Corporação é querida entre a população
A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Terras de Bouro é uma instituição que «é querida» da população, assegura o vice-presidente da direcção e antigo comandante, Carlos Pereira. Prova disto mesmo é o facto da associação contar com «cerca de 800 sócios», salienta o tesoureiro e fundador da instituição, José Martins.
Aqueles dois responsáveis da direcção falaram ao Diário do Minho na ausência de Gil Rodrigues, o presidente da direcção.
Carlos Pereira refere que, actualmente, estas associações têm características que as diferenciam de todas as outras entidades do movimento associativo.
No passado não foi assim, pois em muitos locais eram estas as associações que dinamizavam as localidades em termos culturais e desportivos.
Hoje, estas associações servem na maior parte das vezes como suporte financeiro e de gestão logística a um corpo de bombeiros. «A nossa associação é querida à população porque esta vê que trabalhamos para conseguirmos ter uma corporação de bombeiros cada vez melhor», frisou o vice-presidente. José Martins refere que se nota que as pessoas em Terras de Bouro «desejam ser sócios dos bombeiros». «Nós até nem somos exemplo a seguir na angariação de sócios porque são as próprias pessoas que vêm ter connosco para se fazerem associadas», refere o tesoureiro.
De facto, juntar 800 sócios é algo significativo no contexto social de um concelho do interior desertificado. «Fica apenas a dever-se ao desejo que as pessoas sentem em estar ligadas à corporação de bombeiros até pelos benefícios que auferem nos serviços de transporte e em questões de saúde», indicou José Martins.
O vice-presidente alertou, neste aspecto, para o facto de se se alterar muito o transporte de doentes em ambulâncias e as corporações de bombeiros forem colocadas de parte, então as pessoas já não vão querer continuar a ser sócias. «Com isto, as associações humanitárias não terão uma importante fonte de receita e, por conseguinte, vão deixar de poder apoiar as corporações de bombeiros a que dão suporte.
Este tipo de decisões tem efeito dominó: quando se mexe a montante os efeitos fazem-se sentir a jusante. Os nossos governantes não podem pensar apenas casuisticamente e decidir parcelarmente para tentarem poupar uns tostões, sendo que colocam em questão todo um sistema que importa a milhões», asseverou.
Com custo, as direcções têm conseguido nos últimos anos manter a vida da associação estável. «Só com a generosidade da população e de algumas entidades, que valorizam o trabalho que desempenhamos, é possível equilibrar as contas», indicou o tesoureiro.
Por sinal, as principais fontes de financiamento dos bombeiros são a Câmara Municipal e a Irmandade de São Bento da Porta Aberta. Antes de serem fundados, o concelho de Terras de Bouro era área de intervenção de diversas corporações vizinhas. Uma parte estava afecta à corporação dos Bombeiros Voluntários de Vila Verde e outra aos Bombeiros Voluntários de Amares, sendo apoiados ainda pelos Voluntários de Vieira do Minho. Nessa altura, os incêndios florestais eram muitas vezes resolvidos pelos meios dos serviços florestais e eram os próprios populares que tentavam resolver as situações.
«Há 25 anos, um punhado de pessoas – o engenheiro Fausto, o José Martins, o Duarte Santos, o António Simões, o Sousa e o Amaro – tentaram formar um projecto que resultou nesta corporação. Houve muitas dificuldades pois, de início, não se pensava que fosse possível criar em Terras de Bouro uma instituição como esta, que implicava despesas e investimentos avultados. Certo é que esses homens avançaram com apoio de pessoas ligadas a estruturas distritais e criaram os bombeiros», contou Carlos Pereira.
De início, os Bombeiros Voluntários de Terras de Bouro começaram em instalações cedidas pela Câmara, num pequeno espaço do Centro Cultural. Foi aí que recolheu a primeira equipa de oito homens comandados por Evaristo Teixeira de Oliveira. «Lembro-me que, em 1988, pouco tempo depois da criação da corporação, esta foi colocada à prova com o grande incêndio do Gerês, considerado uma catástrofe nacional e que muitos consideraram que tinha sido o fim do parque nacional», afirmou Carlos Pereira.
Com tudo o que é de mais rudimentar estes homens foram os primeiros a dar resposta às necessidades que foram surgindo. «Só com a tenacidade dos fundadores foi possível erguer esta associação», acrescentou.
Hoje comando e direcção são uma equipa unida e que trabalha pelos mesmos objectivos, garantem ambos.
Quartel vai ser remodelado
O quartel daquela corporação foi idealizado numa perspectiva e hoje já não responde minimamente às necessidades do corpo activo. Não está adaptado à realidade actual, sobretudo para dar resposta às necessidades de um corpo de bombeiros feminino que, na altura em que foi edificado, não existia.
Os elementos da direcção referem que, no projecto foi sobrevalorizada a componente associativa e, por conseguinte, subvalorizada a dimensão operativa o que faz com que o corpo activo ocupe apenas uma parte diminuta de todas as instalações.
«Estamos atentos aos apoios comunitários aos quais vamo-nos candidatar para uma remodelação das instalações», indicou José Martins.
«O edifício até é grande mas tem muitos espaços que não são utilizados porque não oferecem condições», referiu Carlos Pereira. A intervenção está a ser pensada para depois ser passada a projecto, com o apoio de técnicos da Câmara de Terras de Bouro. O objectivo principal é conseguir mais espaço para o corpo activo dos bombeiros.
Fonte: Jornal “Diário do Minho”