domingo, 13 de maio de 2012

Subida da Vezeira para as Terras do Gerês

Alguns dados sobre a vezeira que importa conhecer: 
A Vezeira de Vilar da Veiga é uma associação comunitária que existe desde 1802.
O nome de Vezeira está associado à atividade da organização, que consiste em guardar o gado “à vez”.
Esta organização surge associada à necessidade de entreajuda da população, nomeadamente no que se refere à manutenção do gado bovino na época do Verão, período no qual a atividade agrícola é mais forte. Nesse sentido, as pessoas precisavam das terras para cultivar, optando por reservar os campos para essa prática e não para a pastorícia.
A Vezeira de Vilar da Veiga é constituída por pastores de gado bovino da freguesia, os quais se ajudam mutuamente na criação do gado de 15 de Maio a 15 de Setembro, período em que o gado é mantido na serra. Durante esse tempo os membros da organização juntam todas as cabeças de gado, levando-as para os Currais, onde fica um pastor permanente a guardar a manada. De acordo com o número de animais de cada um, o pastor é responsável por subir para guardar todos os animais na proporção de 2:1, ou seja, por cada duas cabeças de gado o proprietário tem de guardar o gado de toda a comunidade durante um dia, passando a vez ao seu vizinho, e assim a ordem de guardar o gado percorre toda a freguesia. 
São propriedade desta organização um conjunto de prados (currais), situados em diferentes altitudes e por onde o gado vai passando, assim como o boi de cobrição. Este, de 15 de Setembro a 15 de Maio, é mantido por todos os Vezeiros, passando de porta em porta de acordo com a mesma proporção da guarda do gado. 
A Vezeira tem escritura pública datada de 1962 e estatutos próprios bem definidos. Segundo eles, a direção é constituída por um Juiz; um Secretário; um Tesoureiro; um Procurador e três Louvados. Estes cargos, anuais, são definidos por nomeação direta com a exceção do Juiz, que é promovido automaticamente do cargo de Procurador. Estes cargos são definidos em reuniões periódicas denominadas “Chamados”, nos quais são debatidos todos os assuntos relativos ao bom funcionamento desta organização. 
Existem dois “Chamados” anuais obrigatórios e que não carecem de aviso prévio, um antes da subida do gado, e outro depois da manada descer. A não comparência a qualquer destas reuniões é sempre punida com uma “condena” de 50€, bem como a falta ou prevaricação em qualquer atividade realizada por esta sociedade. 
“OS CUBAIS” 
De forma a preparar a chegada do gado e dos pastores aos currais, todos os membros desta organização juntam-se oito dias antes da ida do gado para a serra com o intuito de limpar os caminhos de acesso aos currais, bem como os “fornos”, que são os abrigos onde os pastores pernoitam. Quando necessárias são também realizadas obras de melhoria do património da Vezeira, não deixando de ser um dia de convívio entre os vezeiros. 
“RODA DE SERVIÇO” 
Grupo de pessoas de organização nomeadas para determinados serviços, como por exemplo mudança do gado e de utensílios do pastor de curral, vigia ao gado durante e época de atividade da vezeira na serra e vigia às pastagens fora desse período. 
O pote faz parte do “indumentário” mais tradicional e antigo da Vezeira. Os pastores, desde o início dos tempos, faziam-se acompanhar do pote para assim poderem cozinhar na serra enquanto guardavam o gado. O pote é, portanto, uma espécie de “panela” de ferro fundido e de formas mais ovais, sendo também na Vezeira de Vilar da Veiga comunitário, acompanhando assim a Vezeira durante todo o seu trajeto. Existe uma “roda de serviço” que é responsável pela mudança do gado para outro curral, sendo essa roda também responsável pelo transporte do pote. As iguarias preferidas dos pastores da Vezeira são as sopas tradicionais à base de batata, couve, feijão e carne de porco curada. É obrigação do Vezeiro que termina o seu tempo de guarda, e que se prepara para ser rendido, deixar pronta a sopa para o pastor que o vem render. 
Fonte: Viver Gerês

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