A deputada do PCP, Carla Cruz, visitou hoje as instalações onde actualmente está a funcionar Centro de Saúde de Terras de Bouro e salientou que a estrutura não possui condições para prestar cuidados médicos à população. A parlamentar comunista salienta que o Centro está a funcionar em instalações provisórias há dois anos, quando as previsões iniciais apontavam para apenas três meses. Carla Cruz refere ainda que o edifício não tem ar condicionado, nem qualquer ponto de águia, o que faz com que se atinjam elevadas temperaturas no seu interior.
«Com este calor mais se acentua a desadequação deste espaço para a prestação dos cuidados de saúde», diz a deputada que considera que «esta situação está em linha com aquilo que o governo tem feito que é um desinvestimento no Serviço Nacional de Saúde». Para Carla Cruz, o caso de Terras de Bouro «contraria aquilo que o Ministro da Saúde tem vindo a dizer, ou seja, que os cuidados primários de saúde são uma prioridade para o Governo».
A representante do PCP considera que «é preciso concluir as obras com urgência e pôr cobro a esta situação. Vamos mais uma vez questionar o Governo sobre estas condições e procurar saber quando vão por fim a este problema».
No final da visita, Carla Cruz disse ainda que «este Governo tem cavado um fosso entre o interior e o litoral e, no distrito de Braga, Terras de Bouro tem sido fortemente penalizado.
Por sua vez, o médico do Centro de Saúde de Terras de Bouro, António Salgado, diz que o poder central «não parece muito preocupado com isto. Temos alertado para a situação, temos pedido celeridade nas obras do Centro de Saúde, mas não temos tido qualquer feedback». O clínico considera que «estamos perante uma situação de calamidade. Em qualquer país civilizado o espaço onde estamos a trabalhar teria sido encerrado pelas autoridades de saúde».
António Salgado acrescenta ainda que «muitos idosos já se sentiram mal com o calor e tiveram que ser evacuados». «Dois ou três meses, como estava previsto, ainda se aguenta esta adversidade, agora dois anos é demais. Está na hora de dizer basta».
O clínico abordou ainda a questão dos recursos humanos. «Há quatro anos havia oito médicos de família, agora temos um para uma população idosa de mais de 8.000 utentes», diz António Salgado que acrescenta que «todos os alertas parecem ‘cair em saco roto’, começo a pensar se estaremos na República Portuguesa ou num qualquer cantão. Os terrabourenses tem que começar a mobilizar-se e defender os seus direitos».
Fonte: O Amarense, em 8-07-2013
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