Perfil
O presidente da Junta de Freguesia de Covide, Domingos Fujaco, de 36 anos de idade, é casado e tem uma filha. Com o 9º ano de escolaridade, este autarca terrabourense desenvolve a sua actividade profissional enquanto empresário da construção civil.
À mesa, Domingos Fujaco privilegia o tradicional bacalhau, acompanhado por um “verde branco fresquinho”. No que diz respeito aos tempos livres, o presidente da Junta de Freguesia de Covide dedica-se, essencialmente, às caminhadas, associadas a roteiros religiosos como S. Bento, Nossa Senhora da Abadia ou Senhora da Peneda. Por outro lado, também se dedica à agricultura.
Confessando-se apenas adepto de leituras dos jornais, este autarca elege os Açores como um destino de férias de sonho. “Prefiro conhecer melhor o que é nosso”, resumiu.
“Ainda há muita gente que vive do pastoreio e é importante que possa continuar a viver”
Presidente da Junta de Freguesia de Covide há 10 anos, Domingos Fujaco quer, finalmente, ver construída a tão desejada variante que ligará a ‘Curva do Eiras’ ao cruzamento que liga à freguesia de Campo do Gerês, de forma a “valorizar” os terrenos no interior da freguesia e a eliminar o perigo de circulação rodoviária na referida curva. A requalificação da área envolvente às duas escolas inactivas da freguesia, que implica a conclusão de um espaço polidesportivo, é outra das medidas que o autarca, que elege a capela mortuária como a obra mais significativa dos mandatos anteriores, quer pôr em prática até 2013.
Terras do Homem: Qual a grande prioridade para a freguesia de Covide, nos dois anos que restam para terminar este mandato?
Domingos Fujaco: Existem, neste momento, negociações para darmos início à Variante que trará a solução para a curva do ‘Café Eiras’, uma curva bastante perigosa. Para além disso, esta variante atravessará a freguesia pelo seu interior, pelo que trará maior valor aos terrenos das pessoas que aqui habitam e proporcionará um outro tipo de conhecimento da freguesia aos turistas que, por aqui, passarem. Trata-se de uma via de 800 metros e que já há muito é desejada. Ligará a ‘Curva do Eiras’ ao cruzamento que liga a Campo do Gerês.
Há quem defenda que a variante não deveria passar na ‘Veiga de Cima’, pela importância que esta zona teve, outrora, mas eu julgo que essa questão, actualmente, não se coloca. Além disso, a nível paisagístico e ambiental, trata-se de uma obra que não trará qualquer tipo de impacto significativo.
TH: Que outras obras pretende ver concretizadas ainda enquanto presidente da Junta de Freguesia?
DF: Resta-nos concluir também a rede de saneamento nalgumas zonas. Felizmente, somos uma das freguesias que maior rede tem, cobrindo cerca de 60 ou 70% do total da freguesia. Se continuarmos a apostar nessa área, em breve teremos a instalação da rede concluída. Por exemplo, no lugar de Freitas só falta mesmo criar a estação de tratamento, porque já tem as restantes estruturas todas prontas. O próprio declive dos terrenos na freguesia facilita esses trabalhos.
Ao nível das vias de comunicações, precisamos de repavimentar a zona alta da freguesia, que tem uma calçada já em mau estado. Gostaríamos de colocar asfalto no lugar de Reconco, que ainda conta com alguma população, com sete ou oito habitações permanentemente habitadas, e onde já está instalada a rede de saneamento e água pública, pelo que se poderia avançar para a conclusão dessa obra.
TH: De que forma pretendem rentabilizar o espaço que ficou disponível pelo encerramento das escolas agora inactivas?
DF: Queremos concluir a requalificação do espaço das Escolas inactivas da freguesia, onde está prevista, para breve, a conclusão do polidesportivo. Trata-se de um espaço criado, no interior da freguesia – e portanto longe da estrada nacional –, pensado para as crianças e jovens daqui que, assim, poderão praticar algum desporto, com toda a comodidade. Será um local muito importante para o reforço do convívio entre os mais novos. A obra compreende a construção de bancadas, a instalação de uma vedação do recinto de jogo e a repavimentação do terreno. Paralelamente, também serão melhorados alguns equipamentos das escolas e criado um espaço de lazer para as crianças, com escorrega e outras diversões.
No que diz respeito às escolas propriamente ditas, uma das salas já serve um clube de caça e pesca daqui da freguesia, enquanto a outra vai servindo para iniciativas de grupos diversos, como os escuteiros e outras entidades.
TH: Olhando para trás e analisando o que já foi feito, que obras executadas pela sua equipa destacaria?
DF: Acima de tudo, fizemos muitas repavimentações. Melhorámos significativamente as vias de circulação na freguesia. Há lugares, inclusive, que foram repavimentados na totalidade. Mas o maior destaque talvez vá mesmo para a capela mortuária, uma obra muito importante para a freguesia, porque diz directamente respeito à vida das pessoas e dos seus entes queridos. É uma obra com bastante utilidade pública.
Devido aos elevados custos desta obra, houve muitas outras de mais pequena dimensão que tivemos que adiar, mas voltaria a fazer a mesma escolha, porque é, de facto, muito importante.
Do rico ao mais pobre, toda a gente necessita de um espaço digno para se despedir dos seus familiares ou amigos que morrem.
Para além dessa, e já com o auxílio da autarquia, foi aqui implementado o Centro Interpretativo do Garrano e a Casa do Latim, dois espaços que poderão vir a servir a freguesia, no sentido de dinamizar a população local e levá-la a interagir com gente de fora.
Também a toponímia foi instalada em praticamente toda a freguesia, nos últimos anos.
Mais turismo pode trazer emprego
TH: Como é que vê o desenvolvimento turístico de Terras de Bouro e como avalia a importância dessa área, para uma freguesia como Covide?
DF: Sem dúvida que uma aposta mais decidida nessa área beneficiaria toda a gente desta zona do concelho, uma vez que traria mais turistas para a freguesia, logo levariam à criação de novos postos de trabalho que, por sua vez, fixariam as pessoas naturais de cá. Temos tudo para vencer nessa área, as condições naturais estão reunidas. Por exemplo, o caminho da Geira atravessa a freguesia, é uma atracção que chama muita gente. Agora, há que criar um programa sustentado para aproveitarmos essas potencialidades.
TH: À semelhança de algumas outras freguesias do concelho, também Covide tem visto a sua população diminuir, nos últimos anos. A que acha que isso se deve?
DF: Por um lado, vemos que temos uma população cada vez mais envelhecida, o que não beneficia nada do facto da taxa de natalidade ter vindo a baixar, nos últimos anos. Por outro lado, os jovens, sem emprego ou mal remunerados, vêm-se obrigados e emigrar para conseguirem melhores condições de vida. Curiosamente, no nosso caso, nem se coloca tanto a questão do Plano Director Municipal, uma vez que ainda temos uma boa área de construção e, em poucos casos, os responsáveis do Parque Nacional da Peneda-Gerês tiveram que dar o seu parecer.
Temos que apostar na criação de oportunidades de emprego e a aposta terá seguramente que passar pelo turismo. Há que trabalhar seriamente nessa área, porque a agricultura que ainda se pratica é para consumo próprio das famílias e não temos grandes alternativas. Claro que não deveremos esquecer as valências que ainda existem. Ainda há, por exemplo, muita gente que vive do pastoreio e é importante que ainda possam continuar a viver. Além disso, grande parte das pessoas de cá, ainda está empregada na construção civil.
“Ainda não baixei os braços”
TH: Admite ter cometido algum erro no exercício das suas funções, ao longo destes dez anos, enquanto presidente de Junta?
DF: Que me lembre não. Todas as obras feitas foram pensadas, no âmbito das necessidades da população, e, muito provavelmente, voltaria a optar pelos mesmos moldes de governação.
TH: Por força da lei que limita o número de mandatos aos presidentes de Junta, estes serão os dois últimos anos em que estará em exercício. Concorda com essa lei?
DF: Concordo, em certa medida. Se, por um lado, compreendo que haja necessidade de se renovar as políticas, as ideias e até as figuras à frente de uma Junta de Freguesia, por outro, considero que o povo já julga essas políticas, de quatro em quatro anos, através do voto. Quem nos colocou aqui, a todo o momento também nos pode tirar. No entanto, acho que três mandatos também são suficientes para se apresentar obra feita à freguesia.
TH: Qual o sentimento por ser este o último mandato? Vai sentir saudades?
DF: Para já ainda não penso nas saudades, porque ainda tenho dois anos para trabalhar. Ainda não baixei os braços. Além disso, gostaria também de apoiar alguém que queira continuar, posteriormente, o trabalho.
TH: Vê já alguém com perfil para o substituir no cargo?
DF: Há algumas pessoas perfeitamente capazes e, a seu tempo, terão o meu apoio, se resolverem avançar. Mesmo na actual equipa, existe muita gente competente.
TH: Admite continuar ligado à vida política, após 2013, em prol da freguesia?
DF: Em princípio, será difícil que me afaste da vida política. Até porque já anteriormente, antes de ser presidente da Junta, era membro da Assembleia de Freguesia. Nessa altura, até o então presidente de Junta de Freguesia me reconheceu valor, enquanto membro da oposição, e me chamou para trabalhar consigo, enquanto secretário. Além disso, já fui também presidente da Comissão de Festas da freguesia, durante alguns anos. Ou seja, desde há muito tempo que o desenvolvimento da freguesia me interessa e, por isso, é bem provável que continue ligado à luta pela melhoria das condições de vida das pessoas.
TH: Se fosse presidente da Câmara Municipal de Terras de Bouro, qual seria a área em que actuaria primordialmente?
DF: No nosso concelho, temos de apostar no turismo. Temos condições naturais para ter um turismo de qualidade, por isso há que tentar criar empregos nessa área. No entanto, talvez o Gerês e Terras de Bouro estejam um bocado esquecidos, face a outras regiões turísticas do país.
TH: E se fosse primeiro-ministro, quais as prioridades que definiria para o país?
DF: Sinceramente, não sei. Há tanto por onde mudar, que nem sei por onde começaria.Freguesias e populações vão perder com eliminação das juntas
TH: Começa a ser cada vez mais uma certeza que muitas freguesias irão desaparecer, um pouco por todo o país. Preocupa-o que, nessa aglomeração de freguesias, Covide possa perder o seu espaço? Concorda com essa política?
DF: Eu acho que as freguesias e as populações, em concreto, vão perder com essas medidas. Não concordo com o avanço dessa política. No que diz respeito à freguesia de Covide, e tendo em conta a realidade do concelho de Terras de Bouro, acho que é uma das que faz mais sentido que permaneça e à qual sejam anexadas outras freguesias, até porque é a freguesia central do concelho. Ficamos localizados, precisamente, entre a Vila do Gerês e a Vila de Terras de Bouro. Aliás, a sede do concelho deveria ser a freguesia de Covide, isso faria de Terras de Bouro um concelho mais unido.
Seguramente que os presidentes de Junta de Freguesia que ficarem a gerir os destinos dessas zonas administrativas, terão que possuir outros poderes para lutarem pelo desenvolvimento das suas regiões, porque actualmente ainda continuam dependentes dos municípios.
Não há como desmentir: o presidente de Junta é quem verdadeiramente conhece as pessoas e os seus problemas. Nos municípios, a maioria dos técnicos não conhece mais que 30% da população do seu concelho. As próprias pessoas, nas ruas, não sabem que deveriam abordar um determinado técnico da autarquia, porque nem sequer o conhecem. Enfim, é todo um conjunto de situações que vai levar ao enfraquecimento da qualidade de vida das pessoas.
Fonte: Terras do Homem, em 1-09-2011
O presidente da Junta de Freguesia de Covide, Domingos Fujaco, de 36 anos de idade, é casado e tem uma filha. Com o 9º ano de escolaridade, este autarca terrabourense desenvolve a sua actividade profissional enquanto empresário da construção civil.
À mesa, Domingos Fujaco privilegia o tradicional bacalhau, acompanhado por um “verde branco fresquinho”. No que diz respeito aos tempos livres, o presidente da Junta de Freguesia de Covide dedica-se, essencialmente, às caminhadas, associadas a roteiros religiosos como S. Bento, Nossa Senhora da Abadia ou Senhora da Peneda. Por outro lado, também se dedica à agricultura.
Confessando-se apenas adepto de leituras dos jornais, este autarca elege os Açores como um destino de férias de sonho. “Prefiro conhecer melhor o que é nosso”, resumiu.
“Ainda há muita gente que vive do pastoreio e é importante que possa continuar a viver”
Presidente da Junta de Freguesia de Covide há 10 anos, Domingos Fujaco quer, finalmente, ver construída a tão desejada variante que ligará a ‘Curva do Eiras’ ao cruzamento que liga à freguesia de Campo do Gerês, de forma a “valorizar” os terrenos no interior da freguesia e a eliminar o perigo de circulação rodoviária na referida curva. A requalificação da área envolvente às duas escolas inactivas da freguesia, que implica a conclusão de um espaço polidesportivo, é outra das medidas que o autarca, que elege a capela mortuária como a obra mais significativa dos mandatos anteriores, quer pôr em prática até 2013.
Terras do Homem: Qual a grande prioridade para a freguesia de Covide, nos dois anos que restam para terminar este mandato?
Domingos Fujaco: Existem, neste momento, negociações para darmos início à Variante que trará a solução para a curva do ‘Café Eiras’, uma curva bastante perigosa. Para além disso, esta variante atravessará a freguesia pelo seu interior, pelo que trará maior valor aos terrenos das pessoas que aqui habitam e proporcionará um outro tipo de conhecimento da freguesia aos turistas que, por aqui, passarem. Trata-se de uma via de 800 metros e que já há muito é desejada. Ligará a ‘Curva do Eiras’ ao cruzamento que liga a Campo do Gerês.
Há quem defenda que a variante não deveria passar na ‘Veiga de Cima’, pela importância que esta zona teve, outrora, mas eu julgo que essa questão, actualmente, não se coloca. Além disso, a nível paisagístico e ambiental, trata-se de uma obra que não trará qualquer tipo de impacto significativo.
TH: Que outras obras pretende ver concretizadas ainda enquanto presidente da Junta de Freguesia?
DF: Resta-nos concluir também a rede de saneamento nalgumas zonas. Felizmente, somos uma das freguesias que maior rede tem, cobrindo cerca de 60 ou 70% do total da freguesia. Se continuarmos a apostar nessa área, em breve teremos a instalação da rede concluída. Por exemplo, no lugar de Freitas só falta mesmo criar a estação de tratamento, porque já tem as restantes estruturas todas prontas. O próprio declive dos terrenos na freguesia facilita esses trabalhos.
Ao nível das vias de comunicações, precisamos de repavimentar a zona alta da freguesia, que tem uma calçada já em mau estado. Gostaríamos de colocar asfalto no lugar de Reconco, que ainda conta com alguma população, com sete ou oito habitações permanentemente habitadas, e onde já está instalada a rede de saneamento e água pública, pelo que se poderia avançar para a conclusão dessa obra.
TH: De que forma pretendem rentabilizar o espaço que ficou disponível pelo encerramento das escolas agora inactivas?
DF: Queremos concluir a requalificação do espaço das Escolas inactivas da freguesia, onde está prevista, para breve, a conclusão do polidesportivo. Trata-se de um espaço criado, no interior da freguesia – e portanto longe da estrada nacional –, pensado para as crianças e jovens daqui que, assim, poderão praticar algum desporto, com toda a comodidade. Será um local muito importante para o reforço do convívio entre os mais novos. A obra compreende a construção de bancadas, a instalação de uma vedação do recinto de jogo e a repavimentação do terreno. Paralelamente, também serão melhorados alguns equipamentos das escolas e criado um espaço de lazer para as crianças, com escorrega e outras diversões.
No que diz respeito às escolas propriamente ditas, uma das salas já serve um clube de caça e pesca daqui da freguesia, enquanto a outra vai servindo para iniciativas de grupos diversos, como os escuteiros e outras entidades.
TH: Olhando para trás e analisando o que já foi feito, que obras executadas pela sua equipa destacaria?
DF: Acima de tudo, fizemos muitas repavimentações. Melhorámos significativamente as vias de circulação na freguesia. Há lugares, inclusive, que foram repavimentados na totalidade. Mas o maior destaque talvez vá mesmo para a capela mortuária, uma obra muito importante para a freguesia, porque diz directamente respeito à vida das pessoas e dos seus entes queridos. É uma obra com bastante utilidade pública.
Devido aos elevados custos desta obra, houve muitas outras de mais pequena dimensão que tivemos que adiar, mas voltaria a fazer a mesma escolha, porque é, de facto, muito importante.
Do rico ao mais pobre, toda a gente necessita de um espaço digno para se despedir dos seus familiares ou amigos que morrem.
Para além dessa, e já com o auxílio da autarquia, foi aqui implementado o Centro Interpretativo do Garrano e a Casa do Latim, dois espaços que poderão vir a servir a freguesia, no sentido de dinamizar a população local e levá-la a interagir com gente de fora.
Também a toponímia foi instalada em praticamente toda a freguesia, nos últimos anos.
Mais turismo pode trazer emprego
TH: Como é que vê o desenvolvimento turístico de Terras de Bouro e como avalia a importância dessa área, para uma freguesia como Covide?
DF: Sem dúvida que uma aposta mais decidida nessa área beneficiaria toda a gente desta zona do concelho, uma vez que traria mais turistas para a freguesia, logo levariam à criação de novos postos de trabalho que, por sua vez, fixariam as pessoas naturais de cá. Temos tudo para vencer nessa área, as condições naturais estão reunidas. Por exemplo, o caminho da Geira atravessa a freguesia, é uma atracção que chama muita gente. Agora, há que criar um programa sustentado para aproveitarmos essas potencialidades.
TH: À semelhança de algumas outras freguesias do concelho, também Covide tem visto a sua população diminuir, nos últimos anos. A que acha que isso se deve?
DF: Por um lado, vemos que temos uma população cada vez mais envelhecida, o que não beneficia nada do facto da taxa de natalidade ter vindo a baixar, nos últimos anos. Por outro lado, os jovens, sem emprego ou mal remunerados, vêm-se obrigados e emigrar para conseguirem melhores condições de vida. Curiosamente, no nosso caso, nem se coloca tanto a questão do Plano Director Municipal, uma vez que ainda temos uma boa área de construção e, em poucos casos, os responsáveis do Parque Nacional da Peneda-Gerês tiveram que dar o seu parecer.
Temos que apostar na criação de oportunidades de emprego e a aposta terá seguramente que passar pelo turismo. Há que trabalhar seriamente nessa área, porque a agricultura que ainda se pratica é para consumo próprio das famílias e não temos grandes alternativas. Claro que não deveremos esquecer as valências que ainda existem. Ainda há, por exemplo, muita gente que vive do pastoreio e é importante que ainda possam continuar a viver. Além disso, grande parte das pessoas de cá, ainda está empregada na construção civil.
“Ainda não baixei os braços”
TH: Admite ter cometido algum erro no exercício das suas funções, ao longo destes dez anos, enquanto presidente de Junta?
DF: Que me lembre não. Todas as obras feitas foram pensadas, no âmbito das necessidades da população, e, muito provavelmente, voltaria a optar pelos mesmos moldes de governação.
TH: Por força da lei que limita o número de mandatos aos presidentes de Junta, estes serão os dois últimos anos em que estará em exercício. Concorda com essa lei?
DF: Concordo, em certa medida. Se, por um lado, compreendo que haja necessidade de se renovar as políticas, as ideias e até as figuras à frente de uma Junta de Freguesia, por outro, considero que o povo já julga essas políticas, de quatro em quatro anos, através do voto. Quem nos colocou aqui, a todo o momento também nos pode tirar. No entanto, acho que três mandatos também são suficientes para se apresentar obra feita à freguesia.
TH: Qual o sentimento por ser este o último mandato? Vai sentir saudades?
DF: Para já ainda não penso nas saudades, porque ainda tenho dois anos para trabalhar. Ainda não baixei os braços. Além disso, gostaria também de apoiar alguém que queira continuar, posteriormente, o trabalho.
TH: Vê já alguém com perfil para o substituir no cargo?
DF: Há algumas pessoas perfeitamente capazes e, a seu tempo, terão o meu apoio, se resolverem avançar. Mesmo na actual equipa, existe muita gente competente.
TH: Admite continuar ligado à vida política, após 2013, em prol da freguesia?
DF: Em princípio, será difícil que me afaste da vida política. Até porque já anteriormente, antes de ser presidente da Junta, era membro da Assembleia de Freguesia. Nessa altura, até o então presidente de Junta de Freguesia me reconheceu valor, enquanto membro da oposição, e me chamou para trabalhar consigo, enquanto secretário. Além disso, já fui também presidente da Comissão de Festas da freguesia, durante alguns anos. Ou seja, desde há muito tempo que o desenvolvimento da freguesia me interessa e, por isso, é bem provável que continue ligado à luta pela melhoria das condições de vida das pessoas.
TH: Se fosse presidente da Câmara Municipal de Terras de Bouro, qual seria a área em que actuaria primordialmente?
DF: No nosso concelho, temos de apostar no turismo. Temos condições naturais para ter um turismo de qualidade, por isso há que tentar criar empregos nessa área. No entanto, talvez o Gerês e Terras de Bouro estejam um bocado esquecidos, face a outras regiões turísticas do país.
TH: E se fosse primeiro-ministro, quais as prioridades que definiria para o país?
DF: Sinceramente, não sei. Há tanto por onde mudar, que nem sei por onde começaria.Freguesias e populações vão perder com eliminação das juntas
TH: Começa a ser cada vez mais uma certeza que muitas freguesias irão desaparecer, um pouco por todo o país. Preocupa-o que, nessa aglomeração de freguesias, Covide possa perder o seu espaço? Concorda com essa política?
DF: Eu acho que as freguesias e as populações, em concreto, vão perder com essas medidas. Não concordo com o avanço dessa política. No que diz respeito à freguesia de Covide, e tendo em conta a realidade do concelho de Terras de Bouro, acho que é uma das que faz mais sentido que permaneça e à qual sejam anexadas outras freguesias, até porque é a freguesia central do concelho. Ficamos localizados, precisamente, entre a Vila do Gerês e a Vila de Terras de Bouro. Aliás, a sede do concelho deveria ser a freguesia de Covide, isso faria de Terras de Bouro um concelho mais unido.
Seguramente que os presidentes de Junta de Freguesia que ficarem a gerir os destinos dessas zonas administrativas, terão que possuir outros poderes para lutarem pelo desenvolvimento das suas regiões, porque actualmente ainda continuam dependentes dos municípios.
Não há como desmentir: o presidente de Junta é quem verdadeiramente conhece as pessoas e os seus problemas. Nos municípios, a maioria dos técnicos não conhece mais que 30% da população do seu concelho. As próprias pessoas, nas ruas, não sabem que deveriam abordar um determinado técnico da autarquia, porque nem sequer o conhecem. Enfim, é todo um conjunto de situações que vai levar ao enfraquecimento da qualidade de vida das pessoas.
Fonte: Terras do Homem, em 1-09-2011
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