quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Parque Nacional da Peneda-Gêres visto por uma estrangeira

Com o que é que nós, os estrangeiros, associamos Portugal? Todas as respostas são parecidas: alta temperatura, turismo, praias, Lisboa... Alguns, os mais conscientes, diriam “fado” ou “porto” (referindo-se ao vinho, claro). Poucas pessoas pensam nas zonas afastadas dos centros turísticos. Nem sequer sabem que o território de Portugal abrange as montanhas onde no inverno também há neve. Um destes lugares desconhecidos à escala global é o Parque Nacional da Peneda-Gêres, o único parque nacional português.
O parque, mais de 7000 ha de território, está situado no norte de Portugal, nas regiões de Minho e Trás-os-Montes. O seu terreno, constituído sobretudo por rochas graníticas, é atravessado pelos rios Cávado e Lima. A região ocupa um território de altas montanhas, com os picos mais altos na Serra de Gêres (mais de 1500 m). O relevo é constituído pela grande diversidade de planaltos, vales e cotas, com a existência de lagoas e cascatas. Devido à geografia, o clima é bastante variado e compõe-se de microclimas diversos. Esta variedade climática contribui para a flora e fauna exuberantes.
Entre as espécies vegetais cabe destacar o carvalho como, por exemplo, o carvalho-alvarinho. Nos bosques que formam estas árvores podemos também encontrar azevinhos, arandos, medronheiros, mais de 300 espécies de líquens e muitos outros. Nos terrenos mais altos predominam charnecas e espécies de flores como arméria que torna as paisagens montanhosas ainda mais coloridas.
O Parque é habitado por uma grande variedade de animais, muitos deles raros ou até endémicos. O símbolo do Parque é o corço. Outra espécie muito conhecida é o garrano – o cavalo nativo de Portugal, em risco de extinção, que aí vive em estado selvagem. O número reduzido dos lobos ibéricos que sobrevivem no terreno evita a presença humana. Também é difícil encontrar as ginetas, os pequenos predadores noturnos. É preciso mencionar mais de 100 espécies de aves como águia-real, bufos ou guarda-rios. Entre os répteis interessantes destacam-se a salamandra-lusitânica, o tritão-marmoreado e vários espécies de serpentes.
O propósito do Parque Peneda-Gêres não é só conservar a natureza, mas também manter as tradições. Durante a viagem podemos conhecer um pouco da história desta região: admirar antas e dólmenes ou monumentos como castelos e mosteiros ou passear pelas antigas estradas romanas com marcos miliáros (a página oficial do parque oferece a informação sobre os percursos pedestres e de automóvel). As pessoas da região do parque trabalham principalmente na agricultura e na pastorícia. As tradições e os costumes antigos são preservados, sobretudo nas aldeias comunitárias de Pitões das Júnias e Tourém. Desenvolve-se o turismo rural, alguns dos habitantes oferecem alojamento temporário nas casas rurais e casas abrigos. Também são disponíveis os quartos nos edifícios históricos com grande valor arquitetónico ou artístico. Além disso, no território existem parques de campismo. Os turistas habituados ao conforto podem alugar um quarto num dos hotéis da região. Não surpreende que o Parque Peneda-Gêres seja considerado como Reserva Mundial da Biosfera pela UNESCO. Infelizmente, hoje em dia o Parque enfrenta muitos problemas ambientais. A conservação da natureza ainda não é suficiente, exerce-se, por exemplo, a caça ilegal, a pesca excessiva ou a colheita de espécies botânicas. As queimadas descontroladas destroem o ecossistema, causam a degradação da vegetação e a erosão. Por causa da fuga dos jovens, a população da região decresce e envelhece. Por isso os europeus devem descobrir o Parque, a sua riqueza natural e as tradições dos habitantes. Portugal oferece aos visitantes muito mais do que as praias cheias de turistas.
Fonte: Revista Água, Zyta Padała, em 9-02-2012

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