quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Ecoparque Braval revoluciona tratamento de resíduos

Pedro Machado nasceu, em Braga, a 6 de Agosto de 1967. Casado e com três filhos, este economista/gestor é filho de pai e mãe vilaverdenses, naturais de Ponte S. Vicente e Coucieiro, respectivamente. A viver actualmente em Braga, o administrador da Braval fez o seu percurso académico estudando na André Soares, Sá de Miranda, Alberto Sampaio e Instituto Superior de Gestão do Porto, antes de ingressar na Universidade do Minho, onde se licenciou em Gestão de Empresas.
Actualmente, desempenha as funções de Director-Geral da Braval, Vice-presidente da AIMinho, representante da AIMinho na Adrave e administrador do Centro de Valorização de Resíduos. Entretanto, já foi gerente da Escola Profissional de Braga, em representação da AIMinho, até à alienação por parte do Município, e presidente do SC Braga, entre 2003 e 2004, altura em que foram criadas as escolinhas do clube, com a colaboração de Álvaro Santos.
Onde reside?
Braga.
Profissão?
Economista/Gestor.
Últimas férias?
Em Ibiza.
Último hobby?
Jogar ténis.
Carro que usa?
Uma Mercedes, carrinha do modelo C.
Almoço de hoje?
Sardinha assada.
Que bebeu hoje?
Vinho maduro branco.
Perfume que usa?
Dior Homme.
Marca de roupa que usa?
Façonnable.
Último livro que leu?
‘Quem mexeu no meu queijo’.
Último filme que viu?
‘Inception’.
Onde gostaria de morar?
Braga.
Que profissão gostaria de ter?
A mesma.
Férias preferidas?
As últimas são sempre as melhores.
Passatempo preferido?
Fazer snowboard.
Carro que gostaria de ter?
Não morro de amores por grandes carros
Prato preferido?
Um prato típico, tipo o pica-no-chão.
Bebida preferida?
Vinho verde tinto, bom!
Perfume preferido?
O que uso actualmente, Dior Homme.
Marca de roupa preferida?
A que uso.
Livro preferido?
O ‘Diário de Anne Frank’.
Filme preferido?
‘Império do Sol’.O EcoParque Braval tornou-se, nos últimos anos, num “símbolo da região e num dos melhores exemplos do país no que toca ao tratamento do lixo”. A afirmação é de Pedro Machado, director geral da Braval, uma empresa multimunicipal que procede ao tratamento do lixo nos concelhos de Amares, Vila Verde, Terras de Bouro, Braga, Póvoa de Lanhoso e Vieira do Minho.
Depois de uma década a erradicar diversas lixeiras a céu aberto na região, a criar infra-estruturas que garantissem o tratamento do lixo aí existente e a recuperar os espaços onde pontificavam as lixeiras, a Braval passou a apostar na valorização de grande parte dos resíduos recolhidos nos seis concelhos da sua área de intervenção. Só no Vale do Homem foram destruídas oito lixeiras a céu aberto.
“Em 1996, havia a consciência de que tínhamos de deixar de ser terceiro-mundistas e criar um espaço para tratar o lixo convenientemente”, considerava Pedro Machado. “A existência de lixeiras a céu aberto era, inclusive, muito perigoso na altura do Verão, pela acumulação de bio-gás que, facilmente, provocava incêndios”, sustentou o responsável da Braval.
Para o administrador, dez anos depois da sua criação em 1996, a empresa deu um “salto qualitativo” nos serviços prestados, com a criação do designado EcoParque Braval. No seu entender, o ano de 2006 marcou a “alteração do paradigma no tratamento do lixo da região, o momento da alteração da qualidade de vida ambiental das populações”.
Nesta altura, a empresa tinha já cerca de 800 ecopontos instalados em toda a região, cem dos quais subterrâneos.
No entender de Pedro Machado, a partir de então a missão passa a ser recuperar, tratar e valorizar grande parte dos resíduos sólidos urbanos. Pneus, resíduos eléctricos e electrónicos, resíduos industriais não perigosos, resíduos hospitalares não perigosos, óleo alimentar – posteriormente transformado em bio-diesel –, águas lixiviadas ou o bio-gás, todos estes materiais e muitos outros se tornaram resíduos que passaram a sofrer um tratamento com vista à sua valorização e posterior reutilização. Se até aqui, o mesmo aterro recebia todo o lixo urbano, agora, “todos os lixo estão a ser separados”.
O projecto da recolha de óleo, por exemplo, em vigor desde 2006, já chegou a ser considerado de “excelência” por várias entidades internacionais ligadas à área do tratamento do lixo.
A ideia, explica Pedro Machado, passa por conseguir atingir a meta da valorização de 60% dos resíduos urbanos”. Para o alcançar desses objectivos, já em Outubro deste ano a Braval irá proceder à inauguração da unidade de tratamento biológico e Central de Valorização Orgânica, que poderá ser entendida como “a cereja no topo do bolo”.
“O aterro sanitário deixa, assim, de ser uma personagem principal para ser um mero figurante e as outras personagens passam a ser as unidades transversais que visam valorizar os resíduos”, explicou Pedro Machado.
Valorizar 60% dos resíduos
Em 2010, foram 17 mil as toneladas de vidro, papel e embalagens que foram recolhidas, para reciclagem, através dos ecopontos Braval. Contudo, o objectivo passa por conseguir recolher e tratar 25 mil toneladas, que representam 25% dos resíduos. Para além de reciclar cerca de 25% desses materiais, o Eco Parque Braval pretende, ainda, valorizar 40% dos resíduos recolhidos.
Para garantir a prossecução dos objectivos traçados pela União Europeia, a Braval “tornou-se no sistema multimunicipal com melhor rácio, a nível mundial, de ecopontos per capita”. Ao todo, são 1600 ecopontos, espalhados pelos seis concelhos, 400 dos quais subterrâneos. “Fizemos muito em pouco tempo, mas queremos mais”, assegurou Pedro Machado.
“Fazer mais” passa, essencialmente, por conseguir valorizar 40% dos resíduos, conseguindo transformá-los, por exemplo, em “1,1 megawatts de energia”, proveniente do bio-gás do aterro, “considerado um problema enorme até 1996”. “Um bem que não tinha nenhum valor e que até era prejudicial para o ambiente, passou a ser valorizar e convertido em energia eléctrica. Foi isto que nós fizemos com este Ecoparque”, explicou o administrador da Braval.
A braval é, no entender de Pedro Machado, “um dos cinco melhores exemplos de Portugal na recolha e tratamento de resíduos”. “Com a unidade de CVO e tratamento mecânico-biológico, que vai ser inaugurada em Outubro, vamos tornar-nos num excelente modelo”, concluiu.
Esta Central de Valorização Orgânica permitirá triar todo o lixo proveniente da casa das pessoas, que não é ainda separado, sendo este processo feito através de um processo mecânico e biológico. A matéria orgânica irá para uns grandes “digestores” que farão biomassa, conseguindo-se assim o bio-gás e, posteriormente, a energia eléctrica.
Tarifa do lixo mais baixa de Portugal
Nos dias que correm, as pessoas “têm muito mais enraizadas as questões da sensibilização ambiental”, principalmente a franja mais jovem da população. A ideia é defendida por Pedro Machado, que ainda se mostra “chocado” com a relutância de algumas pessoas em relação ao processo de reciclagem e valorização dos resíduos.
“Ainda há muita gente que se está a ‘marimbar’ para a questão do meio ambiente, por puro egoísmo, ego-centrismo ou, até mesmo, comodismo. Provavelmente, não pensam que quanto mais separarmos, menor tarifa de lixo vamos pagar nas nossas contas em casa”, considerou o gestor. Actualmente, os municípios da área de actuação da Braval têm em prática, a tarifa de lixo mais baixa do país – de entre os municípios que taxam este serviço.
Incineradora a Noroeste do país
Os apenas cerca de 40% de resíduos que não são, para já, valorizáveis, são automaticamente encaminhados para o comum aterro do EcoParque Braval, “a estrutura própria para os receber”. No entanto, no entender de Pedro Machado, é “triste” que seja esse o seu destino.
O administrador da Braval defende, aliás, uma solução conjunta para toda a área Noroeste do país – num eixo que envolve Resulima, Valorminho, Resinorte e a multinacional que opera na região do Vale do Homem – que passaria pela criação de vários ecorparques em toda esta grande região, que permitisse a valorização de 60% dos resíduos urbanos. “Os restantes 40%, não valorizados em todos esses ecoparques, deveriam ser queimados numa incineradora para produzir energia eléctrica. Todas as grandes cidades têm incineradoras. Nós, sozinhos, não conseguiríamos alimentar essa incineradora, mas todos estes ecoparques juntos poderiam torná-la viável”, defendeu Pedro Machado.
Projecto para o futuro
Os problemas que os canis municipais dos seis concelhos de abrangência da Braval têm levantado, levaram já os responsáveis da empresa multimunicipal a pensar um projecto para a criação de um Canil/Gatil Intermunicipal e um Cremador de Animais de Companhia, em colaboração com associações protectoras dos animais. No caso do cremador de animais de companhia, este serviria essencialmente para que as famílias, que vissem os seus ‘amigos de quatro patas’ falecerem, pudessem recorrer à Braval para cremar os corpos de forma ambientalmente sustentável.
“Aceitar este desafio tornou-se numa lição de vida”
Terras do Homem: Porque aceitou liderar os destinos da Braval?
Pedro Machado: Acima de tudo porque acreditava que poderia ser um excelente e aliciante desafio. Apesar de ter liderado um processo complicado e muito trabalhoso, hoje os resultados são extremamente gratificantes. Foi uma verdadeira lição de vida e provou-me o quão importante são os ensinamentos que os nossos pais nos dão.
TH: Acha que os portugueses e as pessoas da região estão mais sensibilizados para a importância da reciclagem?
PM: Creio que cada vez mais. Apesar de ainda haver muita gente reticente e negativista, noto que as gerações mais novas estão muito informadas e sabem da importância deste processo, está-lhes enraizado.
TH: A sustentabilidade do planeta tem que passar pela reciclagem?
PM: Se nós não fizermos nada, o planeta está a prazo. Todas as acções que possam reverter o actual ciclo são importantes. Se repararmos, em poucos dias assistimos a variações de temperaturas inacreditáveis. Há que parar com esta degradação do planeta a que assistimos actualmente.
Fonte: Terras do Homem, em 4-08-2011

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