Arranjar um lugar para estacionar junto à Igreja Paroquial de Moimenta era como procurar uma agulha no palheiro. Trinta minutos antes do início do encontro e já a azáfama era grande. Lá dentro trabalhavam-se os últimos pormenores para tudo sair perfeito. Cá fora a romaria era intensa. O concelho reuniu-se para quatro horas de música e encanto, para mais uma edição do Encontro de Cantares de Natal e de Reis.
Vieram de praticamente todas as freguesias. Grupos, bandas associações, pequenos cantores. Como um puzzle que se vai juntando as peças, para demonstrar a representação cultural e musical de Terras de Bouro. Um verdadeiro espólio escondido em pleno Parque Nacional. Um deleite para os forasteiros.
Expressões e gestos, ritmos, frenesim e aplausos. Veias que crescem com os primeiros acordes, trazidos pela Banda Musical de Carvalheira. Datada de 1839, cuja origem surgiu de uma tuna ou orquestra de capela organizada pela padre António José Correia. Nos seus primeiros tempos foi mesmo conhecida por Orquestra do Padre do Tomé, mas posteriormente adquiriu o nome de Música da Carvalheira.
A abertura foi com uma marcha de concerto. Sob a batuta do maestro António Luís ouviu-se o ‘Maestro João Neve’ de Alberto Madureira. A concentração trouxe uma viagem pelos sentidos, pela audição, pela mente. Aos quatro cantos do concelho, pelo mundo fora. O estado de alma renovava-se e entravam as trompetes em acção. Sempre ao ritmo da batuta, com a companhia da bateria e pandeireta. Um ritmo suave, ao estilo de um conto de Natal ou daqueles domingos de Inverno em frente à televisão, de lareira acesa, a assistir à Julia Andrews no filme ‘Música no Coração’, como se da primeira vez se tratasse.
Joaquim Cracel Viana sorria na primeira fila. Vibrava em conjunto com um auditório cheio. De pé, sentados, encostados à parede, em todos os cantos da Igreja.
O sol entrava pelos vitrais e entrava também ‘O Bom, o Mau e o Vilão’ de Morricone. Vem um frio à espinha, os semblantes ficaram mais carregados. Estáticos até. Muda o ritmo e dois irmãos sussurram entre si. Ambos de boca aberta. Olhavam para os instrumentos, que eram imensos. Tal como a panóplia oferecida em quatro horas de intenso prazer. A cultura tem destas coisas e há melodias de encanto em pleno Parque Natural .
São 15.08 minutos. O Encontro começou há 38 e ainda continua a entrar gente. Saem os acordes do faroeste e entram as Janeiras. A música das despedidas, não mais do que um profundo desejo de um 2013 em pleno, de intensa felicidade.
Sai a Banda Musical de Carvalheira com um intenso aplauso. Como presente segue um quadro pintado pelos Idosos do Centro Paroquial do Covide. É a prenda do município para todos os participantes. Entram as recordações de Natal, mais momentos de ternura. Segue-se o Grupo Coral de Carvalheira, Grupo Coral de Moimenta, Grupo Coral de Souto. Já passa das 16 horas e continua a entrar populares na Igreja Paroquial de Moimenta.
Entram novos acordes com Grupo de Música Popular ‘Trevo Alegre’. Segue-se o Coro Infantil de Chorense, Orfeão de Terras de Bouro, Grupo Coral de Chorense, Pequenos Cantores de Moimenta, Grupo de Cavaquinhos e Violas da Associação Desportiva de Carvalheira, Grupo Coral de Gondoriz, Grupo Coral de Cibões e Associação Sociocultural e Desportiva de Valdozende (Paradela).
A noite já tinha dados os primeiros sinais, mas a satisfação era imensa. Ficou ali pintado um verdadeiro quadro cultural, harmonias e melodias. Sentiu-se o orgulho concelhio em torno da sua cultural, à volta de um encontro que alimenta as tradições e que enchem o ego.
Joaquim Cracel: “São três anos extraordinários da minha vida”
A tarde era de música, de tradições e de cultura, mas, neste encontro de Natal e de Reis, impunha-se abordar o futuro do concelho com a figura que ocupa o trono em Terras de Bouro. A direcção do PS fixou o final deste mês de Janeiro como data definitiva para apresentar o seu candidato e, o partido, tem trabalhado em prol da recandidatura de Joaquim Cracel Viana. Ainda não é uma certeza, mas o trabalho que está a ser realizado aponta para um final feliz.
“Agradeço a confiança e o apoio que a grande maioria dos membros da Comissão Política Concelhia de Terras de Bouro do PS recentemente manifestaram na minha recandidatura ao cargo de presidente da Câmara Municipal de Terras de Bouro nas próximas eleições autárquicas”, começou por afirmar. “É para mim uma honra e um privilégio contar com elevado apoio dentro dessa estrutura partidária”, defendeu ainda.
“Relativamente à minha recandidatura ao cargo de presidente da autarquia, era minha intenção não me recandidatar a tal cargo. Cheguei mesmo a divulgar publicamente essa intenção. Mas é verdade que, nos tempos recentes, muitas pessoas me têm abordado para que eu reconsidere a minha intenção e apresentam-me argumentos poderosos”, salienta Joaquim Cracel Viana. “Estou, neste momento, a avaliar o meu percurso e a dialogar com algumas pessoas para tomar uma decisão definitiva até ao final deste mês, que é o prazo fixado pela direcção do PS”, destacou ainda o edil.
Numa análise aquilo que foi este primeiro mandato, Joaquim Cracel Viana mostra-se fascinado com a experiência. “Estes três anos nas funções de presidente da câmara assumem-se como uma experiência extraordinária da minha vida. Tenho plena consciência de que entrei na vida política no momento mais difícil do nosso país nos últimos 35 anos. A situação de grave crise económica que a todos nos afecta exige decisões e opções equilibradas e ajustadas à realidade”, constata.
Emprego e finanças
Certo é que, quando o mandato caminha para o seu final, o balanço é amplamente positivo. “Fizemos grandes obras e poucas obras grandes e tomámos as opções correctas de forma a melhorar a qualidade de vida dos munícipes. Na verdade, preocupámo-nos com o emprego e a empregabilidade, instalando uma empresa de informática na Casa de Latim, em Covide, tendo criado quatro postos de trabalho para jovens qualificados; promovemos a instalação do Intermarché em Terras de Bouro, criando cerca de 25 postos de trabalho; promovemos o emprego através de contratos emprego/inserção, sendo que nestes últimos três anos foram mais de 100 postos de trabalho; apoiámos os cursos de Educação e Formação de Adultos, com criação de alguns empregos no município e no Agrupamento de Escolas”, destacou Joaquim Cracel Viana.
“Assumimos a gestão financeira do nosso município com rigor, assentando as nossas decisões em dois pilares fundamentais: os fundos financeiros disponíveis e a selecção criteriosa das obras mais úteis e necessárias. Apesar das restrições e reduções significativas das transferências do Orçamento de Estado para as autarquias - em apenas três anos já nos foram retirados mais de um milhão de euros de receita -, temos conseguido executar obra e temos equilibrado as contas do município. Neste momento, as dívidas de curto prazo, que são as dívidas a fornecedores, são pagas entre trinta e sessenta dias, cumprindo as exigências da legislação, como a famigerada Lei dos Compromissos. As nossas dívidas de médio e longo prazo [os empréstimos bancários] já sofreram, nos últimos três anos, uma redução de 20%. Neste momento, o nosso município tem uma dívida de 4.374.000,00 euros, quando há três anos era de 5.455.000,00 euros. O nosso município é dos poucos que não precisa de qualquer saneamento financeiro. Devemos sentir orgulho disso”, salientou Joaquim Cracel Viana.
Fonte: Correio do Minho, em 14-01-2013
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