quinta-feira, 13 de maio de 2010

Vilarinho das Furnas, um filme de António de Campos

Vilarinho das Furnas (1971) é um documentário de longa-metragem de António Campos, em 16 mm. É a sua segunda obra na prática cinematográfica da antropologia visual, realizada na tradição de Robert Flaherty e de Jean Rouch. É um filme etnográfico, que marca o Novo Cinema português em que, particularmente no documentário, a prática da etnografia de salvaguarda é uma das preocupações dominantes.
FONTE: WIKIPÉDIA

Sinopse:
Protelada durante alguns anos a sentença de morte que lhe for a ditada, Vilarinho das Furnas viu, em 1969, chegar a hora da sua destruição, pela construção de uma barragem.
Aconchegada no sopé da Serra Amarela, e por isso defendida das nortadas frias de Inverno, aninhava-se entre o Rio Homem e a Ribeira do Eido, que lhe irrigavam os campos. Remetida para um sistema de vida comunitária pastoril, único possível para vencer as deficientes condições de subsistência que o local oferecia, Vilarinho das Furnas desapareceu sobre o manto das águas frias e límpidas que, durante, tantos anos, lhe deram vida.
Uma homenagem ao povo, por quem acompanhou os seus doze últimos meses de existência.
Observações:
"Vilarinho das Furnas" não é o primeiro trabalho de fôlego de António Campos (lembremos que "Almadraba Atuneira" o antecede de um bom par de anos) mas é aquele que impõe o nome do seu realizador como personalidade singular do documentarismo português dos anos 60-70.
(...) O mais notável deste filme é a dissociação operada entre a banda de imagem e banda de som, num jogo de autonomias que mutuamente se cavalgam , se completam, se contraditam. Campos recolhe, testemunha e, na secura do seu procedimento (nenhum comentário pessoal acontece), na disponibilidade de ver e ouvir, faz-se solidário. (...)
Tecnicamente precário, "Vilarinho das Furnas" é um exemplo de ética face ao real, que não sai ferido, em essência, pelo facto de ter escassas condições de produção. Talvez seja mesmo o contrário. Na sua rudeza ele assume-se vertical num tempo em que o restante documentarismo luso era, sobretudo, polido, bem acabado, vazio."

Fonte: Jorge Leitão de Ramos, in Dicionário do Cinema Português 1962-1988, ed. Caminho, 1989

Depoimento de António Campos e excerto do filme Vilarinho das Furnas, de António Campos, 1971.

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