Casado e com dois filhos, João Paulo Borges Araújo tem, actualmente, 39 anos e faz das viagens internacionais de transportes a sua actividade profissional. Confesso admirador de um "bom prato de carne", o presidente da Junta de Valdozende, que possui o 6º ano de escolaridade, garante que a maior parte dos seus tempos livres são ocupados a trabalhar. Em tempos, assegura, já foi viciado em futebol, dedicando-se agora, na devida época, à caça. Como destino de férias de sonho, João Paulo Borges escolheria o Brasil.
A cumprir o seu primeiro mandato à frente dos destinos da Junta de Freguesia de Valdozende, João Paulo Borges Araújo aceitou falar ao Terras do Homem sobre a experiência vivida nestes últimos meses. Para este primeiro mandato, e depois de conhecer as realidades financeiras de Junta de Freguesia e Câmara Municipal, Paulo Araújo traçou um cenário e objectivos realistas, que passam pela melhoria dos acessos no interior da freguesia e uma aposta clara no fomento do turismo de natureza e na fixação dos jovens na freguesia.
Terras do Homem: A sua lista destronou, nas últimas eleições, um executivo social-democrata, nesta freguesia, à semelhança do que aconteceu ao nível da Câmara Municipal de Terras de Bouro. Foi uma vitória difícil de alcançar?
Paulo Borges: Um pouco, mas acima de tudo notava-se nas pessoas um desejo de mudança. Havia muita gente que entendia que o anterior executivo não vinha realizando obra, pelo que isso se tornou um sentimento a nosso favor. Claro que muitas vezes é preciso avaliar o que é que se pode fazer, porque até admito que estivessem algo dependentes do que a autarquia permitia.
TH: Entretanto, também a Câmara Municipal conheceu alterações ao nível do executivo, com o Partido Socialista, comandado por Joaquim Cracel, a chegar ao poder. Como têm sido as relações com esta direcção da autarquia? Até que ponto a chegada do PS ao poder é benéfica para a freguesia de Valdozende, agora também governada por uma lista socialista?
PB: As relações têm sido muito boas, a autarquia tem-nos apoiado em tudo o que pode. No entanto, em relação à questão do benefício que Valdozende poderia tirar, do facto do executivo camarário ser da mesma cor que o nosso, acho que não há uma relação directa, até porque acredito que os dirigentes concelhios tratam de igual modo, e com a mesma vontade de ajudar, qualquer Junta de Freguesia de Terras de Bouro.
TH: Qual é, no seu entender, a grande prioridade para a freguesia de Valdozende, para os próximos anos?
PB: Ao nível dos caminhos que percorrem a freguesia, há muitas limpezas a fazer, porque estão um bocado abandonados. Noutros casos será mesmo necessária a colocação de outro tipo de pavimento. Tentaremos fazê-lo um pouco por cada lugar, sabendo de antemão das dificuldades que vivem quer a Junta de Freguesia, quer a Câmara Municipal, a nível financeiro.
TH: Sendo esta freguesia situada a caminho do Gerês e de S. Bento da Porta Aberta, o que poderá fazer para capitalizar a passagem de turistas e pregrinos?
PB: Queremos criar alguns parques de merendas, por exemplo no Lugar do Assento, devidamente equipados, para convidar os turistas a pararem na freguesia para relaxarem um pouco. Além disso, importa limpar e recuperar um outro existente aqui junto ao Campo de Futebol.
Ainda recentemente houve também uma intervenção aqui no adro da Igreja, proporcionado pela Igreja e pela Fabriqueira. Entretanto, em breve deverá arrancar, com o apoio da Câmara Municipal, a criação de um passeio, com alguns metros de largura, desde esse adro da Igreja até aqui ao recinto onde fica instalada a sede da Junta de Freguesia, para que as pessoas não tenham que andar no meio da estrada.
TH: O que pretende fazer face à preocupação com o êxodo dos jovens desta região?
PB: Existe um projecto em análise, pela autarquia, que poderá vir a ser muito interessante relativamente à fixação de jovens na freguesia, e que se poderá prender com a cedência de alguns pequenos lotes para construção, nos antigos terrenos da EDP, desde que os interessados o façam, ao que tudo indica, num período máximo de cinco anos, a partir do momento em que solicitam a cedência do espaço. No mesmo local, já a Associação Cultural e Recreativa de Paradela está responsável pela exploração de uma piscina municipal.
TH: Ao nível do abastecimento de águas e de rede de saneamento, como se encontra a freguesia de Valdozende?
PB: No que diz respeito ao abastecimento de água, está tudo feito. Quanto à rede de saneamento, está também, praticamente, concluída, faltando apenas estudar o caso do lugar de Vilarinho, onde ainda não existe.
TH: Até ao momento, onde se centrou a acção do seu executivo?
PB: Até ao momento, ainda pouco foi possível fazer. Começamos há apenas seis meses e ainda estamos numa fase de pagamentos de facturas atrasadas, de equilíbrio das contas e organização da Junta de Freguesia, em si.
A partir daí começamos com a limpeza da freguesia. Há ainda muitos caminhos que estão por limpar, completamente abandonados. Vejamos que é muito importante, por exemplo, mantermos os acessos às matas limpos, numa freguesia e num concelho com elevada densidade montanhosa, para permitir um melhor combate a incêndios e outro tipo de socorros.
No decurso do mandato de Abílio Guedes, há oito anos, foram abertos, e bem, muitos caminhos um pouco por toda a freguesia. Agora, é nossa obrigação cuidar desses e, se possível, abrir outros acessos, em zonas que se avaliem necessários.
TH: Valdozende é também uma das freguesias atravessadas pelo Rio Cávado. Como potenciar esse recurso natural desta região?
PB: Relativamente a esse aspecto, estamos a estudar a hipótese de criação de um trilho pedonal, junto à margem, para promoção da actividade turística e do desporto de natureza. Trata-se de uma questão que requer uma avaliação séria, uma vez que existem diversas habitações construídas nas proximidades, pertencentes a pessoas que gostam de vir passar o fim-de-semana às proximidades do Gerês.
Entre religiões diferentes
TH: Valdozende tem uma curiosa particularidade que é a de ser uma freguesia onde vivem pessoas com diferentes credos religiosos, existindo, nomeadamente, uma grande comunidade católica e uma grande comunidade evangélica. A coexistência quotidiana é pacífica?
PB: A convivência é muito sã, são pessoas muito unidas, participando bem uns com os outros. Acho que, no seu dia-a-dia, não reparam nessas diferenças sequer. Por exemplo, Valdozende dispõem de um Centro Social, pertencente à comunidade evangélica, e que serve todas as crianças e idosos da freguesia. Por isso é que eu digo que são comunidades muito unidas e que fomentam um espírito muito saudável.
TH: A freguesia de Valdozende dispõe também de duas associações, a Associação Cultural Desportiva e Recreativa do lugar do Assento e a Associação Cultural e Recreativa de Paradela. Acha que o dinamismo desta freguesia também passa, em grande parte, pelo trabalho desenvolvido por estas duas colectividades?
PB: São, sem dúvida, dois organismos muito dinâmicos, cooperando também positivamente um com o outro. No fundo, acabam por ser duas entidades fundamentais na ajuda ao desenvolvimento cultural da freguesia.
"Doze anos são mais do que suficientes para fazer muita coisa"
TH: Concorda com a lei que limita o número de mandatos possíveis por cada presidente de Junta?
PB: Concordo. Acho que é necessário dar-se oportunidades a outras pessoas, para que possam mostrar as suas ideias e pô-las em prática. Penso que 12 anos são mais do que suficientes para mostrar e fazer muita coisa, são suficientes para se traçar um rumo e levar a cabo um projecto de desenvolvimento de uma freguesia.
TH: Tendo em conta a forte dependência de que sofrem as Juntas de Freguesia, face às Câmaras Municipais, acha que faz sentido a existência deste órgão autárquico?
PB: Eu entendo que sim. Se não forem as Juntas de Freguesia a pressionar as Câmaras Municipais torna-se mais difícil desenvolver uma determinada área de um qualquer concelho. Ninguém conhece melhor as carências de uma freguesia que os dirigentes da Junta de Freguesia ou o povo local.
TH: Deveriam, então, os poderes dos presidentes de Junta serem reforçados?
PB: Sem dúvida. Se os dirigentes de uma determinada Junta de Freguesia detivessem mais poderes ou, pelo menos, mais recursos financeiros, poderiam fomentar e desenvolver outro tipo de ideias. Assim, estão bastante limitados, esperando pelos que as Câmaras Municipais possam fazer.
Reduzir altos ordenados
TH: Se fosse presidente de Câmara, qual seria a primeira medida que tomaria para o desenvolvimento do concelho?
PB: Penso que, no contexto em que estamos inseridos, começaria por reduzir aos ordenados mais altos dos detentores de cargos públicos, colocando também as pessoas a desenvolverem um trabalho mais eficaz. Tendo em conta as características do concelho, tentaria também desenvolver um projecto de expansão turística bem delineado.
TH: E se fosse primeiro-ministro, qual seria a prioridade?
PB: Seria a mesma. Contenção da despesa, em primeiro lugar. Essa passaria, acima de tudo, pela redução dos ordenados mais elevados, desde os deputados aos detentores de importantes cargos públicos.
Fonte: Jornal “Terras do Homem” (9-06-2010)
A cumprir o seu primeiro mandato à frente dos destinos da Junta de Freguesia de Valdozende, João Paulo Borges Araújo aceitou falar ao Terras do Homem sobre a experiência vivida nestes últimos meses. Para este primeiro mandato, e depois de conhecer as realidades financeiras de Junta de Freguesia e Câmara Municipal, Paulo Araújo traçou um cenário e objectivos realistas, que passam pela melhoria dos acessos no interior da freguesia e uma aposta clara no fomento do turismo de natureza e na fixação dos jovens na freguesia.
Terras do Homem: A sua lista destronou, nas últimas eleições, um executivo social-democrata, nesta freguesia, à semelhança do que aconteceu ao nível da Câmara Municipal de Terras de Bouro. Foi uma vitória difícil de alcançar?
Paulo Borges: Um pouco, mas acima de tudo notava-se nas pessoas um desejo de mudança. Havia muita gente que entendia que o anterior executivo não vinha realizando obra, pelo que isso se tornou um sentimento a nosso favor. Claro que muitas vezes é preciso avaliar o que é que se pode fazer, porque até admito que estivessem algo dependentes do que a autarquia permitia.
TH: Entretanto, também a Câmara Municipal conheceu alterações ao nível do executivo, com o Partido Socialista, comandado por Joaquim Cracel, a chegar ao poder. Como têm sido as relações com esta direcção da autarquia? Até que ponto a chegada do PS ao poder é benéfica para a freguesia de Valdozende, agora também governada por uma lista socialista?
PB: As relações têm sido muito boas, a autarquia tem-nos apoiado em tudo o que pode. No entanto, em relação à questão do benefício que Valdozende poderia tirar, do facto do executivo camarário ser da mesma cor que o nosso, acho que não há uma relação directa, até porque acredito que os dirigentes concelhios tratam de igual modo, e com a mesma vontade de ajudar, qualquer Junta de Freguesia de Terras de Bouro.
TH: Qual é, no seu entender, a grande prioridade para a freguesia de Valdozende, para os próximos anos?
PB: Ao nível dos caminhos que percorrem a freguesia, há muitas limpezas a fazer, porque estão um bocado abandonados. Noutros casos será mesmo necessária a colocação de outro tipo de pavimento. Tentaremos fazê-lo um pouco por cada lugar, sabendo de antemão das dificuldades que vivem quer a Junta de Freguesia, quer a Câmara Municipal, a nível financeiro.
TH: Sendo esta freguesia situada a caminho do Gerês e de S. Bento da Porta Aberta, o que poderá fazer para capitalizar a passagem de turistas e pregrinos?
PB: Queremos criar alguns parques de merendas, por exemplo no Lugar do Assento, devidamente equipados, para convidar os turistas a pararem na freguesia para relaxarem um pouco. Além disso, importa limpar e recuperar um outro existente aqui junto ao Campo de Futebol.
Ainda recentemente houve também uma intervenção aqui no adro da Igreja, proporcionado pela Igreja e pela Fabriqueira. Entretanto, em breve deverá arrancar, com o apoio da Câmara Municipal, a criação de um passeio, com alguns metros de largura, desde esse adro da Igreja até aqui ao recinto onde fica instalada a sede da Junta de Freguesia, para que as pessoas não tenham que andar no meio da estrada.
TH: O que pretende fazer face à preocupação com o êxodo dos jovens desta região?
PB: Existe um projecto em análise, pela autarquia, que poderá vir a ser muito interessante relativamente à fixação de jovens na freguesia, e que se poderá prender com a cedência de alguns pequenos lotes para construção, nos antigos terrenos da EDP, desde que os interessados o façam, ao que tudo indica, num período máximo de cinco anos, a partir do momento em que solicitam a cedência do espaço. No mesmo local, já a Associação Cultural e Recreativa de Paradela está responsável pela exploração de uma piscina municipal.
TH: Ao nível do abastecimento de águas e de rede de saneamento, como se encontra a freguesia de Valdozende?
PB: No que diz respeito ao abastecimento de água, está tudo feito. Quanto à rede de saneamento, está também, praticamente, concluída, faltando apenas estudar o caso do lugar de Vilarinho, onde ainda não existe.
TH: Até ao momento, onde se centrou a acção do seu executivo?
PB: Até ao momento, ainda pouco foi possível fazer. Começamos há apenas seis meses e ainda estamos numa fase de pagamentos de facturas atrasadas, de equilíbrio das contas e organização da Junta de Freguesia, em si.
A partir daí começamos com a limpeza da freguesia. Há ainda muitos caminhos que estão por limpar, completamente abandonados. Vejamos que é muito importante, por exemplo, mantermos os acessos às matas limpos, numa freguesia e num concelho com elevada densidade montanhosa, para permitir um melhor combate a incêndios e outro tipo de socorros.
No decurso do mandato de Abílio Guedes, há oito anos, foram abertos, e bem, muitos caminhos um pouco por toda a freguesia. Agora, é nossa obrigação cuidar desses e, se possível, abrir outros acessos, em zonas que se avaliem necessários.
TH: Valdozende é também uma das freguesias atravessadas pelo Rio Cávado. Como potenciar esse recurso natural desta região?
PB: Relativamente a esse aspecto, estamos a estudar a hipótese de criação de um trilho pedonal, junto à margem, para promoção da actividade turística e do desporto de natureza. Trata-se de uma questão que requer uma avaliação séria, uma vez que existem diversas habitações construídas nas proximidades, pertencentes a pessoas que gostam de vir passar o fim-de-semana às proximidades do Gerês.
Entre religiões diferentes
TH: Valdozende tem uma curiosa particularidade que é a de ser uma freguesia onde vivem pessoas com diferentes credos religiosos, existindo, nomeadamente, uma grande comunidade católica e uma grande comunidade evangélica. A coexistência quotidiana é pacífica?
PB: A convivência é muito sã, são pessoas muito unidas, participando bem uns com os outros. Acho que, no seu dia-a-dia, não reparam nessas diferenças sequer. Por exemplo, Valdozende dispõem de um Centro Social, pertencente à comunidade evangélica, e que serve todas as crianças e idosos da freguesia. Por isso é que eu digo que são comunidades muito unidas e que fomentam um espírito muito saudável.
TH: A freguesia de Valdozende dispõe também de duas associações, a Associação Cultural Desportiva e Recreativa do lugar do Assento e a Associação Cultural e Recreativa de Paradela. Acha que o dinamismo desta freguesia também passa, em grande parte, pelo trabalho desenvolvido por estas duas colectividades?
PB: São, sem dúvida, dois organismos muito dinâmicos, cooperando também positivamente um com o outro. No fundo, acabam por ser duas entidades fundamentais na ajuda ao desenvolvimento cultural da freguesia.
"Doze anos são mais do que suficientes para fazer muita coisa"
TH: Concorda com a lei que limita o número de mandatos possíveis por cada presidente de Junta?
PB: Concordo. Acho que é necessário dar-se oportunidades a outras pessoas, para que possam mostrar as suas ideias e pô-las em prática. Penso que 12 anos são mais do que suficientes para mostrar e fazer muita coisa, são suficientes para se traçar um rumo e levar a cabo um projecto de desenvolvimento de uma freguesia.
TH: Tendo em conta a forte dependência de que sofrem as Juntas de Freguesia, face às Câmaras Municipais, acha que faz sentido a existência deste órgão autárquico?
PB: Eu entendo que sim. Se não forem as Juntas de Freguesia a pressionar as Câmaras Municipais torna-se mais difícil desenvolver uma determinada área de um qualquer concelho. Ninguém conhece melhor as carências de uma freguesia que os dirigentes da Junta de Freguesia ou o povo local.
TH: Deveriam, então, os poderes dos presidentes de Junta serem reforçados?
PB: Sem dúvida. Se os dirigentes de uma determinada Junta de Freguesia detivessem mais poderes ou, pelo menos, mais recursos financeiros, poderiam fomentar e desenvolver outro tipo de ideias. Assim, estão bastante limitados, esperando pelos que as Câmaras Municipais possam fazer.
Reduzir altos ordenados
TH: Se fosse presidente de Câmara, qual seria a primeira medida que tomaria para o desenvolvimento do concelho?
PB: Penso que, no contexto em que estamos inseridos, começaria por reduzir aos ordenados mais altos dos detentores de cargos públicos, colocando também as pessoas a desenvolverem um trabalho mais eficaz. Tendo em conta as características do concelho, tentaria também desenvolver um projecto de expansão turística bem delineado.
TH: E se fosse primeiro-ministro, qual seria a prioridade?
PB: Seria a mesma. Contenção da despesa, em primeiro lugar. Essa passaria, acima de tudo, pela redução dos ordenados mais elevados, desde os deputados aos detentores de importantes cargos públicos.
Fonte: Jornal “Terras do Homem” (9-06-2010)
1 comentário:
Com o privilégio de ser visitante desta freguesia desde a minha infância,acredito que a mesma vá sofrer alterações pela positiva, dado conhcer o dinamismo e seriedade do actual Presidente. Sou um cidadão isento de partidos ou de interesses,já que habito no Porto
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