domingo, 4 de abril de 2010

Gerês Antigo: o cinematógrafo explorado pelo Sr. Marques

Os desbravadores da serra geresiana, com fé e coragem foram vencendo as adversidades, nomeadamente a falta de estrada que só foi concluída em 1855.
Em 1883 já existia o Hotel Maia
“Quanta tenacidade não foi precisa para levar a bom termo obras tão grandes se nos lembrarmos que os materiais vinham em carros de bois e que tirante a pedra, tudo o mais vinha de longe por ínvios caminhos, confiado aos honrados carreteiros de Gualtar e de S. Pedro d’Este. Ainda há uma dúzia de anos os descendentes destes bravos homens faziam as suas derradeiras viagens.
Por 1921 algo de novo se começou em matéria de construções. O Hotel Moderno, com sua fachada de cantaria, dispondo de apartamentos ou, para os designar oficialmente com o SNI, quartos com WC, amplos salões de cinema e dancing.
O buraco que se encheu da ganga dos entulhos, dá a mostrar a grande área que ocupava este Hotel bem mobilado e airoso.
Foi realmente uma grandeza que se transformou numa das misérias. Antes da sua construção, -isto é história antiga que só interessará aos saudosistas", o espaço era todo ocupado por uma série de edifícios como mostra a gravura, reproduzida de uma foto velha de 60 ou mais anos, esses edifícios pertenciam a um dos homens mais dinâmicos que labutaram nesta terra: refiro-me a Francisco Gomes Marques, fotógrafo, tipógrafo, cineasta, arquitecto, um Proteu, um artista que ufanamente se intitulava fotógrafo da Casa Real. Sobejava-lhe o mérito, mas escasseava-lhe a sorte. Em extensa fila, desde o Hotel Ribeiro até ao actual Termas, alinhavam-se esses prédios. Fotografia Nacional do referido, cujos clichés, hoje raríssimos, procura dos com afã pelos «carolas» em assuntos geresianos, acusam o dedo do artista.


O cinematógrafo explorado pelo Sr. Marques
Nesse labirinto de pedra e cal explorava o Sr. Marques o seu cinematógrafo, Com espaçosa sala, e a projecção era manual. Em 1916 vi ali filmes de Madge Kenedy e Dick Talmadge, acompanhados ao piano por D. Berta, filha do empresário. Esta Senhora, actualmente em África há 40 anos, vi-a com seu Marido há pouco.
O cinema era vasto e a energia eléctrica era gerada em turbina construída por este homem infatigável e hábil como poucos. Na tipografia imprimia os programas que mandava distribuir. Era uma distracção tão necessária aos doentes do fígado, e que a Televisão não substitui.”

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