sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Feira do Fumeiro de Montalegre: «Resistimos porque amamos a nossa terra!»

Fernando Rodrigues, presidente da Câmara Municipal de Montalegre, aproveitou a presença do Secretário de Estado das Florestas e Desenvolvimento Rural, Daniel Campelo, na inauguração da XXI Feira do Fumeiro, para fazer um apelo à «solidariedade no desenvolvimento regional». Num tom muitas vezes crítico «os governos desistiram, fracassaram todos na solidariedade e no desenvolvimento regional», Fernando Rodrigues afirmou que «estamos insatisfeitos pelo mal que fizeram aos nossos agricultores». Farpas e reflexões que mereceram fortes aplausos do lotado auditório municipal.
Na cerimónia de inauguração da XXI Feira do Fumeiro de Montalegre, o presidente do município, Fernando Rodrigues, lançou uma série de apelos ao Governo para que o mundo rural não fique totalmente dizimado. Com Daniel Campelo presente, o líder da autarquia referiu: «nós resistimos porque amamos a nossa terra e o resultado disto ainda se vê». As «esperanças» e as «frustrações», a «realidade dura do interior e do mundo rural», a «luta permanente daqueles que resistem e daqueles que teimam na agricultura» foram indicadores evidenciados por Fernando Rodrigues, numa terra que «está abandonada e as aldeias entregues aos mais velhos», num território com 135 aldeias, 800 quilómetros quadrados e uma parcela grande cedida ao PNPG (Parque Nacional Peneda Gerês).
AGRICULTURA EM CINZAS
Sem parar, o edil lembrou que Montalegre é um concelho onde «há 30 anos viviam mais de 30 mil pessoas e agora está reduzido a menos de metade, com a agricultura em cinzas, sem apoios sustentáveis, sem alternativas de emprego para a mão-de-obra excedente do sector primário, um concelho que continua a sangrar vendo a sua juventude a sair para o estrangeiro».
Porém, Fernando Rodrigues sublinhou que a política local não verga às dificuldades. Destacou: «nós bem nos esforçamos nos incentivos à agricultura, no apoio ao mundo rural, na dinamização turística e cultural, na promoção dos produtos locais, na valorização das nossas aldeias, da paisagem e do território, tudo estruturado no âmbito de um projeto inédito, que junta dois concelhos, Montalegre e Boticas, que é o Ecomuseu de Barroso», um projeto cultural e turístico «mas, mais do que isso, um projeto de desenvolvimento, um projeto para o futuro».

CONCELHO PREJUDICADO
Dirigindo-se a um auditório municipal lotado e com o Secretário de Estado das Florestas e Desenvolvimento Rural atento, Fernando Rodrigues referiu que «somos um concelho prejudicado» e perguntou porque razão «se dá dinheiro para ter as terras de poulo, em vez de se apoiar quem trabalha e quem produz». Acrescentou que «protestamos por melhores estradas de Montalegre ao exterior e porque merecíamos que já estivesse resolvido o problema das rendas da EDP». A amargura do discurso foi reforçada com estas palavras: «Montalegre tem um PIB de cerca de 80% tendo em conta a média da região Norte e, no ranking nacional, chegamos a estar acima de municípios industrializados» e «tem uma empresa no concelho que fatura mais de 100 milhões de euros por ano», a EDP, que tem quatro barragens na área do município. Ora, um concelho com uma empresa destas, «que fatura esses milhões, com matéria-prima de graça, seria um concelho rico e teria emprego, mas Montalegre não tem emprego e não é rico porque a EDP nem sequer paga impostos no nosso município – e isso é uma injustiça porque é elementar haver uma justa participação da região na riqueza que damos ao país», destacou Fernando Rodrigues. Para o autarca barrosão, é preciso «o contributo de todos os políticos para resolvermos esta injustiça».
5 MILHÕES EUROS/ANO
Fernando Rodrigues considera que, com esta Feira do Fumeiro, «temos aqui a amostra do esforço do que se faz no poder local pelo desenvolvimento sustentável do mundo rural e pelo bem estar da nossa gente, temos aqui o exemplo de como as autarquias procuram gerar receitas para promover os produtos locais e para dinamizar a atividade económica». Agora – acrescentou – «é preciso que o Governo corresponda com a justiça das suas decisões para podermos revigorar o interior, o mundo rural e com isso ajudar Portugal».
Recorde-se que esta edição da Feira do Fumeiro tem mais de 100 produtores a vender neste espaço e, pelo menos, outros 100 que vendem sem vir à feira. Este certame é responsável por um negócio direto dentro da Feira de 1.200 mil euros e no total de 1.700 mil euros se tivermos em conta o movimento no concelho neste fim de semana. Todavia, o atrativo que representa para a região e para a economia local vai muito para além disto porque a imagem que transmite de Montalegre e da qualidade dos seus produtos faz com que muita gente visite concelho ao longo do ano pelo fumeiro, pela gastronomia, mas também pela animação cultural e pela sua beleza paisagística. Feitas as contas representa um negócio nesta área e na hotelaria que ultrapassa os cinco milhões de euros/ano.
Fonte: Município de Montalegre, em 27-01-2012

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