Publicamos crónica de Sandra Maria Pires Martins, terrabourense natural de Pergoim - Chamoim, que foi publicada no jornal Correio do Minho, no dia 24 de Agosto, quarta-feira.
Quando eu chegar ao poder, a primeira medida a tomar será distribuir motivação e esperança para toda a gente. Vou ao fundo do baú conhecer o que se pode oferecer, quais as tarefas a realizar e qual o caminho que podemos trilhar em busca do sucesso pessoal. Estou certa de que a realização individual conduz ao sucesso colectivo.
Sendo assim, proibirei demasiadas notícias sobre crise e catástrofes, principalmente à hora das refeições. Porque quem ainda tem o que comer, já nem consegue digerir e saborear o que tem à sua frente devido à crescente angústia que lhe incutem diariamente. E muitas vezes, nem sequer existe um fundamento; apenas especulações divulgadas como factos. Não é este o melhor caminho. Este tipo de situações apenas aumenta a descrença, a incerteza, o desespero e o desnorte colectivo. Arrisco a dizer que, em Portugal, existe uma crise não apenas económica, como aliás já foi adiantado por muitos. Existe uma crise que se reflecte nos círculos de amizade, nos raros momentos de convívio em contexto laboral e na própria vivência das pessoas consigo próprias.
Vivemos tempos conturbados, asfixiantes. Mas ainda não nos roubaram a vida! Essa que não podemos colocar em “pause”, essa que todos os dias se esgota um bocadinho sem que ninguém dê por isso. É isto que deve passar nas televisões: a certeza de que, enquanto houver comida na mesa e um tecto para morar, é imperativo valorizar quem nos rodeia e, essencialmente, valorizarmo-nos a nós próprios.
Estaríamos todos melhor se, além da melhoria de condições laborais, nos oferecessem um presente intitulado: “10 kg de esperança diária” ou “10 kg de momentos felizes”. Porque se estivermos à espera que passe a crise para decidirmos arriscar a nossa sorte e a nossa felicidade, estaremos permanentemente a viver à margem do que é a vida na sua essência. Ou do que deveria ser.
O que nos custa, mais do que ordenados baixos e condições precárias, é o peso que suportamos porque não conseguimos brincar com as nossas crianças. A tristeza presente nos olhos de quem já não aguenta o trabalho que tem e não sabe como enfrentar mais oito horas (ou mais) diariamente.
O que mais nos dói é este ambiente que nos asfixia com problemas, com tristezas e, mais grave do que isso, é a suposta certeza de que nunca vamos superar este ciclo. É a morte da esperança, essa que tanto precisamos de agarrar com unhas e dentes para conseguirmos acreditar que, um dia, as portas se abrirão, os sorrisos voltarão aos rostos e a corda já não estará na garganta. E os cintos não passarão de um acessório de moda.
Se há coisa que aprendi com o meu professor de História é que a economia se processa através de ciclos. Por isso, se estamos a passar uma fase conturbada, temos de arregaçar as mangas e enfrentá-la. Não adianta acusar, procurar culpados. E se, individualmente, não podemos equilibrar as contas do País, vamos equilibrar as contas emocionais lá de casa: abrace os seus filhos, mime o seu/sua parceiro/a, ligue aos amigos que já não vê há muito tempo e relembre o quão importantes são para si. Visite a sua família. Surpreenda alguém com um gesto de carinho. Não deixe que a crise económica o leve à solidão, assim a vida não faz sentido. Essa é a verdadeira crise do ser humano.
Por isso, no dia em que eu chegar ao poder, vai existir uma chuva de esperança, de fé e de motivação. Só assim se incrementará a produtividade; pessoas motivadas exercem o seu ofício com mais empenho, o que resultará num elevado nível qualitativo.
Banirei a palavra “crise”, “desistência” e “desespero”. Incutirei a certeza de que, existe o difícil para nos munirmos de força para o enfrentar. Existe o mau para sabermos que, um dia, possuímos o bom. Existe a tristeza para que saibamos distinguir o que vale a pena. E existe o amor para que saibamos que não somos números nem vivemos ao acaso.
Poderei contar com o seu voto?
Fonte: Correio do Minho, em 24-08-2011
Quando eu chegar ao poder, a primeira medida a tomar será distribuir motivação e esperança para toda a gente. Vou ao fundo do baú conhecer o que se pode oferecer, quais as tarefas a realizar e qual o caminho que podemos trilhar em busca do sucesso pessoal. Estou certa de que a realização individual conduz ao sucesso colectivo.
Sendo assim, proibirei demasiadas notícias sobre crise e catástrofes, principalmente à hora das refeições. Porque quem ainda tem o que comer, já nem consegue digerir e saborear o que tem à sua frente devido à crescente angústia que lhe incutem diariamente. E muitas vezes, nem sequer existe um fundamento; apenas especulações divulgadas como factos. Não é este o melhor caminho. Este tipo de situações apenas aumenta a descrença, a incerteza, o desespero e o desnorte colectivo. Arrisco a dizer que, em Portugal, existe uma crise não apenas económica, como aliás já foi adiantado por muitos. Existe uma crise que se reflecte nos círculos de amizade, nos raros momentos de convívio em contexto laboral e na própria vivência das pessoas consigo próprias.
Vivemos tempos conturbados, asfixiantes. Mas ainda não nos roubaram a vida! Essa que não podemos colocar em “pause”, essa que todos os dias se esgota um bocadinho sem que ninguém dê por isso. É isto que deve passar nas televisões: a certeza de que, enquanto houver comida na mesa e um tecto para morar, é imperativo valorizar quem nos rodeia e, essencialmente, valorizarmo-nos a nós próprios.
Estaríamos todos melhor se, além da melhoria de condições laborais, nos oferecessem um presente intitulado: “10 kg de esperança diária” ou “10 kg de momentos felizes”. Porque se estivermos à espera que passe a crise para decidirmos arriscar a nossa sorte e a nossa felicidade, estaremos permanentemente a viver à margem do que é a vida na sua essência. Ou do que deveria ser.
O que nos custa, mais do que ordenados baixos e condições precárias, é o peso que suportamos porque não conseguimos brincar com as nossas crianças. A tristeza presente nos olhos de quem já não aguenta o trabalho que tem e não sabe como enfrentar mais oito horas (ou mais) diariamente.
O que mais nos dói é este ambiente que nos asfixia com problemas, com tristezas e, mais grave do que isso, é a suposta certeza de que nunca vamos superar este ciclo. É a morte da esperança, essa que tanto precisamos de agarrar com unhas e dentes para conseguirmos acreditar que, um dia, as portas se abrirão, os sorrisos voltarão aos rostos e a corda já não estará na garganta. E os cintos não passarão de um acessório de moda.
Se há coisa que aprendi com o meu professor de História é que a economia se processa através de ciclos. Por isso, se estamos a passar uma fase conturbada, temos de arregaçar as mangas e enfrentá-la. Não adianta acusar, procurar culpados. E se, individualmente, não podemos equilibrar as contas do País, vamos equilibrar as contas emocionais lá de casa: abrace os seus filhos, mime o seu/sua parceiro/a, ligue aos amigos que já não vê há muito tempo e relembre o quão importantes são para si. Visite a sua família. Surpreenda alguém com um gesto de carinho. Não deixe que a crise económica o leve à solidão, assim a vida não faz sentido. Essa é a verdadeira crise do ser humano.
Por isso, no dia em que eu chegar ao poder, vai existir uma chuva de esperança, de fé e de motivação. Só assim se incrementará a produtividade; pessoas motivadas exercem o seu ofício com mais empenho, o que resultará num elevado nível qualitativo.
Banirei a palavra “crise”, “desistência” e “desespero”. Incutirei a certeza de que, existe o difícil para nos munirmos de força para o enfrentar. Existe o mau para sabermos que, um dia, possuímos o bom. Existe a tristeza para que saibamos distinguir o que vale a pena. E existe o amor para que saibamos que não somos números nem vivemos ao acaso.
Poderei contar com o seu voto?
Fonte: Correio do Minho, em 24-08-2011
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