terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Pela produção biológica do porco e do cabrito

O Pavilhão municipal de Terras de Bouro acolheu a I Feira do Cabrito e do Porco ‘BioGerês’, um certame que, no entender dos promotores, “compreendeu duas componentes gastronómicas de grande importância para o desenvolvimento sócio-económico do concelho, como é a produção de cabrito e de porco”.
O porco esteve representado através da realização de uma matança tradicional e a preparação de toda a gastronomia tradicional envolvente, enquanto o cabrito foi assado nos restaurantes e vendido no Talho do Manuel para ser preparado em casa.
O evento serviu ainda para a Associação de Produtores Biológicos de Terras de Bouro, que trabalhou em parceria com a ATAHCA, dar a conhecer o seu trabalho e os seus valores patrimoniais e culturais que convidam ao turismo: “a importante, variada e rica vertente de sabores e saberes, assim como a dinâmica humana que preside aos destinos da associação no empreendimento, na educação, no comércio, na indústria e na solidariedade”.
No dia dedicado ao Cabrito, foi feita a apresentação do estudo sobre a qualidade da carne de cabrito de Terras de Bouro, desenvolvido em explorações pecuárias em modo de produção biológica. Este estudo foi desenvolvido por Preciosa Pires, professora da ESTG de Viana do Castelo, e por José Pedro Araújo, da ESA Ponte de Lima, com a colaboração da Associação de Produtores Biológicos de Terras de Bouro.
A broa de milho regional, o mel das terras do Gerês, o fumeiro, “que já vai ganhando alguma expressão no concelho”, os vinhos verdes dos agricultores locais, o porco e a organização da matança tradicional, com elaboração de pratos gastronómicos associados como os ‘bolachos de sarrabulho’, os rojões da sobrenta e do redenho, foram alguns dos produtos que fizeram as honras da casa e deram, aos presentes, a vontade de as conhecerem.
O objetivo passava, essencialmente, por “sensibilizar os visitantes, em geral, para as potencialidades existentes no concelho, valorizar as produções de qualidade, em detrimento da quantidade com a qual não se quer nem consegue competir”. “Valorizar a terra e o saber fazer que se vai perdendo, tentar cativar os mais jovens para as atividades relacionadas com a produção agrícola e a gastronomia local, aliadas ao turismo e ao saber receber das gentes do norte” era outra das metas a atingir, por entre as iniciativas que resultaram em fontes de rendimento para os pequenos e médios agricultores locais.
No entender dos responsáveis da associação promotora do certame, “a gastronomia é uma componente importante da oferta de um destino turístico, pois todos os turistas necessitam de se alimentar”. “Podendo tratar-se da principal motivação ou de uma simples necessidade, a gastronomia pode ter um elevado peso no consumo efetuado pelos turistas”, acreditam.
Segunda edição em perspetiva
A ‘BioGerês’ teve, este ano, a sua primeira edição “pelo que existem alguns aspetos a melhorar”, considera a organização, apontando “nomeadamente a promoção e divulgação” do evento, que se pretende “mais alargada”.
Sendo o objetivo deste evento a “promoção dos produtos locais de qualidade”, é intenção da Associação de Produtores Biológicos de Terras de Bouro “dar continuidade a um trabalho de incentivo à produção, ao aumento dos efetivos pecuários, a diversificação das atividades nas explorações agrícolas, à aproximação do produtor ao consumidor e criar sinergias que permitam uma maior participação dos agentes económicos locais”.
O concelho de Terras de Bouro reúne, no entender dos mentores da BioGerês, “condições ‘suis generis’ para a produção de pecuária em regime extensivo, nomeadamente caprinos, uma vez que se trata de uma região de montanha, local de excelência para a produção destes animais”. A produção pecuária em Terras de Bouro “não necessita de grandes adaptações, uma vez que é uma agricultura tradicional sem recursos a produção intensiva e massificada”.
Terras de Bouro é, ainda, segundo os responsáveis da associação “referenciada na produção de caprinos em modo de produção biológico a nível nacional, uma vez que reúne o maior número de produtores e o maior efetivo pecuário”.
“A produção pecuária nas regiões de montanha é uma aposta que pode resultar a curto e médio prazo, para os jovens que pretendem obter um rendimento do setor agrícola, uma vez que as orientações da comunidade europeia apontam para a valorização e apoio do desenvolvimento rural, o combate à desertificação e ao êxodo rural, o combate a sobrelotação das cidades e a falta de condições de vida e o aumento de desemprego, o que leva as pessoas a procurarem na terra uma nova oportunidade”, concluem.
Fonte: Terras do Homem, em 27-12-2011

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