segunda-feira, 23 de abril de 2012

Acesso à natureza não deve ser vedado à sociedade com taxas, diz Quercus

O presidente da associação ambientalista Quercus defendeu hoje que o "acesso à natureza não deve ser vedado à sociedade", mas admitiu que o oposto pode prejudicar as áreas protegidas.

"O acesso à natureza não deve ser vedado à sociedade de forma direta ou indireta", disse Nuno Sequeira à Agência Lusa que, no entanto, admitiu que o livre acesso "pode ser prejudicial para as áreas protegidas". 
O presidente da Quercus falava à Lusa no âmbito da taxa de 152 euros que o Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade (ICNB) cobra pelos pedidos de autorização para se visitar as áreas protegidas dos parques naturais. 
Afirmando que esse é um dos pontos da agenda que a Quercus tem para debater com a nova presidente do instituto (futuro Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas - INCF), Nuno Sequeira disse que "não será com valores deste tipo que se irá aproximar as pessoas das áreas protegidas". 
O ambientalista alertou ainda que este tipo de medidas conduz a "situações ilegais com prejuízo também para os parques naturais" porque as pessoas "acabam por ir na mesma sem comunicar as atividades que vão desenvolver". Nuno Sequeira defendeu que "deve de haver um ajuste [do valor da taxa] em função da dimensão da entidade que pede a autorização".
Desagradados com a taxa cobrada pelo ICNB, um grupo de praticantes de caminhada e montanhismo está a promover uma manifestação, na próxima quarta-feira, no parque natural Peneda/Gerês. Contactado pela Lusa, Rui Barbosa, um dos promotores, disse que as pessoas têm feito as suas caminhadas sem pedir qualquer autorização, mas frisou que "se não houvesse taxa, as pessoas não tinham problema nenhum em pedir autorização porque é uma questão de segurança". 
Rui Barbosa explicou que o plano de ordenamento divide os parques em três zonas de proteção: total, parcial tipo I e parcial tipo II. "Para a total é necessária autorização. Mais de 10 pessoas na parcial tipo I também têm de se pedir autorização, tal como mais de 15 pessoas na parcial tipo II. Mas não implica que a autorização seja dada. O que se está a pagar é o serviço administrativo", disse. 
"Se alguém quiser pernoitar na serra também tem de pedir autorização. Acaba por ser o parque de campismo mais caro do país e sem casa de banho, água ou luz", acrescentou. 
Quanto aos trilhos homologados pelo parque, "alguns entram dentro da zona de proteção parcial e, mediante o tamanho do grupo, também tem de se pedir autorização". 
No entanto, Rui Barbosa nega que o objetivo da taxa seja fazer prevenção e afirma que "será fazer com que as pessoas utilizem as empresas de turismo de montanha". O adepto da caminhada disse à Lusa que "muitas pessoas já mostraram a indignação perante o ICNB, que tem feito orelhas moucas". 
Quanto à manifestação de quarta-feira, Rui Barbosa disse esperar "muitas pessoas", mas frisou que "vai depender um bocadinho das condições atmosféricas". 
Na página de Facebook criada para promover o protesto foram convidadas a comparecer no parque natural Peneda/Gerês 2.589 pessoas, das quais 185 já confirmaram a presença. 
Fonte: Diário Digital com Lusa, em 23-04-2012
 

1 comentário:

Dylan disse...

Vergonha, essa taxação ridícula!