segunda-feira, 16 de abril de 2012

Termas do Gerês: um caso de sucesso

O termalismo é uma prática que é exercida desde o tempo dos romanos, atingindo a nível europeu o seu maior desenvolvimento nos séculos XVIII e XIX. As qualidades terapêuticas que estas proporcionam levaram a um desenvolvimento bastante elevado, sendo nos dias de hoje uma prática cada vez mais procurada no mundo industrializado e urbano. É de salientar que as termas se localizam na sua maioria em territórios rurais, o que poderá permitir o desenvolvimento local e regional destas áreas.
Com referências históricas que remontam à época dos romanos, é no reinado de D. João V que são construídos os primeiros edifícios para banhos, constituídos por tanques em granito abrigados em guaridas de pedra. Por exemplo, as Termas do Gerês foram visitadas durante o século XIX por suas majestades D. Luiz I e D. Maria Pia, com o príncipe real de então, D. Carlos I.
As características da atividade termal e a localização das mesmas contribuem de uma maneira significativa para o desenvolvimento regional, sendo a criação de emprego e a fixação de populações algumas das consequências positivas que um empreendimento termal poderá proporcionar. Ressalto ainda, em associação a estes fatores, o atenuar das assimetrias e o gerar de novos investimentos, que provocam um efeito benéfico para os agentes económicos locais.
As qualidades das águas do Gerês são o pilar base para o desenvolvimento deste tipo de atividade económica. O uso de um “produto” regional para desenvolver uma região, neste caso o Minho, mais propriamente o concelho de Terras de Bouro, revelou-se um caso de sucesso que vem atribuir valor ao que é nacional, justificando a aposta na especificidade da região para proporcionar uma fonte de desenvolvimento. Atualmente, o Estabelecimento Termal encontra-se dotado das mais modernas técnicas termais e de bem-estar, dando assim resposta à cada vez maior exigência por parte dos clientes. O termalismo, aliado às suas capacidades medicinais no tratamento de entre outros problemas, o reumatismo ou a hipertensão arterial, adquiriu um estatuto que tem levado a um crescimento elevado de estâncias termais, principalmente por toda a região norte de Portugal.
A aposta neste conceito permitiu ao concelho de Terras de Bouro algum desenvolvimento económico, aliado à sua localização no Parque Nacional da Peneda Gerês, pois toda esta região passou a obter uma categorização muito mais elevada, com projeção a nível nacional, tendo vindo a crescer de ano para ano e neste momento as Termas do Gerês gozam já de uma procura bastante grande, derivada desse mesmo crescimento. Contiguo ao estabelecimento termal, foram criadas diversas áreas de serviços e comércio, constituindo um moderno conjunto edificado, tornando-se um complexo turístico-termal localizado no interior da Serra do Gerês. O aproveitamento de um produto ou característica local, para a construção de um projeto pioneiro de crescimento e desenvolvimento económico está patente neste exemplo de Terras de Bouro.
Este é apenas um de muitos casos, em que se prova que o território nacional tem um potencial enorme e que ainda tem possibilidade de ser explorado. A riqueza do nosso espaço, do nosso lugar muitas das vezes passam despercebidos aos nossos olhos, pois o nosso estilo ideológico ainda está muito virado para o valorizar tudo o que é internacional, esquecendo assim as fabulosas características que uma região pode ser capaz de transformar. São estas mesmas regiões que compõe um país, dando uma diversidade de características físicas e humanas a uma nação, que necessita de toda a sua componente interior para se afirmar perante si e perante o exterior.
O crescimento económico de cada região é assim essencial para o desenvolvimento nacional e não devem ser por isso esquecidas. Por exemplo, as regiões mais interiores do país, apesar de em termos populacionais não serem muito densas, são também uma parte integrante de um todo, que devem merecer a atenção por parte de quem tem os poderes para intervir no sentido do respectivo desenvolvimento.
Sérgio Soares
(artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular "Economia e Política Regional" do Mestrado em Geografia, do ICS/UMinho)
Fonte: Blogue Planeamento Territorial

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