No dia 27 de Setembro último, o Partido Socialista de Terras de Bouro obteve uma vitória retumbante e histórica nas eleições para a Câmara Municipal de Terras de Bouro. Com este resultado, o executivo liderado por Joaquim Cracel Viana reforçou ainda mais a sua maioria absoluta tendo ficado bem próximo de eleger quatro vereadores.
Por um lado, o Partido Social Democrata, principal partido da Coligação Juntos por Terras de Bouro, viu “chumbadas” nas urnas as suas propostas e, por outro, a esquerda reforçou a sua votação com o crescimento da PCP-PEV, com mais 322 votos, quadruplicando o seu número de votos.
De realçar, ainda, que se verificou uma votação significativa do Partido da Terra - MPT (299 votos) e na candidatura independente (177 votos). Tanto o MPT como a candidatura independente surpreenderam nestas eleições tendo até superado as minhas expectativas. Contudo, registo pela negativa a votação na freguesia de Valdosende onde o MPT obteve, apenas, 3 votos e a candidatura independente 2 votos, o que me parece ser muito pouco no contexto concelhio. Aqui, o apelo ao voto útil poderá ter penalizado, certamente, estas candidaturas.
Os votos do PCP-PEV, do MPT e da candidatura independente juntos totalizaram 895 votos. Este número é superior a mais de metade dos votos obtidos pelo PSD e pelo CDS coligados. Por isso, nestas eleições, para além do PS ser um vencedor claro e inequívoco destaco, ainda, pela positiva, as votações nas outras candidaturas que obtiveram um número expressivo de votos.
Se por um lado, a candidatura independente e a candidatura do MPT vieram dignificar e enriquecer estas eleições autárquicas, por outro, avançaram muito tarde para esta corrida autárquica. As candidaturas a um município têm de apresentar-se ao eleitorado pelo menos um ano antes da data das eleições. Se tivessem sido apresentadas atempadamente, a derrota eleitoral da Coligação poderia ter sido ainda bem maior!
Indubitavelmente que os derrotados na noite de 29 de Setembro foram os partidos da Coligação Juntos por Terras de Bouro. Senão, vejamos: em 2009, os 2393 votos do PSD somados com os 207 votos do CDS totalizavam 2600 votos e uma percentagem de 45,03%. Nas eleições autárquicas de 2013, a Coligação obteve apenas 1555 votos e uma percentagem de 29,02%. Este resultado representa uma queda de 16,01%. O PSD e o CDS juntos perderam para as outras candidaturas 1045 votos, o que num concelho com poucos eleitores, como é o nosso, é muito significativo.
De facto, não era expectável que os partidos da direita tivessem uma votação tão reduzida. Muito menos que houvesse uma deslocação de votos que viesse a permitir o crescimento de outras candidaturas.
Terá sido António Afonso o grande derrotado?
O desaire eleitoral não deverá ser imputado, primeiramente, às comissões políticas concelhias do PSD e do CDS que validaram as listas dos candidatos assim como a estratégia para estas eleições autárquicas?
Nestas eleições, quero destacar como vencedor o cabeça de lista do PCP-PEV à Assembleia Municipal que, nestes últimos anos, tem feito um trabalho meritório e digno de registo. Com 522 votos, mais 161 votos do que em 2009, o PCP-PEV obteve para a Assembleia Municipal mais 103 votos do que os votos obtidos para a Câmara Municipal. No entanto, esta subida na votação só lhe permitirá a eleição de um deputado municipal.
Deste sufrágio, devemos retirar, ainda, duas ilações: pela segunda vez consecutiva que a “seta” deixou de cativar votos; também devemos aprender que vale a pena governar para as pessoas.
É uma evidência objectiva de que as pessoas devem estar em primeiro lugar. Joaquim Cracel Viana, ao longo de toda a sua campanha, enfatizou a centralidade da governação do município nas pessoas. Afirmou, reiteradamente, ser contra as obras “inúteis e megalómanas”, sublinhando sempre que o governo destes quatro anos foi feito “para as pessoas que estão em primeiro lugar”.
É inequívoco que Joaquim Cracel Viana foi um justo vencedor. Aproveito para felicitar todos os seus apoiantes por terem a dignidade de resistir, pacientemente, à maledicência e aos ataques pessoais feitos aos candidatos socialistas, principalmente, no ciberespaço e por perfis anónimos.
Com a vitória do dia 29 de setembro, o Partido Socialista de Terras de Bouro poderá ter ganho, certamente, as eleições para os próximos oito anos e terá posto fim, definitivamente, à política do emplastro, das procissões e dos funerais.
Ao PSD espera-o, nos próximos anos, “uma grande travessia no deserto”. E quem sabe esta derrota venha a terminar com o "caciquismo”, permitindo a abertura do partido à sua renovação e aos militantes.
Fonte: Geresão, edição de outubro de 2013, por José Guimarães Antunes
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