quarta-feira, 12 de outubro de 2011

João Menezes: Gestão de parques deve ter contributo de privados

João Menezes, ex-presidente do Instituto Nacional de Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB), acredita que a actual mudança orgânica da tutela pode ser uma oportunidade para a conservação da natureza. Mas tudo depende do que for feito daqui para a frente.
«O ICNB, na prática, já funcionava como uma direcção-geral, pelo que em termos gerais, não vejo que isso venha a ser um problema ou a dificultar a regulamentação», sublinha o professor universitário. O problema pode estar, aponta, nas áreas protegidas, mais concretamente nos parques.
«Até agora sabe-se que as autarquias vão ter uma maior participação na gestão dos parques, mas não se sabe em que isto se traduz. Penso que isto pode acontecer para os parques mais pequenos, mas os de dimensão nacional não, caso contrário pode significar a sua destruição», adverte o especialista. É que as autarquias têm sempre de lidar com uma variedade de «interesses», que é «difícil gerir». Assim, para João Menezes, esta era uma oportunidade para fazer a ligação com uma das actividades económicas mais rentáveis e que mais beneficia com a correcta gestão florestal: o papel. «Parques como Gerês, Montesinho ou Sudoeste Alentejano podiam ganhar muito com uma gestão diferente, mais de cariz empresarial, em que as papeleiras interviessem, ou seja, atraindo actividades económicas com regras muito bem definidas.
A Finlândia é um país onde este tipo de gestão é levado ao extremo, com a indústria papeleira a ter uma política muito forte em matéria de conservação da natureza e das florestas», salienta reiterando que os privados podem melhorar a gestão dos parques nacionais.
Mais problemático parece ser a junção das inspecções das duas áreas – florestal e ambiental. Ainda não se conhece o figurino final desta fusão, mas João Menezes não acredita que seja possível, como referiu a tutela, conseguir assim mais meios.
«Parece-me que a solução é mais do género: dar mais trabalho a quem já tem muito a fazer, e nessa perspectiva é muito complicado». Caso se consiga mobilizar mais meios para a fiscalização, aí, sim a solução representará uma melhoria significativa. Agora resta «esperar para ver».
Fonte: Ambiente Online em 12-10-2011

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