A entrega da candidatura do garrano a património nacional a Daniel Campelo, secretário de Estado das Florestas e Desenvolvimento Rural, vai marcar o I Congresso Internacional do Garrano que decorre este fim de semana em Arcos de Valdevez. A entrega da candidatura — ponto alto do último dia de congresso, decorre domingo, às 18h00, no auditório da Casa das Artes.
Será também anunciada a criação do Prémio Internacional de Investigação do Garrano, a atribuir a cada dois anos, no valor de 5000 euros e patrocinado pela Fundação Caixa Noroeste.
A candidatura, que é coordenada pelo Instituto Politécnico de Viana do Castelo, conta com os apoios de instituições de ensino superior do norte, associações de desenvolvimento local, criadores da raça, da Fundação Alter Real, entre outras instituições e organizações. Também o pretendente ao trono, D. Duarte Pio de Bragança, e autarquias apoiam o projecto.
A candidatura a património nacional prevê a constituição de uma marca própria e um museu virtual, para além de promover as ‘Rotas do Garrano’ e intervenção científica, através da realização de congressos dedicados à raça.
“Pretende-se contribuir para a manutenção de um recurso biológico que é insubstituível, integrando num conceito holístico perspectivas produtivas, genéticas, ambientais e sócio-culturais, evitando a tendência regressiva de uma raça autóctone, reforçando o orgulho e a identidade de um povo”, refere Nuno Brito, vice-presidente do Instituto Politécnico de Viana do Castelo, entidade promotora da candidatura.
O garrano tem a sua origem no ibérico pré-histórico de pequena estatura que era característico das regiões montanhosas do norte da Península.
Distribui-se pelas serras do norte de Portugal
Pinturas rupestres em locais como La Pasiega e Altamira, Espanha, permitem descrever a morfologia daquele que é considerado o ancestral do cavalo garrano. Este animal tem membros e orelhas curtas e o perfil da cabeça é recto ou côncavo, distribuindo-se principalmente pelas serras do norte de Portugal, como na zona da Peneda-Gerês.
Os promotores da candidatura destacam ainda que o garrano “constitui um elemento integrante do alto das serras e baldios e da paisagem humanizada do Minho”, pelo que “salvaguardar o património genético da população, mais do que um imperativo nacional comunitário, é um imperativo civilizacional”.
No âmbito da candidatura, o secretário de Estado Daniel Campelo, ex-presidente da Câmara de Ponte de Lima, deverá dar seguimento a um processo em que a autarquia limiana está também envolvida.
Com textos de Luís Dantas, autor recentemente falecido, e fotos de Amândio de Sousa Vieira, a autarquia limiana editou em Junho de 2010, na quarta Feira do Cavalo, o livro 'Os Garranos na Península Ibérica' (2.ª edição revista e aumentada).
Em prefácio, Victor Mendes, o sucessor de Daniel Campelo na presidência da Câmara de Ponte de Lima, escreve: “O garrano, tal como as populações rurais, tem sido fortemente penalizado pelas significativas e profundas alterações ocorridas no espaço rural que, em última análise, têm conduzido à dominação do seu número de indivíduos e à erosão do seu património genético”.
Presença ainda notada no espaço rural, prossegue o autarca, esta espécie é “um factor de identidade e autenticidade”.
Congresso com ciência e actividades culturais
António Martinho Baptista, Nuno Vieira e Brito, Alberto Contri, Felix Goyache, Filipe Barcena, José Vieira Leite, Maria do Mar Oom, Rui Baleiras e Xacobo Perez são alguns dos cientistas de várias nacionalidades e diversas disciplinas, com presença prevista no congresso.
O público poderá participar de actividades como a reprodução de um torneio medieval, onde os combatentes montarão garranos. Haverá feiras de caça, espectáculos de falcoaria e a apresentação do livro ‘4 Batidas’, coordenado por Nuno Brito.
O vice-presidente do IPVC revelou ainda que vão ser nomeados “embaixadores do cavalo garrano”, função para a qual foram convidadas figuras como a cientista Teresa Lago, que liderou a organização da Porto 2001, Capital Europeia da Cultura, ou o presidente da Câmara de Arcos de Valdevez, Francisco Araújo.
Ainda de acordo com Nuno Brito, que é o coordenador da proposta de candidatura, o principal impacto que se pretende com a classificação do cavalo garrano como património nacional é “a sua visibilidade e apetência, no âmbito do turismo seja no das actividades desportivas ou da hipoterapia”.
“Com a classificação do garrano como património nacional, o garrano passa a constituir mais um factor de discriminação positiva”, frisou.
Por outro lado, aquele responsável admite que o garrano pode ser foco de problemas designadamente no âmbito da segurança rodoviária e mesmo nas actividades agrícolas em que é recorrente haver produtores a queixar-se de estragos feitos pelos cavalos.
Agricultores revoltados com estragos abatem-nos
Nuno Brito reconhece que há trabalho a fazer no âmbito da sinalização rodoviária ou da informação, bem como em matéria de responsabilização dos proprietários dos animais quando estes andam à solta.
Faltam respostas para a responsabilização por danos causados por animais em estado selvagem, reconhece.
Em Portugal há cerca de 600 criadores de garranos registados, mas apenas 350 possuem animais, num registo nacional de animais adultos que ronda as 2000 cabeças.
Desde 2008 foram conhecidos dezenas de casos de cavalos desta raça abatidos a tiros de caçadeira, alegadamente por agricultores revoltados com os estragos que a criação selvagem destes animais provoca nas culturas.
Fonte: Correio do Minho, em 22-09-2011
Será também anunciada a criação do Prémio Internacional de Investigação do Garrano, a atribuir a cada dois anos, no valor de 5000 euros e patrocinado pela Fundação Caixa Noroeste.
A candidatura, que é coordenada pelo Instituto Politécnico de Viana do Castelo, conta com os apoios de instituições de ensino superior do norte, associações de desenvolvimento local, criadores da raça, da Fundação Alter Real, entre outras instituições e organizações. Também o pretendente ao trono, D. Duarte Pio de Bragança, e autarquias apoiam o projecto.
A candidatura a património nacional prevê a constituição de uma marca própria e um museu virtual, para além de promover as ‘Rotas do Garrano’ e intervenção científica, através da realização de congressos dedicados à raça.
“Pretende-se contribuir para a manutenção de um recurso biológico que é insubstituível, integrando num conceito holístico perspectivas produtivas, genéticas, ambientais e sócio-culturais, evitando a tendência regressiva de uma raça autóctone, reforçando o orgulho e a identidade de um povo”, refere Nuno Brito, vice-presidente do Instituto Politécnico de Viana do Castelo, entidade promotora da candidatura.
O garrano tem a sua origem no ibérico pré-histórico de pequena estatura que era característico das regiões montanhosas do norte da Península.
Distribui-se pelas serras do norte de Portugal
Pinturas rupestres em locais como La Pasiega e Altamira, Espanha, permitem descrever a morfologia daquele que é considerado o ancestral do cavalo garrano. Este animal tem membros e orelhas curtas e o perfil da cabeça é recto ou côncavo, distribuindo-se principalmente pelas serras do norte de Portugal, como na zona da Peneda-Gerês.
Os promotores da candidatura destacam ainda que o garrano “constitui um elemento integrante do alto das serras e baldios e da paisagem humanizada do Minho”, pelo que “salvaguardar o património genético da população, mais do que um imperativo nacional comunitário, é um imperativo civilizacional”.
No âmbito da candidatura, o secretário de Estado Daniel Campelo, ex-presidente da Câmara de Ponte de Lima, deverá dar seguimento a um processo em que a autarquia limiana está também envolvida.
Com textos de Luís Dantas, autor recentemente falecido, e fotos de Amândio de Sousa Vieira, a autarquia limiana editou em Junho de 2010, na quarta Feira do Cavalo, o livro 'Os Garranos na Península Ibérica' (2.ª edição revista e aumentada).
Em prefácio, Victor Mendes, o sucessor de Daniel Campelo na presidência da Câmara de Ponte de Lima, escreve: “O garrano, tal como as populações rurais, tem sido fortemente penalizado pelas significativas e profundas alterações ocorridas no espaço rural que, em última análise, têm conduzido à dominação do seu número de indivíduos e à erosão do seu património genético”.
Presença ainda notada no espaço rural, prossegue o autarca, esta espécie é “um factor de identidade e autenticidade”.
Congresso com ciência e actividades culturais
António Martinho Baptista, Nuno Vieira e Brito, Alberto Contri, Felix Goyache, Filipe Barcena, José Vieira Leite, Maria do Mar Oom, Rui Baleiras e Xacobo Perez são alguns dos cientistas de várias nacionalidades e diversas disciplinas, com presença prevista no congresso.
O público poderá participar de actividades como a reprodução de um torneio medieval, onde os combatentes montarão garranos. Haverá feiras de caça, espectáculos de falcoaria e a apresentação do livro ‘4 Batidas’, coordenado por Nuno Brito.
O vice-presidente do IPVC revelou ainda que vão ser nomeados “embaixadores do cavalo garrano”, função para a qual foram convidadas figuras como a cientista Teresa Lago, que liderou a organização da Porto 2001, Capital Europeia da Cultura, ou o presidente da Câmara de Arcos de Valdevez, Francisco Araújo.
Ainda de acordo com Nuno Brito, que é o coordenador da proposta de candidatura, o principal impacto que se pretende com a classificação do cavalo garrano como património nacional é “a sua visibilidade e apetência, no âmbito do turismo seja no das actividades desportivas ou da hipoterapia”.
“Com a classificação do garrano como património nacional, o garrano passa a constituir mais um factor de discriminação positiva”, frisou.
Por outro lado, aquele responsável admite que o garrano pode ser foco de problemas designadamente no âmbito da segurança rodoviária e mesmo nas actividades agrícolas em que é recorrente haver produtores a queixar-se de estragos feitos pelos cavalos.
Agricultores revoltados com estragos abatem-nos
Nuno Brito reconhece que há trabalho a fazer no âmbito da sinalização rodoviária ou da informação, bem como em matéria de responsabilização dos proprietários dos animais quando estes andam à solta.
Faltam respostas para a responsabilização por danos causados por animais em estado selvagem, reconhece.
Em Portugal há cerca de 600 criadores de garranos registados, mas apenas 350 possuem animais, num registo nacional de animais adultos que ronda as 2000 cabeças.
Desde 2008 foram conhecidos dezenas de casos de cavalos desta raça abatidos a tiros de caçadeira, alegadamente por agricultores revoltados com os estragos que a criação selvagem destes animais provoca nas culturas.
Fonte: Correio do Minho, em 22-09-2011
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