Vivenda de Cristiano Ronaldo custou quatro milhões e está a atrair turistas lusos e espanhóis ao Gerês.
O relógio marca 14h30. Sábado à tarde. No cais de embarque do barco ‘Rio Caldo’, na marina do Gerês, em Terras de Bouro, um grupo de turistas vindo de Sesimbra espera ansioso pela partida. A viagem leva-os a ver, de perto, a casa milionária que Cristiano Ronaldo construiu em Valdosende, concelho de Terras de Bouro, na paradisíaca serra do Gerês. Os turistas são cada vez em maior número e vêm cada vez mais do outro lado da fronteira.
POTENCIA TURISMO
"Navegamos nas águas do rio Cávado e dentro de alguns minutos vamos passar em frente à casa de Cristiano Ronaldo", anuncia, ao microfone do barco, Manuel Rodrigues, um dos dois pilotos de serviço. Na cabina, o entusiasmo aumenta, com os turistas a tentarem ocupar o melhor lugar. O barco ‘Rio Caldo’, propriedade da Câmara Municipal de Terras de Bouro, que há 13 anos navega nas águas da albufeira da Caniçada, proporciona aos turistas, por apenas cinco euros, numa viagem de uma hora, ver de perto a luxuosa mansão construída pelo craque do Real Madrid.
A viagem segue rio abaixo e novamente Manuel abre o microfone. "À nossa esquerda está a casa de Jorge Mendes, empresário de Cristiano Ronaldo." "É aqui? É esta a casa do Cristiano?", pergunta, entusiasmada, Antónia Santos, costureira de 65 anos, de visita pela primeira vez ao Gerês. "Quando me disseram que ia ver a casa do Cristiano Ronaldo quis logo vir na viagem", diz, entre risos, a mulher, acotovelada numa das janelas da embarcação, com a máquina fotográfica já ligada, pronta para o grande momento da visita. Mais uma vez, o anúncio é feito ao microfone. "Vamos passar em frente à casa de Cristiano Ronaldo e parar para poderem tirar fotografias", anuncia o piloto do ‘Rio Caldo’.
"Quando cá esteve o Cristiano, fizeram-nos sinais para não pararmos em frente à casa. Mas as pessoas querem ver e fotografar, muitos vêm de propósito", contou o piloto Fernando Rocha, recordando uma viagem realizada no Verão. "Estávamos com um grupo de turistas vindos de Léon, em Espanha, com uma senhora que tinha gasto mais de dois mil euros para trazer os netos a verem de perto a casa."
PASSEIO DE FAMÍLIAS
Marinela Carreira, 63 anos, viajou com a mãe desde a Quinta do Conde, Sesimbra, e promete voltar, já no início do mês, com a restante família. "Esta viagem para ver a casa do Cristiano Ronaldo será ponto obrigatório. Adorei. Só é pena não dar para ver por dentro", lamentou a antiga telefonista, regressada há pouco tempo do Canadá, onde viveu nos últimos 30 anos.
À chegada do barco à marina, novo grupo espera para fazer a viagem. No sábado, o ‘Rio Caldo’ saiu três vezes e no domingo foram feitas duas viagens, sempre com a lotação máxima de 46 passageiros.
Na outra margem da marina, já na freguesia de Vilar da Veiga, Peter Fishbourne, um inglês de 53 anos que se apaixonou pelo Gerês há mais de 20 e por lá fez a sua vida, tem visto chegar ao seu stand de aluguer de barcos cada vez mais interessados em percorrer as águas do rio até à casa de Ronaldo. "Ao fim-de-semana, em especial, a maior parte dos barcos que alugamos são para pessoas que querem ir ver a casa", confidenciou o empresário à Domingo.
No curto período que Ronaldo e a namorada Irina passaram na vivenda de 600 metros quadrados, no Verão passado, houve uma verdadeira "explosão" no aluguer de barcos. "Quando saiu nos jornais que o Cristiano estava aqui com a família vieram muitas pessoas", revelou Peter Fishbourne. Ninguém se poupou. Em barcos que custam 35 euros à hora, com capacidade para cinco pessoas, ou em barcos de luxo, onde por 80 euros podem viajar oito pessoas, o importante era ver e fotografar o craque do Real Madrid.
Nos cafés, restaurantes e hotéis da região, a "loucura" Ronaldo não se faz sentir tão intensamente. "Vêm cá muitos jogadores, mas o Cristiano só o vemos passar de barco, não convive com ninguém", lamentou Belmira Loureiro, que há quase dois anos explora o bar da Marina. O mesmo sente Paulo Silva, dono da pensão Entre Pontes, em Valdosende. "Aqui não se nota mais procura. Só vemos os barcos a passar, muito mais do que antes", explicou.
Fonte: Correio da Manhã, em 28-10-2012