Foi com base nesses pressupostos que a Associação Comercial de Braga e a Unidade de Acompanhamento e Coordenação do Alto Cávado assinaram um compromisso de honra e de progresso com o município de Terras de Bouro, que assenta e visa promover as potencialidades do Gerês. O acordo ficou selado na primeira reunião da ACB fora da sede do organismo, com o testemunho de diversas personalidades ligadas a organismos e empresas que prometem um esforço conjunto pela mudança de rumo da economia daquele concelho.O programa chama-se ‘Aponte para o Gerês’ e começou a desenhar-se no seguimento dos incêndios de Verão que atacaram o Parque Nacional da Peneda-Gerês e que afectaram fundamentalmente os resultados do turismo no Gerês. A assinatura do ‘Compromisso da Esperança’ foi, assim, assumida por várias entidades, desde a Turel, à Adere-Minho, passando pela Unidade de Acompanhamento do Alto Cávado, e empresas da região. A ideia passa por, a curto prazo, começar a criar-se uma agenda de eventos naquele concelho.
Economia concelhia dependente da construção e sujeita à crise
Ao dirigente da UAC Alto Cávado, Rui Marques, coube a descrição e caracterização do concelho terrabourense em termos económico-sociais. Assim, pelas palavras do responsável UAC ficamos a saber que Terras de Bouro ainda é um concelho que obtém as principais receitas na construção e indústria transformadora, áreas muito sujeitas à crise que afecta o mundo ocidental.
Por outro lado, os vizinhos concelhos de Amares e Vila Verde estão mais virados para o comércio, não tão sujeito aos efeitos da crise. Mas isto também pode ser explicado pelo maior número de pessoas aí a habitar. Ora, como contrariar esta tendência de riqueza concelhia, se o território está cada vez mais desertificado? A solução terá que passar, obrigatoriamente, por uma oferta turística qualificada e redireccionada para outro público-alvo.
De acordo com Rui Marques, que se baseava na apresentação de dados concretos, enquanto o sector da restauração e alojamento são apostas nos concelhos vizinhos, em Terras de Bouro não entram sequer no ‘top’ de áreas criadoras de riqueza.
Assim, o turismo terrabourense, até aqui mais virado para o consumidor de classe média/baixa, terá que virar atenções e procurar atrair o turista de classe média/alta.
Problemas e soluções para a crise… de resultados
Identificando os problemas ligados ao comércio e turismo na região do Gerês, Rui Marques começou por sublinhar a baixa instrução dos operadores instalados em Terras de Bouro. Este factor aliado ao desadequado consumidor alvo tem gerado, ao longo das décadas, baixas receitas económicas. Ao nível do comércio local sabe-se então que aquele é um concelho com uma população local envelhecida, com fraco poder de compra e uma procura turística muito sazonal. Além disso, a oferta é pouco qualificada e sofre da concorrência de grandes superfícies a poucos quilómetros de distância.
O mesmo se parece aplicar ao Turismo, onde a oferta é orientada, de forma generalizada, para o segmento médio/baixo, onde o alojamento é praticado quase em exclusivo
na modalidade de turismo rural.
No entanto também foram identificadas toas as potencialidades, entre as quais se destaca a notoriedade da marca Gerês, bem como a paisagem e o estado de conservação da natureza. Além disso, há também uma grande capacidade de atracção de turistas, por alguns recursos existentes na região, tais como: Santuário do S. Bento da Porta Aberta, termas do Gerês, Marina de Rio Caldo, PNPG, etc.
Assim, Rui Marques deixou uma série de recomendações aos operadores do sector do comércio e turismo. Desta fora, deverá haver um forte investimento em formação em vendas e atendimento, bem como no domínio básico do inglês. Proceder, simultaneamente, a uma requalificação das lojas, apostando em lojas com conceito ou de souvenirs e gifts associados à marca ‘Gerês’. “Apostar na presença na internet e em períodos de funcionamento alargados e flexíveis” é outro dos concelhos dados aos comerciantes.
No que diz respeito ao Turismo, para além das medidas que foram aconselhadas aos comerciantes, é ainda pedido que se preste a devida atenção à necessidade de organização de eventos de grande de dimensão na região, de realização de campanhas publicitárias mais massificadas (televisão, revistas e jornais), sensibilização da população local em matéria de cultura turística, entre outras.
Viveiro de empresas
Como complemento perfeito para este pacote de ideias apresentado em Terras de Bouro, a Associação Comercial de Braga apresentou de imediato uma série de projectos que se prepara para lançar, com o objectivo de “aumentar a actividade económica no concelho, aumentar o volume de vendas dos agentes económicos, captar turistas, visitantes e novos investimentos, transformar o Gerês num destino de ‘turismo de negócios’ e inverter a sazonalidade”.
No rol de medidas a desenvolver, destaque para a criação, na freguesia de S. João da Balança, a cerca de três quilómetros da Vila de Moimenta, do ‘Viveiro de Microempresas e Centro de Experimentação Empresarial de Terras de Bouro’.
Trata-se do reaproveitamento de um pavilhão industrial inacabado, existente na freguesia de Balança e que servirá para acolher ideias de negócio de jovens empreendedores.
Neste local, existirão 11 incubadoras, um espaço para exposições, três salas de reuniões, uma sala de espera e um gabinete de direcção.
Termaqualia Gerês
Para 2012, está prevista a realização de uma feira de actividades económicas dedicada à água, termalismo, saúde, turismo e natureza, intitulada ‘Termaquália Gerês’.
Tratar-se-á de um encontro de empresários, técnicos, investigadores e médicos, ligados às temáticas referidas.
Assim, no plano de actividades está prevista a realização de seminários e workshops, bem como de um encontro de negócios.
Livro, embaixadores e poetas e redes sociais
Neste plano traçado para dois anos, está ainda previsto o convite a duas ou três dezenas de personalidades do mundo académico, político e social para uma reflexão sobre o desenvolvimento económico do Gerês. Após a obtenção das reflexões, será preparado um livro sobre o desenvolvimento económico do Gerês, a ser lançado em Outubro de 2011, num seminário sobre o Gerês, a realizar no Centro de Congressos da AIP em Lisboa.
Além disso, serão também convidadas figuras públicas para aceitarem ser embaixadores do Gerês, campanha esta que durará dois anos.
Também os escritores e poetas serão convidados a associar-se ao projecto, bem como se procurará envolver revistas com grande público.
Este projecto pode já ser encontrado, também, nas redes sociais, nomeadamente do Facebook.
Um por cento de empresas a reunir no Gerês
Num país com cerca de 700 mil empresas e organizações, a ACB apenas pretende que um por cento das mesmas faça uma reunião dos seus quadros no Gerês. Para os responsáveis do organismo as contas são fáceis de fazer e traduzem-se num encaixe económico bi-anual de 35 milhões de euros para o município de Terras de Bouro, o que equivale a sete orçamentos municipais anuais.
Senão vejamos, se 1% das 700 mil empresas ou organizações aceitasse o desafio, o Gerês acolheria a vinda dos quadros de cerca de sete mil organismos. Se em média, dessas, se deslocassem 100 pessoas, que investiriam gastariam cerca de 50 euros, chegaríamos a uma soma verdadeiramente significativa para a economia daquele concelho.
Santuário Ecológico
Transformar Terras de Bouro e o PNPG num ‘Santuário Ecológico’ é outra das ideias na mente dos responsáveis da ACB. Este conceito traduzir-se-á na elaboração de um plano de actividades para trazer organizações como a Quercus, a Green Peace e outros Movimentos Ecologistas para
realizarem, no concelho terrabourense, um ‘Encontro Nacional/Internacional’, a fim de discutir a sustentabilidade das populações em territórios de Parque Nacional.
“Um dos projectos para o desenvolvimento económico do concelho”
No final da sessão de apresentação do projecto ‘Aponte para o Gerês’, o presidente da Câmara Municipal de Terras de Bouro, Joaquim Cracel, era um homem visivelmente satisfeito com as ideias que ali haviam sido apresentadas, não se mostrando contudo ‘adormecido à sombra’ daquele pacote de medidas.
“Este é um dos projectos que poderá ajudar a desenvolver economicamente o concelho de Terras de Bouro, mas provavelmente haverá alguns mais necessários”, considerou o edil, defendendo que este “irá sobretudo ajudar a desenvolver o comércio e o turismo”.
Joaquim Cracel considerou, ainda, o viveiro que será criado na freguesia de Balança como “um grande projecto” que irá “apoiar jovens empreendedores”, num “esforço de descentralização” dos equipamentos de referência do concelho.
Fonte: Terras do Homem, em 17-03-2011
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