Tem-se ouvido falar bastante do Novo Acordo ortográfico, criticando-o, dizendo-se que não nos devemos submeter a nenhum país de língua oficial portuguesa, que somos o país detentor da “paternidade” da Língua e são os outros que se nos devem submeter. Mas, por que temos nós tanto medo de algo que até nos vai facilitar a vida? Se existem já algumas publicações de imprensa que já o adoptaram, qual o motivo de ainda termos imprensa que, como os irredutíveis gauleses, “resiste hoje e sempre ao invasor”. E, como diz o povo, primeiro estranha-se, depois entranha-se e, dessa forma, passará a fazer parte do nosso quotidiano. Em suma, continuaremos a falar como sempre fizemos e apenas nos casos que a seguir se apresentam, aproximaremos a nossa escrita à fonética que usamos na produção oral da língua.
O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, datado de 1990, além de prever a unificação ortográfica entre vários países de língua oficial portuguesa, retoma as alterações efectuadas em anteriores acordos, convenções e leis promulgadas, nomeadamente o acordo de 1931, a Convenção Ortográfica de 1943, a Convenção luso-brasileira de 1945 e as leis promulgadas em 1971, no Brasil, e em 1973, em Portugal, sanando-se, assim, 70% das divergências ortográficas existentes entre Portugal e Brasil.
O actual Acordo altera sobretudo os seguintes conteúdos: o uso da maiúscula e da minúscula, o uso da letra h, as consoantes mudas ou não articuladas, a acentuação gráfica nas palavras graves, a abolição do trema (no Brasil) e a hifenização. São também introduzidas as letras k, w, y no alfabeto português. Mas vejamos em que consistem as alterações:Alfabeto
O alfabeto português passa a ser constituído por 26 letras:
A a (á)
B b (bê)
C c (cê)
D d (dê)
E e (é)
F f (efe)
G g (gê ou guê)
H h (agá)
I i (i)
J j (jota)
K k (kapa ou cá)
L l (ele)
M m (eme)
N n (ene)
O o (ó)
P p (pê)
Q q (quê) R r (erre)
S s (esse)
T t (tê)
U u (u)
V v (vê)
W w (duplo Vê ou dâblio)
X x (xis)
Y y (i grego ou ípsilon)
Z z (zê)
As letras K, W, Y são usadas:
1. Em antropónimos originários de outras línguas e seus derivados:
Franklin, frankliniano; Kant, kantismo; Darwin, darwinismo;
Wagner, wagneriano; Byron, byroniano; Taylor, taylorista.
2. Em topónimos originários de outras línguas e seus derivados:
Kuwait, kuwaitiano; Malawi, malawiano
3. Em siglas e palavras adoptadas como unidades de medida a nível internacional:
K = potássio (de Kalium); W = oeste (de West); kg =quilograma; kw = kilowatt; www (World Wide Web)
Maiúsculas e Minúsculas
1. Passam a grafar-se com minúscula as seguintes palavras (excepto quando em início de frase):
janeiro, fevereiro, março ...primavera, verão, outono, inverno; norte, sul, este, oeste….
Mas mantém-se a maiúscula na abreviatura dos pontos cardeais e na designação de regiões:
N, S, E, NE
O Norte é muito mais verde do que o Sul.
Ele é um homem do Norte.
Passo sempre as férias no Sul do país.
2. Os nomes de templos, edifícios ou logradouros públicos (podendo opcionalmente escrever-se com maiúscula):
torre de Belém/ (ou Torre de Belém),
palácio de Queluz / (ou Palácio de Queluz),
avenida da Liberdade /(ou Avenida da Liberdade),
praça da Alegria/(ou Praça da Alegria)
3. As iniciais das palavras dos títulos das obras, excepto os nomes próprios neles contidos (podendo opcionalmente escrever-se com maiúscula):
A ilustre casa de Ramires /(ou A Ilustre Casa de Ramires),
O mundo em que vivi /(ou O Mundo em Que Vivi).
4. Os nomes que designam domínios do saber, cursos e disciplinas escolares (podendo opcionalmente escrever-se com maiúscula):
matemática (ou Matemática),
língua e cultura portuguesas /(ou Língua e Cultura Portuguesas)
5. Os nomes que designam formas de tratamento (podendo opcionalmente escrever-se com maiúscula):
Professor/ (ou Professor), bacharel/ (ou Bacharel), doutor/ (ou Doutor), cardeal/ (ou Cardeal) O hífen
Exceptuando as seguintes situações, o uso do hífen não é alterado.
1. Utiliza-se o hífen nas palavras formadas por prefixação ou recomposição quando:
- O segundo elemento da formação começa por h ou pela mesma vogal ou consoante com que termina o prefixo ou o pseudoprefixo:
anti-higiénico, contra-almirante, hiper-resistente
Excepto com o prefixo co-, que se aglutina com o segundo elemento, mesmo quando aquele começa por o:
coordenar, cooperação
- Nas formações com os prefixos circum- e pan- quando o segundo elemento começa por vogal, h, m ou n:
circum-murado, pan-africano, circum-navegação, pan-helénico
2. Não se utiliza o hífen nas palavras formadas por prefixação quando:
- O prefixo ou o pseudoprefixo termina em vogal e o segundo elemento começa com r ou s. Neste caso, estas consoantes dobram-se (como já acontecia com os termos técnicos e científicos):
antirreligioso, autosserviço, contrarrelógio, microssistema, minissaia, semisselvagem, ultrassónico
- O prefixo ou o pseudoprefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por vogal diferente daquela. Neste caso, as duas formas aglutinam-se, sem hífen (como já acontecia com os termos técnicos e científicos):
antiaéreo, aeroespacial, autoestrada, coautor, extraescolar
3. Não se utiliza o hífen na união da preposição de às formas monossilábicas do verbo haver:
hei de, hás de, há de, heis de, hão de
As consoantes mudas ou não articuladas
De acordo com o critério fonético, as consoantes mudas ou não articuladas são suprimidas em determinadas sequências:
1. No grupo consonântico cc:
colecionador, confecionar, direcional, lecionar, selecionamento
quando a consoante se pronuncia, mantém-se
faccioso, ficcional, friccionar
2. No grupo consonântico cç:
ação, coleção, direção, fração, injeção, reação
quando a consoante se pronuncia, mantém-se
convicção, ficção, sucção
3. No grupo consonântico ct:
ativar, ator, adjetivo, coletivo, correto, diretor, espetáculo, exato, letivo, objeto, refletir quando a consoante se pronuncia, mantém-se
bactéria, compacto, convicto, facto, intelectual, lácteo, néctar, noctívago, pacto, pictórico
4. No grupo consonântico pc:
dececionar, excecional, percecionismo, rececionista
quando a consoante se pronuncia, mantém-se
capcioso, egípcio, núpcias, opcional
5. No grupo consonântico pç:
aceção, adoção, conceção, deceção, receção quando a consoante se pronuncia, mantém-se
corrupção, erupção, interrupção, opção
6. No grupo consonântico pt:
adotar, batismal, ceticismo, ótica, otimismo, ótimo
quando a consoante se pronuncia, mantém-se
adepto, apto, eucalipto, helicóptero, inepto, rapto, repto
7. Quando, nas sequências interiores mpc, mpç e mpt, se eliminar o p, o m passa a n, escrevendo-se respectivamente nc, nç, nt, obedecendo a consabida regra ortográfica:
assuncionista, assunção, suntuoso
Dupla grafia
Estabelece-se a aceitação de dupla grafia dos numerosos vocábulos em que se verifica oscilação de pronúncia, ou seja, nos casos em que a norma culta do português padrão produz, para o mesmo vocábulo, uma pronúncia em que a consoante é articulada e outra pronúncia sem registo dessa consoante.
Exemplos:
cetro ou ceptro
dececionar ou decepcionar
infecioso ou infeccioso
inseticida ou insecticida
setor ou sector
Já antes de qualquer Acordo Ortográfico existiam, e existem, muitas palavras em português com a possibilidade de dupla grafia, sem que esse facto perturbasse ninguém, nem fosse tido como indicativo de falta de rigor linguístico. Sempre se disse e se escreveu, e se continuará a dizer e a escrever, por exemplo, loiça ou louça, loiro ou louro, toiro ou touro, cadáver ou cadavre, etc.
A acentuação
Mantêm-se todas as regras de acentuação anteriores, havendo apenas alterações nas situações que a seguir se discriminam:
1. Não se acentuam palavras como:
para (flexão de parar),
pelo (nome)
pelo (flexão de pelar)
Estas palavras deverão distinguir-se das respectivas homógrafas (para - preposição; pelo - contracção de per e lo;...) pelo contexto:
Por favor, para de gritar.
Vou para casa.
O meu cão tem o pelo tricolor.
Normalmente pelo o tomate para o refogado.
Ontem fui pelo caminho que me indicaste.
No entanto, mantém-se o acento circunflexo na forma pôde (3ª pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo do verbo poder), para se distinguir da forma pode (correspondente à 3ª pessoa do singular do presente do indicativo), e no infinitivo do verbo pôr, para se distinguir da preposição por.
No que se refere a dêmos (1ª pessoa do plural do presente do conjuntivo do verbo dar) pode escrever-se com ou sem acento.
2. Não se acentua graficamente o ditongo oi tónico das palavras paroxítonas (ou graves) à semelhança do que já acontecia com palavras como comboio ou dezoito:
boia, boina, heroico, jiboia, paranoico
3. Não se acentuam graficamente as formas da 3ª pessoa do plural do presente do indicativo ou, em alguns casos, do conjuntivo dos verbos dar, crer, ler e ver e seus derivados.
deem (ind. e conj.), creem (ind.), veem (ind.)
4. Não se acentuam graficamente as formas verbais com u ou ui tónicos, precedidos de g ou q, uma vez que a vogal u é sempre pronunciada. Apazigúe, averigue, delinquis
Acentua-se apenas se a sequência ui não formar ditongo e a vogal tónica for i, como em arguí (1ª pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo).Conclusão
À laia de conclusão e subscrevendo a opinião veiculada pelo professor doutor Malaca Casteleiro, são, assim, claras e facilmente reconhecíveis as situações em que devemos alterar a nossa forma de escrever. Estas mudanças são superficiais e meramente gráficas, não acarretando a menor interferência semântica ou sintáctica no uso e ordenamento da nossa língua.
Para as crianças que ingressam atualmente na escola, este Acordo será facilitador de uma melhor ortografia. Para os adultos, será, com certeza, de fácil adoção. Refira-se que as alterações propostas neste novo Acordo Ortográfico de 1990 afetam cerca de 2% do léxico da língua.
Para saber mais:
- Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990
(texto do Acordo Ortográfico de 1990 disponível na Internet em www.portaldalinguaportuguesa.org)
- Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
(um espaço destinado ao esclarecimento de dúvidas sobre a língua portuguesa, nos endereços www.ciberduvidas.pt e www.ciberduvidas.com)
- Conversor ortográfico online da Porto Editora
(ferramenta de fácil utilização para converter textos para a nova ortografia, disponível em www.portoeditora.pt)
- Infopédia
(enciclopédia multimédia da Porto Editora, com acesso gratuito ao Dicionário de Língua Portuguesa, já com a nova grafia, disponível em www.infopedia.pt)
- Grande Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora
(obra que reflete de forma clara e exaustiva todas as mudanças descritas no Acordo Ortográfico de 1990)
- Guia Prático do Acordo Ortográfico da Porto Editora
(livro que dá a conhecer as palavras cuja grafia é alterada com a entrada em vigor do novo Acordo Ortográfico)
- lince
(ferramenta que converte o conteúdo de ficheiros de texto para a grafia resultante do novo Acordo Ortográfico; disponível no Portal da Língua Portuguesa em www.portaldalingua-portuguesa.org)
- Prontuário da Língua Portuguesa da Porto Editora
(livro que regista o antes e o depois da língua portuguesa tendo como referência o Acordo Ortográfico de 1990)
- Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa da Porto Editora
(obra muito importante para o esclarecimento de dúvidas levantadas pela aplicação do Acordo Ortográfico de 1990)
- Vocabulário Ortográfico do Português
(integrado no Portal da Língua Portuguesa e já adaptado ao novo Acordo Ortográfico, está disponível em www.portalda-linguaportuguesa.org).
Fonte: Terras do Homem, em 10-11-2011
O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, datado de 1990, além de prever a unificação ortográfica entre vários países de língua oficial portuguesa, retoma as alterações efectuadas em anteriores acordos, convenções e leis promulgadas, nomeadamente o acordo de 1931, a Convenção Ortográfica de 1943, a Convenção luso-brasileira de 1945 e as leis promulgadas em 1971, no Brasil, e em 1973, em Portugal, sanando-se, assim, 70% das divergências ortográficas existentes entre Portugal e Brasil.
O actual Acordo altera sobretudo os seguintes conteúdos: o uso da maiúscula e da minúscula, o uso da letra h, as consoantes mudas ou não articuladas, a acentuação gráfica nas palavras graves, a abolição do trema (no Brasil) e a hifenização. São também introduzidas as letras k, w, y no alfabeto português. Mas vejamos em que consistem as alterações:Alfabeto
O alfabeto português passa a ser constituído por 26 letras:
A a (á)
B b (bê)
C c (cê)
D d (dê)
E e (é)
F f (efe)
G g (gê ou guê)
H h (agá)
I i (i)
J j (jota)
K k (kapa ou cá)
L l (ele)
M m (eme)
N n (ene)
O o (ó)
P p (pê)
Q q (quê) R r (erre)
S s (esse)
T t (tê)
U u (u)
V v (vê)
W w (duplo Vê ou dâblio)
X x (xis)
Y y (i grego ou ípsilon)
Z z (zê)
As letras K, W, Y são usadas:
1. Em antropónimos originários de outras línguas e seus derivados:
Franklin, frankliniano; Kant, kantismo; Darwin, darwinismo;
Wagner, wagneriano; Byron, byroniano; Taylor, taylorista.
2. Em topónimos originários de outras línguas e seus derivados:
Kuwait, kuwaitiano; Malawi, malawiano
3. Em siglas e palavras adoptadas como unidades de medida a nível internacional:
K = potássio (de Kalium); W = oeste (de West); kg =quilograma; kw = kilowatt; www (World Wide Web)
Maiúsculas e Minúsculas
1. Passam a grafar-se com minúscula as seguintes palavras (excepto quando em início de frase):
janeiro, fevereiro, março ...primavera, verão, outono, inverno; norte, sul, este, oeste….
Mas mantém-se a maiúscula na abreviatura dos pontos cardeais e na designação de regiões:
N, S, E, NE
O Norte é muito mais verde do que o Sul.
Ele é um homem do Norte.
Passo sempre as férias no Sul do país.
2. Os nomes de templos, edifícios ou logradouros públicos (podendo opcionalmente escrever-se com maiúscula):
torre de Belém/ (ou Torre de Belém),
palácio de Queluz / (ou Palácio de Queluz),
avenida da Liberdade /(ou Avenida da Liberdade),
praça da Alegria/(ou Praça da Alegria)
3. As iniciais das palavras dos títulos das obras, excepto os nomes próprios neles contidos (podendo opcionalmente escrever-se com maiúscula):
A ilustre casa de Ramires /(ou A Ilustre Casa de Ramires),
O mundo em que vivi /(ou O Mundo em Que Vivi).
4. Os nomes que designam domínios do saber, cursos e disciplinas escolares (podendo opcionalmente escrever-se com maiúscula):
matemática (ou Matemática),
língua e cultura portuguesas /(ou Língua e Cultura Portuguesas)
5. Os nomes que designam formas de tratamento (podendo opcionalmente escrever-se com maiúscula):
Professor/ (ou Professor), bacharel/ (ou Bacharel), doutor/ (ou Doutor), cardeal/ (ou Cardeal) O hífen
Exceptuando as seguintes situações, o uso do hífen não é alterado.
1. Utiliza-se o hífen nas palavras formadas por prefixação ou recomposição quando:
- O segundo elemento da formação começa por h ou pela mesma vogal ou consoante com que termina o prefixo ou o pseudoprefixo:
anti-higiénico, contra-almirante, hiper-resistente
Excepto com o prefixo co-, que se aglutina com o segundo elemento, mesmo quando aquele começa por o:
coordenar, cooperação
- Nas formações com os prefixos circum- e pan- quando o segundo elemento começa por vogal, h, m ou n:
circum-murado, pan-africano, circum-navegação, pan-helénico
2. Não se utiliza o hífen nas palavras formadas por prefixação quando:
- O prefixo ou o pseudoprefixo termina em vogal e o segundo elemento começa com r ou s. Neste caso, estas consoantes dobram-se (como já acontecia com os termos técnicos e científicos):
antirreligioso, autosserviço, contrarrelógio, microssistema, minissaia, semisselvagem, ultrassónico
- O prefixo ou o pseudoprefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por vogal diferente daquela. Neste caso, as duas formas aglutinam-se, sem hífen (como já acontecia com os termos técnicos e científicos):
antiaéreo, aeroespacial, autoestrada, coautor, extraescolar
3. Não se utiliza o hífen na união da preposição de às formas monossilábicas do verbo haver:
hei de, hás de, há de, heis de, hão de
As consoantes mudas ou não articuladas
De acordo com o critério fonético, as consoantes mudas ou não articuladas são suprimidas em determinadas sequências:
1. No grupo consonântico cc:
colecionador, confecionar, direcional, lecionar, selecionamento
quando a consoante se pronuncia, mantém-se
faccioso, ficcional, friccionar
2. No grupo consonântico cç:
ação, coleção, direção, fração, injeção, reação
quando a consoante se pronuncia, mantém-se
convicção, ficção, sucção
3. No grupo consonântico ct:
ativar, ator, adjetivo, coletivo, correto, diretor, espetáculo, exato, letivo, objeto, refletir quando a consoante se pronuncia, mantém-se
bactéria, compacto, convicto, facto, intelectual, lácteo, néctar, noctívago, pacto, pictórico
4. No grupo consonântico pc:
dececionar, excecional, percecionismo, rececionista
quando a consoante se pronuncia, mantém-se
capcioso, egípcio, núpcias, opcional
5. No grupo consonântico pç:
aceção, adoção, conceção, deceção, receção quando a consoante se pronuncia, mantém-se
corrupção, erupção, interrupção, opção
6. No grupo consonântico pt:
adotar, batismal, ceticismo, ótica, otimismo, ótimo
quando a consoante se pronuncia, mantém-se
adepto, apto, eucalipto, helicóptero, inepto, rapto, repto
7. Quando, nas sequências interiores mpc, mpç e mpt, se eliminar o p, o m passa a n, escrevendo-se respectivamente nc, nç, nt, obedecendo a consabida regra ortográfica:
assuncionista, assunção, suntuoso
Dupla grafia
Estabelece-se a aceitação de dupla grafia dos numerosos vocábulos em que se verifica oscilação de pronúncia, ou seja, nos casos em que a norma culta do português padrão produz, para o mesmo vocábulo, uma pronúncia em que a consoante é articulada e outra pronúncia sem registo dessa consoante.
Exemplos:
cetro ou ceptro
dececionar ou decepcionar
infecioso ou infeccioso
inseticida ou insecticida
setor ou sector
Já antes de qualquer Acordo Ortográfico existiam, e existem, muitas palavras em português com a possibilidade de dupla grafia, sem que esse facto perturbasse ninguém, nem fosse tido como indicativo de falta de rigor linguístico. Sempre se disse e se escreveu, e se continuará a dizer e a escrever, por exemplo, loiça ou louça, loiro ou louro, toiro ou touro, cadáver ou cadavre, etc.
A acentuação
Mantêm-se todas as regras de acentuação anteriores, havendo apenas alterações nas situações que a seguir se discriminam:
1. Não se acentuam palavras como:
para (flexão de parar),
pelo (nome)
pelo (flexão de pelar)
Estas palavras deverão distinguir-se das respectivas homógrafas (para - preposição; pelo - contracção de per e lo;...) pelo contexto:
Por favor, para de gritar.
Vou para casa.
O meu cão tem o pelo tricolor.
Normalmente pelo o tomate para o refogado.
Ontem fui pelo caminho que me indicaste.
No entanto, mantém-se o acento circunflexo na forma pôde (3ª pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo do verbo poder), para se distinguir da forma pode (correspondente à 3ª pessoa do singular do presente do indicativo), e no infinitivo do verbo pôr, para se distinguir da preposição por.
No que se refere a dêmos (1ª pessoa do plural do presente do conjuntivo do verbo dar) pode escrever-se com ou sem acento.
2. Não se acentua graficamente o ditongo oi tónico das palavras paroxítonas (ou graves) à semelhança do que já acontecia com palavras como comboio ou dezoito:
boia, boina, heroico, jiboia, paranoico
3. Não se acentuam graficamente as formas da 3ª pessoa do plural do presente do indicativo ou, em alguns casos, do conjuntivo dos verbos dar, crer, ler e ver e seus derivados.
deem (ind. e conj.), creem (ind.), veem (ind.)
4. Não se acentuam graficamente as formas verbais com u ou ui tónicos, precedidos de g ou q, uma vez que a vogal u é sempre pronunciada. Apazigúe, averigue, delinquis
Acentua-se apenas se a sequência ui não formar ditongo e a vogal tónica for i, como em arguí (1ª pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo).Conclusão
À laia de conclusão e subscrevendo a opinião veiculada pelo professor doutor Malaca Casteleiro, são, assim, claras e facilmente reconhecíveis as situações em que devemos alterar a nossa forma de escrever. Estas mudanças são superficiais e meramente gráficas, não acarretando a menor interferência semântica ou sintáctica no uso e ordenamento da nossa língua.
Para as crianças que ingressam atualmente na escola, este Acordo será facilitador de uma melhor ortografia. Para os adultos, será, com certeza, de fácil adoção. Refira-se que as alterações propostas neste novo Acordo Ortográfico de 1990 afetam cerca de 2% do léxico da língua.
Para saber mais:
- Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990
(texto do Acordo Ortográfico de 1990 disponível na Internet em www.portaldalinguaportuguesa.org)
- Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
(um espaço destinado ao esclarecimento de dúvidas sobre a língua portuguesa, nos endereços www.ciberduvidas.pt e www.ciberduvidas.com)
- Conversor ortográfico online da Porto Editora
(ferramenta de fácil utilização para converter textos para a nova ortografia, disponível em www.portoeditora.pt)
- Infopédia
(enciclopédia multimédia da Porto Editora, com acesso gratuito ao Dicionário de Língua Portuguesa, já com a nova grafia, disponível em www.infopedia.pt)
- Grande Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora
(obra que reflete de forma clara e exaustiva todas as mudanças descritas no Acordo Ortográfico de 1990)
- Guia Prático do Acordo Ortográfico da Porto Editora
(livro que dá a conhecer as palavras cuja grafia é alterada com a entrada em vigor do novo Acordo Ortográfico)
- lince
(ferramenta que converte o conteúdo de ficheiros de texto para a grafia resultante do novo Acordo Ortográfico; disponível no Portal da Língua Portuguesa em www.portaldalingua-portuguesa.org)
- Prontuário da Língua Portuguesa da Porto Editora
(livro que regista o antes e o depois da língua portuguesa tendo como referência o Acordo Ortográfico de 1990)
- Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa da Porto Editora
(obra muito importante para o esclarecimento de dúvidas levantadas pela aplicação do Acordo Ortográfico de 1990)
- Vocabulário Ortográfico do Português
(integrado no Portal da Língua Portuguesa e já adaptado ao novo Acordo Ortográfico, está disponível em www.portalda-linguaportuguesa.org).
Fonte: Terras do Homem, em 10-11-2011
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