir como um país competitivo”, disse Fernanda Machado à Lusa.
Aos 37 anos de idade, Fernanda Machado, licenciada em enologia, decidiu mudar de vida e, em janeiro, começou a dedicar-se à produção de mirtilo e framboesa, em Guimarães, num terreno arrendado, com 1,6 hectares.
“Já exerci enologia, depois fiz consultadoria, mas agora é nesta fileira que espero ficar, por muitos e bons anos”, referiu.
Candidatou-se ao PRODER e conseguiu um financiamento de 45 por cento para o investimento que fez (80 mil euros), além de um prémio de jovem agricultora no valor de 40 mil euros.
No próximo ano, conta já colher quatro toneladas de mirtilo, uma produção que daqui a quatro anos subirá para as 14 toneladas.
“Noventa e cinco por cento da minha produção, ou mesmo a totalidade, será para exportação”, assegurou.
Garantiu que a produção “é rentável” e “suporta bem os custos”, sublinhando que o principal problema se centra no transporte do produto para o estrangeiro.
Para Fernanda Machado, a solução para este problema passa pelo aumento do número de produtores, para que ali se produzam frutos capazes de encher um camião.
“Se não conseguimos escoar o produto em fresco, temos de o congelar, registando-se logo uma desvalorização muito grande. O valor do fruto pode chegar a três vezes menos”, disse.
Enfatizou que o mirtilo é procurado não só para a alimentação, mas também para a indústria farmacêutica, uma vez que se assume como “o melhor produto anti-envelhecimento que existe no mercado”.
José Martino, da Espaço Visual - Consultores de Engenharia Agronómica, disse à Lusa que a procura pela produção de pequenos frutos “disparou” nos últimos tempos no distrito de Braga, tendo só o seu gabinete enquadrado 10 projetos, já aprovados pelo PRODER, no valor total de um milhão de euros.
“Só para se ter uma pequena noção do impacto desta atividade, posso dizer que no período da colheita, que durará até um mês e meio, poderão estar envolvidas 18 a 20 pessoas”, referiu.
Airton Cerqueira já leva 10 anos de produção “a sério” de pequenos frutos, entre mirtilo, framboesa e amora.
Atualmente colhe uma tonelada e meia de mirtilo, entre 10 a 15 toneladas de framboesa e uma tonelada de amora.
Sessenta por cento é para exportação, para França, Bélgica e Holanda, estando também já a “espreitar” o mercado alemão.
“Continua a ser uma fileira muito rentável, mas agora dá bastante menos do que há uns anos atrás, porque o preço de venda mantém-se e os custos de produção subiram exponencialmente”, referiu.
Um colhedor, por exemplo, há uma década receberia “100 escudos” [50 cêntimos] por cada quilo de fruto, quando agora cobra o dobro.
“Depois, há os custos do gasóleo, eletricidade, transportes e tudo o mais, mas mesmo assim isto dá. Um jovem que estiver à rasca e tiver vontade de trabalhar, que se agarre a isto que não vai passar fome”, salientou.
Fonte: Terras do Homem, em 29-03-2012
De acordo com Daniel Campelo, estarão a ser estudadas propostas que permitam, no futuro, comercializar, por exemplo, o frango que se cria, ou as compotas e licores que produzem em casa. O governante apelou aos jovens para que continuem a produzir e a cultivar as terras, de forma a tornar o país autossustentável.
No decurso da sua intervenção, Campelo abordou ainda temas como a dependência portuguesa de bens alimentares, face ao exterior e a necessidade da aposta no associativismo, como forma, por exemplo, de voltar a ser rentável uma atividade profissional centrada na agricultura, que permita, a longo prazo, um repovoamento das zonas rurais.
Mirtilo e outros: uma saída para a crise
A produção de pequenos frutos, com destaque para o mirtilo, é uma atividade em crescimento no Minho, sendo “abraçada” inclusive por jovens licenciados, que nela veem uma “excelente” saída profissional face à crescente procura dos mercados internacionais.
“Nos países nórdicos, por exemplo, o consumo do mirtilo e de outros pequenos frutos aumentou em 300 por cento. Portugal tem condições de solo e de clima para pôr no mercado produtos de excelente qualidade e para se assumir como um país competitivo”, disse Fernanda Machado à Lusa.
Aos 37 anos de idade, Fernanda Machado, licenciada em enologia, decidiu mudar de vida e, em janeiro, começou a dedicar-se à produção de mirtilo e framboesa, em Guimarães, num terreno arrendado, com 1,6 hectares.
“Já exerci enologia, depois fiz consultadoria, mas agora é nesta fileira que espero ficar, por muitos e bons anos”, referiu.
Candidatou-se ao PRODER e conseguiu um financiamento de 45 por cento para o investimento que fez (80 mil euros), além de um prémio de jovem agricultora no valor de 40 mil euros.
No próximo ano, conta já colher quatro toneladas de mirtilo, uma produção que daqui a quatro anos subirá para as 14 toneladas.
“Noventa e cinco por cento da minha produção, ou mesmo a totalidade, será para exportação”, assegurou.
Garantiu que a produção “é rentável” e “suporta bem os custos”, sublinhando que o principal problema se centra no transporte do produto para o estrangeiro.
Para Fernanda Machado, a solução para este problema passa pelo aumento do número de produtores, para que ali se produzam frutos capazes de encher um camião.
“Se não conseguimos escoar o produto em fresco, temos de o congelar, registando-se logo uma desvalorização muito grande. O valor do fruto pode chegar a três vezes menos”, disse.
Enfatizou que o mirtilo é procurado não só para a alimentação, mas também para a indústria farmacêutica, uma vez que se assume como “o melhor produto anti-envelhecimento que existe no mercado”.
José Martino, da Espaço Visual - Consultores de Engenharia Agronómica, disse à Lusa que a procura pela produção de pequenos frutos “disparou” nos últimos tempos no distrito de Braga, tendo só o seu gabinete enquadrado 10 projetos, já aprovados pelo PRODER, no valor total de um milhão de euros.
“Só para se ter uma pequena noção do impacto desta atividade, posso dizer que no período da colheita, que durará até um mês e meio, poderão estar envolvidas 18 a 20 pessoas”, referiu.
Airton Cerqueira já leva 10 anos de produção “a sério” de pequenos frutos, entre mirtilo, framboesa e amora.
Atualmente colhe uma tonelada e meia de mirtilo, entre 10 a 15 toneladas de framboesa e uma tonelada de amora.
Sessenta por cento é para exportação, para França, Bélgica e Holanda, estando também já a “espreitar” o mercado alemão.
“Continua a ser uma fileira muito rentável, mas agora dá bastante menos do que há uns anos atrás, porque o preço de venda mantém-se e os custos de produção subiram exponencialmente”, referiu.
Um colhedor, por exemplo, há uma década receberia “100 escudos” [50 cêntimos] por cada quilo de fruto, quando agora cobra o dobro.
“Depois, há os custos do gasóleo, eletricidade, transportes e tudo o mais, mas mesmo assim isto dá. Um jovem que estiver à rasca e tiver vontade de trabalhar, que se agarre a isto que não vai passar fome”, salientou.
Fonte: Terras do Homem, em 29-03-2012
Sem comentários:
Enviar um comentário