sábado, 20 de março de 2010

Natur Parque abre guerra autárquica

PSD fala em derrota do executivo camarário, presidente afirma que projecto inicial foi reprovado
Está aberta uma guerra de palavras no seio do executivo camarário terrabourense, em torno da recente aprovação do projecto ‘Natur Parque de Vilarinho da Furna’. No seguimento da ‘luz verde’ dada ao projecto por parte de uma comissão de avaliação criada pela Assembleia Municipal, a oposição socialdemocrata congratulou-se pelo sucedido, apontando críticas ao recém-empossado executivo socialista.
Na resposta, o actual presidente da Câmara Municipal de Terras de Bouro, Joaquim Cracel acredita que “tinha razão ao assumir que o projecto do executivo anterior PSD estava completamente fora da realidade” uma vez que, no seu entender, “a Comissão de Reavaliação considera claramente que o projecto era ‘megalómano’ e não se enquadrava, de forma objectiva, num desenvolvimento sustentado e sustentável”. “Foi exactamente esta a posição sempre assumida pelo actual presidente da Câmara Municipal”, lembra Joaquim Cracel.
Na origem desta resposta está o comunicado social democrata apontando que, “aquando da votação das Grandes Opções do Plano para 2010, os eleitos do PSD manifestaram a sua discordância pela opção do executivo em abandonar este projecto - que considerou de ‘utilidade duvidosa’ - que obteve o primeiro lugar em 37 candidaturas dos municípios da Região Norte e cujo financiamento é de 75%”.
Segundo afirma a oposição, “na Assembleia Municipal, realizada em 28 de Dezembro, Ricardo Gonçalves, presidente da Assembleia, questionou o presidente do executivo sobre os motivos de tal abandono, manifestando, desde logo, a sua discordância, tendo, inclusive, referido que apenas votaria os documentos por uma questão de disciplina partidária mas que faria declaração de voto”.
A oposição social democrata salienta, também, a posição tomada pela Associação dos Antigos Moradores de Vilarinho da Furna (AFURNA) que, de acordo com o PSD local, “teve uma intervenção muito contundente na Assembleia Municipal, incomodando o presidente da Câmara Municipal, que nem se dignou responder às questões colocadas pelos membros da direcção daquela associação”.
Ora, opinião diferente tem o líder do executivo camarário terrabourense, que lamenta que a Comissão Política do PSD queira passar a ideia de que esta aprovação “se revestiu num desaire político do actual presidente Joaquim Cracel”.
De acordo com o edil, e citando um dos pontos do parecer da Comissão elaborada para análise desta temática, “é possível retomar este projecto, não na perspectiva megalómana do mesmo, mas limitando-o ao essencial e tendo em conta os gastos no presente e no futuro. Nesta conformidade, terá que se conter dentro de parâmetros que respondam objectivamente a um desiderato de desenvolvimento sustentado e sustentável”.
O autarca defendeu, igualmente, que “o museu subaquático nos moldes ‘megalómanos’ e irrealistas do projecto inicial e o barco com fundo transparente, vectores fundamentais do ‘super-projecto de excelência’ do executivo anterior PSD, foram totalmente eliminados do actual projecto pela Comissão de Reavaliação”. “O projecto actual é uma alteração profunda do projecto ‘megalómano’ inicial, que só para estudos, projectos, ordenados e limpeza de um trilho previa um custo de 1.140.000 euros. Joaquim Cracel acredita, ainda, que “conseguiu o que é melhor para o Concelho: alterar profundamente o projecto, tornando-o muito mais barato e exequível”.
Construção de praia fluvial e criação de museu subaquático
Sublinhando que o parecer da Comissão aponta para que “o Projecto Natur Parque de Vilarinho da Furna seja ser parcialmente retomado”, Joaquim Cracel descreveu os passos a seguir, salientando que as obras a concretizar deverão passar pela “construção de uma praia fluvial e parque de merendas, com sanitários, parque de estacionamento e outras estruturas de apoio”. Além disso, deverá ser edificado também um “posto de observação de animais selvagens e a estruturação de um trilho pedestre na Serra Amarela”.
O ex-libris desta intervenção deverá, contudo, ser o museu subaquático, que permitirá que “as empresas de mergulho, por sua conta e risco, levem as pessoas a visitar as ruínas submersas da aldeia, como acontece actualmente”.
Nesse sentido, “deverá o município aproveitar os incentivos financeiros, através do programa ON. 2”. Caberá também ao executivo municipal “definir as estratégias e reavaliar todo o procedimento, tendo sempre em conta o encargo com a componente nacional”.

Fonte: jornal “Terras do Homem”; autor: Terraimagem, em 18-03-2010

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