segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Câmara Municipal vai ter de reduzir número de trabalhadores: Joaquim Cracel tomou posse com aviso de “cortes a doer” em Terras de Bouro

O novo executivo da Câmara Municipal de Terras de Bouro tem pela frente o desafio de concretizar cortes a doer na despesa municipal. À redução substancial do orçamento camarário, por força da contração económica e da redução dos valores a transferir do Orçamento do Estado para 2014, a gestão socialista vai ter de acrescentar cortes no número de funcionários públicos.
Os avisos aos terrabourenses foram deixados ontem pelo presidente cessante da Assembleia Municipal, Ricardo Gonçalves, que presidiu à tomada de posse do Joaquim Cracel como presidente da Câmara Municipal.
O socialista que vai gerir os destinos de Terras de Bouro pela segunda vez consecutiva escusou-se a abordar a questão de eventuais despedimentos na autarquia, mas não deixou de se insurgir contra a decisão do Governo, que aplicou ao Município de Terras de Bouro «o corte mais elevado de todas as câmaras do distrito de Braga».
Embora a cerimónia da posse de todos eleitos nas autárquicas de 9 de Setembro tenha decorrido num clima de festa – ontem assinalou-se também o Dia do Município – o presidente cessante da Assembleia Municipal lembrou ao presidente empossado que tem pela frente uma missão «muito complicada». «O presidente Joaquim Cracel vai precisar de muita sorte e de muito trabalho porque os próximos quatro anos serão tempos muito difíceis», disse Ricardo Gonçalves, acusando o Governo da coligação PSD/CDS-PP de «preparar cortes fortes» nas transferências para as autarquias.
Os números avançados pelo ex-deputado à Assembleia da República apontam para um corte de 3,5 por cento na participação de Terras de Bouro no Fundo de Equilíbrio Financeiro. Ricardo Gonçalves avisou ainda que o executivo de Joaquim Cracel vai ter de cortar 2,5 por cento no número de funcionários municipais, uma medida que «também é imposta pelo Orçamento do Estado», sublinhou, Ricardo Gonçalves, estimando que só com a redução dos apoios do Estado e com o valor da inflação, o orçamento municipal de Terras de Bouro para 2014 vai encolher cinco por cento. «Por isso talvez fosse desejável que a redução de funcionários municipais pudesse ser feita através de rescisões amigáveis», sugeriu, notando que as dificuldades para os cofres municipais vão engrossar com a política de distribuição de fundos do próximo Quadro Comunitário de Apoio. «As verbas disponíveis vão ser dirigidas para o investimento do setor privado, em detrimento dos investimentos municipais», enfatizou, salientando que as dificuldades que o concelho atravessa já fizeram com que «a emigração, em terras de Bouro, tenha atingido a dimensão dos anos sessenta».
Executivo vai centrar esforços na criação de emprego
O presidente empossado da Câmara Municipal de Terras de Bouro afirmou ontem que vai colocar a criação de emprego no centro das preocupações municipais e promover políticas que ajudem a fixar os jovens no concelho. «O nosso grande compromisso é a promoção e a criação de emprego», disse o autarca socialista, que ontem foi empossado para o seu segundo mandato.
 
Sem nunca se referir à necessidade de o município cortar 2,5 por cento no quadro de pessoal – o alerta foi deixado pelo presidente cessante da Assembleia Municipal (ver peça acima) – o socialista que aumentou a margem de 2009 sobre o socialdemocrata António Afonso, não escondeu que «o desemprego é o principal problema do concelho».
As medidas apontadas pelo chefe do executivo passam pela criação de estágios para jovens e pelo apoio à criação de novas empresas e visam também combater a desertificação crescente que tem sido gerada pela falta de trabalho. O combate à desertificação passará ainda pela atribuição de incentivos à natalidade, revelou Cracel, assumindo que a sua equipa «recusa confromar-se com a perda constante de população, por causa da falta de emprego».
O edil reconhece que a tarefa não vai ser fácil, até porque os cofres municipais vão ser penalizados pela redução da transferência de verbas do Orçamento do estado para o próximo ano. «Vamos perder 187.000 euros do Fundo de Equilíbrio Financeiro, que é o maior corte percentual que o Governo vai cortar a todas as câmaras do distrito de Braga», acusou Joaquim Cracel, vincando que, a essa «injustiça» que afirma ser «incompreensível», o seu executivo vai responder com «maior rigor» na gestão do orçamento, até para «reduzir as dívidas a fornecedores e às instituições bancárias».
 
O novo executivo da Câmara Municipal de Terras de Bouro compromete-se também com o aumento da capacidade de resposta à «emergência social» que o concelho atravessa e deixa claro que só serão investidos recursos «nas obras da maior utilidade», leque que abrange o alargamento da rede de saneamentos e a requalificação do centro cultural.
Entre as principais novidades está também a abertura de uma delegação da Câmara Municipal de Terras de Bouro na vila do Gerês, porque «este executivo quer estar próximo das pessoas e resolver os seus problemas», disse Cracel.
Fonte: Diário do Minho – Joaquim Fernandes, em 21-10-2013

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