Rui Barbosa passou os últimos sete anos a usar o seu tempo livre para investigar a história das minas dos Carris, na serra do Gerês. E encontrou uma história nunca contada da exploração de volfrâmio que esteve activa em meados do século passado. Factos, memórias e fotografias estão agora reunidos num livro ao qual falta financiamento para poder chegar às bancas. O autor lembrou-se por isso de recorrer à Internet para tentar angariar fundos e, em troca, promete levar os apoiantes a passear.
A obra "está terminadíssima", conta Rui Barbosa, autor de Minas dos Carris - Histórias mineiras na Serra do Gerês. "Apenas à espera de poder ser enviado para a gráfica para impressão". Para isso, precisa de reunir cerca de 5000 euros, de modo a pagar a edição. Daí ter-se lembrado de recorrer à Internet para encontrar outros apaixonados pela área do Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG), dispostos a contribuir para a publicação.
O apelo foi lançado no final da semana passada numa plataforma de crowdfunding (http://ppl.com.pt/pt/prj/minas-dos-carris) e, em poucos dias, teve o apoio de 18 pessoas e angariou 700 euros. O valor corresponde a cerca de 15% do objectivo traçado, mas a iniciativa mantém-se aberta até ao dia 29 de Novembro.
Para os interessados, existem vários patamares de apoio, que podem ir dos 10 aos 350 euros. Em contrapartida, Rui Barbosa oferece várias formas de agradecimento, desde a inclusão do autor do donativo no site promocional do livro, à oferta de postais e da própria obra. Mas, a partir dos 75 euros, disponibiliza-se para levar os apoiantes numa caminhada até ao complexo mineiro dos Carris. Mas avisa, desde logo, a excursão exige boa condição física, para percorrer os trilhos de fraca acessibilidade até ao cume.
Rui Barbosa é optometrista, mas é há longos anos um apaixonado pela área do Parque Nacional, onde passa a maioria dos seus tempos livres. Em Minas dos Carris - Histórias mineiras na Serra do Gerês reúne centenas de fotografias de época e factos históricos, abarcando as três fases de exploração do complexo. A primeiro começou em 1941 e durou até ao final da II Guerra Mundial, sendo liderada por uma empresa portuguesa que, segundo Rui Barbosa apurou, servia apenas de fachada aos seus concessionários reais, de origem alemã. Seguiram-se um período que corresponde à Guerra das Coreias (1950-1953), e uma última fase de exploração, menos intensa, nos anos 70.
Aos factos, o autor junta também muitas memórias. Rui Barbosa falou com ex-trabalhadores e familiares dos antigos mineiros e conta ali as suas histórias. "Hoje em dia é difícil encontrar trabalhadores com lucidez suficiente, especialmente para falar da primeira fase, mas ainda encontrei duas ou três pessoas que tinham histórias com pormenores ao dia, mesmo", ilustra.
Fonte: Público, em 6-10-2013
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